“O cheiro que você ‘tá sentindo é do ralo”, diz o protagonista de “O cheiro do ralo” [em cartaz no Cine Praia Grande, diariamente às 20h30min; ingressos: R$ 4,00, R$ 2,00 (para estudantes com carteira e maiores de 60 anos); aos domingos, R$ 1,00 para todos], filme de Heitor Dhalia, com roteiro dele e de Marçal Aquino (“O invasor”) baseado na obra homônima de Lourenço Mutarelli. Diz e repete. E repete. E repete. Obsessivamente. Por todo o filme. Lourenço (Selton Mello) é um comprador de quinquilharias, antiguidades e visões de bundas (ele paga para ver bundas, foi o que eu quis dizer), outra obsessão sua – a propósito, é a bunda da garçonete a primeira coisa que se vê no filme, num shortinho curto (diminutivo dos diminutivos, redundância das redundâncias, meu texto, claro, que no filme não há lugares para “issos”), passos apressados até o local de trabalho.
É engraçado vê-lo vendo (redundância de novo?) a bunda da garçonete da lanchonete onde ele faz suas refeições ordinárias. É engraçado ver Lourenço Mutarelli de vermelho e de vigia. Quem o conhece, magro e careca, talvez estranhe. Ou não, pois provavelmente todo mundo já viu este filme antes de mim, não? Não?!?!?!?! Ta esperando o quê, rapá? É engraçado ver Xico Sá tentando vender um objeto a Lourenço (Senton Mello, não Mutarelli) e receber uma resposta negativa, um dos poucos “nãos” ouvidos dele ao longo do filme. Até agora me pergunto de onde é que o “maníaco” tirava (tanto) dinheiro para comprar tanta buginganga, já que não o vi vendendo nada ao longo da trama – vilge!, estraguei?.
É sem dúvidas um dos melhores filmes que o cinema brasileiro produziu nos últimos anos, assim como é Mutarelli um dos melhores escritores da literatura brasileira contemporânea. Ele mesmo parece um personagem criado por ele, se é que vocês me entendem – aqui, lembro de uma matéria numa Trip dazantigas, assinada por Ronaldo Bressane, que depois virou posfácio ou coisa que o valha de “O Natimorto” (DBA Editora). O título da matéria, cito de memória, perdão se ela falhar, era “O bife que desenha” e contava coisas mutaréllicas – como um personagem seu – como o litro e meio de café consumido diariamente (assim ele venceu uma úlcera), o vício em comprimidos tranqüilizantes (ou coisa que os valham) e o uso de algo para apoiar sua mão – que não para de tremer – enquanto desenha. Novamente: são citações de memória, não estou com a revista em mãos, nem com meu exemplar de “O Natimorto”.
A propósito, ouvi falar (ou sonhei?) que este mais recente mutaréllico título será filmado ainda em 2007. É coisa para me deixar ansioso, ou para deixar assim qualquer um que tenha lido qualquer coisa do homem ou visto “O cheiro do ralo”. Ou sentido. “Esse cheiro que você ‘tá sentindo… é do ralo”.

Zema, esse filme é chato, tem roteiro mal estruturado, peca na edição e o resto passa indiferente. O primeiro filme do Dhalia, ‘Nina’, esse sim merece atenção, tem bom roteiro do Marçal e é algo visualmente único no cinema brasileiro. Recomendo. E o Mutarelli só sabe escrever seus quadrinhos mesmo, os quais são igualmente recomendáveis.
gostei de nina. você não gosta da prosa do mutarelli? abraço!
Gosto não ;~
caso tenhas algo dele pra vender, avisa, risos. abraço!
enfim vc assistiu!!!>=)>gosto dessa tua mania de escrever sob o efeito da paixão. sim o filme é muito bom. gostei a valer. mas um dos melhores que o cinema brasileiro produziu nos últimos anos??? o que são os últimos anos pra vc? de 2006 pra cá?>respire fundo, cara…
sob o efeito da paixão e após entrar na sala de cinema já com a opinião pronta, risos. risos… se eu disser de 2005, vale? bom, na verdade gosto muito de cinema nacional e principalmente dessa retomada dele a partir do surgimento de nomes como mateus nachtergale (sei lá como se escreve este sobrenome), lázaro ramos e o próprio selton mello. se eu respirar mais fundo, o cheiro do ralo acabará por corroer-me as entranhas, risos… abração!
eu me lembro qdo entrei na ufma e uma estudante veterana me entrevistou pra um trabalho do curso. o tema era cinema brasileiro. lembro de ter dito que não confiava no cinema brasileiro.>blá! foi a partir de lavoura arcaica que percebi o quanto estava errada. >a desconfiança se transformou em orgulho.>=)
gi, somente neste feriadão passado fui assistir “lavourarcaica”. achei o filme bonito e tal, mas muito, muito lento. enfim, gostei mais ou menos, se é que você me entende. mas o cinema nacional, principalmente este mais recente (ou nem tanto), tem coisas muito boas. bons exemplos: crime delicado, amarelo manga, nina, baile perfumado, madame satã etc., etc., etc. e há coisas que ainda não vi, mas que sei boas: cão sem dono e o sobre cartola. abração!
Eu ouvi uma entrevista do Selton Mello para a Jovem Pan (sim, eu estava ouvindo Pânico!) na qual ele dizia que ele e os produtores haviam bancado o filme, porque devido ao tema, não conseguiram patrocínio. O filme ficou em cartaz aqui, mas perdi, infelizmente.>>Eu amo cinema brasileiro. Assisti ‘Saneamento Básico – O filme’, e adorei a leveza e descontração do filme. Aliás no Festival de Vídeo Universitário – REC, aqui na faculdade, fomos presenteados com a presença de Jorge Furtado, diretor do filme. O cara é foda! Falou sobre cinema nacional e mostrou como tem os pés no chão. Mais uma vez me certifiquei de que sou mesmo fã do nosso cinema.>>Quanto a ‘Lavoura Arcaica’, eu não consegui terminar de assistir. A fotografia é lindíssima, o filme acontece num clima teatral, porém a lentidão cortou-me a empolgação. Longo demais!
vi o nome dele como um dos realizadores (ou coisa que o valha) do filme nos créditos. que bom que eles levaram a idéia à frente. agora colhem os frutos de acreditar em boas idéias. ainda não vi saneamento básico. “lavourarcaica” é bonito, vale a pena (apesar da lentidão). tenta de novo! abraço!
Companheiro o texto sobre o filme ficou muito legal. Já tinha lido algo que vc mesmo escreveu sobre esse filme, quando no então comentou a atuação de Xico Sá. Tenho que ir assistir esse filme o mais rápido possível, valeu pela dica de divertimento para o domingo, vc sabe do que estou falando.>um abraço
nielsen: o filme fica em cartaz somente até amanhã, sexta, 14, já que o cine praia grande fechará durante o sábado e o domingo, por motivo de força maior. falte aula! abraço!