sarney e a maranhensidade

“maranhensidade”. assim – sem as aspas – o imortal josé sarney intitula seu artigo dominical em seu jornal, o estado do maranhão.

confesso nunca ter lido obra nenhuma de sarney e pelo que sempre ouço falar, creio não dever perder tempo. tanta coisa para ler, a vida é curta, meus caros. confesso também não ser leitor costumeiro de seus artigos, seja no jornal maranhense, seja na folha de são paulo. a propósito: o mesmo artigo publicado em um é reproduzido no outro?

seu texto de domingo (27.jan.2008) é repetitivo e, portanto, cansativo. cita figuras do naipe de gilberto freyre – é com “y”, viu, seu sarney? –, pe. antonio vieira e simão estácio da silveira, o que não o livra dos adjetivos que ora lhe dou.

“maranhensidade”, o texto de sarney, é a amplificação do eco do coro de descontentes provincianos. notem: os que levantam a voz (ou a pena) para discordar da maranhensidade – no fundo, também um jeito novo de gerir a cultura, e mais, suas verbas – são os que já não têm as mesmas facilidades de outrora, quando a cultura era enxergada tão somente como departamento de marketing de sucessivas administrações e artistas não passavam de bobos da corte, apenas animando bailes palacianos e micaretas sistêmicas, cujos únicos critérios eram o coleguismo, o clientelismo e o apadrinhamento político.

não entrarei no mérito da questão, nem elencarei feitos de pouco mais de ano da atual gestão da secretaria de estado da cultura do maranhão, encabeçada pelo digníssimo secretário joãozinho ribeiro. poderia até mesmo resumir o fato, com a seguinte sentença: se “maranhensidade” incomoda tanto sarney e seus asseclas, deve ser coisa que preste.

ou então o homem perdeu as estribeiras ao descobrir que já não é mais o bigode mais famoso do maranhão: o sucesso da banda do bigode (encontro de amigos para um carnaval diferente no bar homônimo, no renascença; sem recursos públicos, acrescente-se) mostrou o contrário.

talvez o bloco da bandida seja melhor que a tal “maranhensidade”. resta saber a que bandida sarney se refere. deve entender muito de “maranhensidade” um homem que se elegeu senador pelo amapá.

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o artigo de sarney pode ser lido a partir deste link (acesso exclusivo para assinantes do jornal o estado do maranhão).

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a imagem que ilustra este post, eu peguei aqui.

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sábado tem mais banda do bigode. a gente avisa por aqui.

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sobre o assunto, confira também os textos “maranhensidade e bandalheira” (editorial, pág. 2) e “rabugento” (informe jp, pág. 3), na edição de hoje do jornal pequeno (acesso livre, sem senha e/ou assinatura)

13 respostas para “sarney e a maranhensidade”

  1. Não li a coluna do Sarney, nem precisaria. Pelo artigo do Zema dá para adivinhar mais esta patacoada do senador do Amapá. Ele, que se diz amante do Maranhão, há mais de 40 anos vem sabotando a dignidade do seu povo. Ademais, Sarney já traz na testa os seus estrupícios literários, prefaciados pela inveja e pela ganância.(Cesar Teixeira – poeta e compositor)

  2. Alguém me explica, então: nos dias atuais em que vivemos sob o signo da “libertação” – com aspas, parênteses, colchetes e tudo mais que se possa colocar nessa libertação que ainda não vi e não entendi de que é – só é maranhense quem é do PDT??!! Ah, acho que não basta ser do PDT, não. Tem que ser daquele velho PDT. Os modernos que gostam do Tadeu (eu, por exemplo, admiro muito nosso prefeito)também não são maranhenses. Ou são?! Ah, sem dinheiro pra nos mandar pra Itália, vamos então pro Piauí, comprar um bode. hahahaha“Saúde e Paz”, caro Zema.

  3. Zema, infelizmente pelo texto não dá para saber o que Sarney disse, o que tu achas, nem o que seria a tal “maranhensidade”. A mim isso parece um rótulo que pretende indicar a mudança na concepção de cultura, a passagem que estamos assistindo da idendiade forjada pelos intelectuais da academia de letras em torno da idéia de Atenas Brasileira e da fundação francesa para outra em que a cultura é identificada como popular. a questão toda é que essa transição está sendo feita sob a égide da mídia e da mercantilização. Nesse sentido Sarney deve estar é com ciúme, pois o campo em que a disputa está se dando e a finalidade é o mesmo, não vejo muita diferença. Esse papo todo de “maranhensidade”, com aspas ou sem aspas é de um conservadorismo atroz. Mas aí meu velho, tem de discutir na história os momentos em que essa discussão apareceu e as formas de encamihamento encontradas. vocês não estão inovando nada com esse termo, apenas estão dando sequência a uma trilha antiga, que vem lá do séc. XIX. Um abraçoFlávio Reis

  4. flávio, querido: no fundo, maranhensidade tenta traduzir uma idéia de pertencimento, de valorização do sentimento de ser maranhense, mas não necessariamente com xenofobia, como querem fazer crer alguns. é uma tentativa de dizer, principalmente para a turma mais jovem, tão e só acostumada a micaretas, abadás e caralhos de asas dos forrós da vida, que aqui também existem o tambor de crioula, o coco, o baralho e toda uma diversidade que eles podem até não gostar, mas, para não gostar, precisam conhecer (antes que digam “mas tu não conheces e não gostas da literatura de sarney”, respondo que “se sarney consegue ser tão monótono em um textinho de capa d’o estado do maranhão, imagine num romance “volumoso””). talvez não haja diferença entre “do maranhão” e “maranhensidade”, do ponto de vista da festa em si: são os mesmos grupos e artistas que se apresentam, com a diferença que este ou aquele não se apresentam mais ou menos pela altura do grito que dão, pelo grau de amizade que tem com este ou aquele “padrinho”. muito me espanta um homem “ocupado” como seu sarney gastar tempo e tinta com coisa pouca (como ele acredita ser o carnaval da maranhensidade). sarney diz, em seu artigo, que o bloco da bandida é melhor que o carnaval da maranhensidade; o mesmo bloco da bandida é usado por seu jornal para “atacar” a secretaria de segurança cidadã, ou seja, é bom quando é conveniente que seja bom. a este que aqui escreve, parece apenas que, mais uma vez, sarney apenas atendeu a um apelo de filhinha mimada em seu artigo. grande abraço!

  5. To adorando esse debate. (Minha mono agora sai sem medo de ser feliz!)continuem debatendo, meu povo! (por enquanto nao coloco aqui meus pontos de vista, até pq tô fazendo da maranhensidade um objeto de estudo)e zema, te prepara pra estar nos anexos da dita cuja…

  6. Meu caro compatriota, leio os artigos deste infâme senador para conhecer os pensamentos do inimigo n° 1 do Estado e parece que a cada dia este velho senador, parece temer o fim do apadrinhamento cultural e administrativo no setor estadual. Já não bastasse ele defender Lobão e seu filho todo dia.

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