Sempre serei suspeito ao emitir qualquer opinião sobre o Clube do Choro Recebe, afinal, sou o assessor de imprensa do projeto. Tarefa, aliás, fácil: dizer que é bom o que é realmente bom somada ao meu entusiasmo com iniciativas dessa natureza, moleza. O grande tr(i)unfo dos saraus semanais, a meu ver, são as surpresas que cada um guarda. Em resumo, é o seguinte: se você perdeu sábado, sábado que vem não será igual ao que passou. Nenhum sábado é igual ao outro. E isso não se dá apenas por mudarem os grupos anfitriões, convidados e canjeiros. Há algo mágico, inexplicável mesmo.
Ontem (9), pela primeira vez, o Choro Pungado apresentou-se inteiro: João Neto (flauta), Luiz Cláudio (percussão), Luiz Jr. (violões de seis e sete cordas), Robertinho Chinês (bandolim e cavaquinho) e Rui Mário (sanfona). Explico: desde que formado, o grupo que mescla choro aos ritmos da cultura popular do Maranhão, por problema de agendas das feras que o compõem, sempre se apresentava, no máximo, como um quarteto. Entre composições próprias, choros clássicos – Jacob, Pixinguinha, Nazareth etc. – baião e tango (o Libertango de Piazzolla), um set memorável.
Depois era a vez do Criolina. Com proposta parecida com a do grupo anfitrião, Alê Muniz e Luciana Simões vêm construindo sua trajetória liquidificando influências. O “quando eu penso no futuro não esqueço do passado” de Paulinho da Viola: um pé na tradição, outro na modernidade, tambor de crioula com rock’n roll, bumba-meu-boi com jazz, blues com “brega”, Maranhão com mundo. No repertório, gotas de Criolina, seu homônimo disco de estréia, João Bosco, Chico Buarque, Josias Sobrinho, sambolero e o gingado da pequena e desinibida Emília (filha-bonequinha de Raquel Noronha), que subiu ao palco e dançou em Veneno, um dos hits d’Alê/Lu.
Simpatia. Energia. Vibração. Alegria. Alê Muniz e Luciana Simões podem ser traduzidos – em parte: se você perdeu, este texto não chega perto do que rolou ontem, é sério! – por estas palavras. Extremamente carinhosos e generosos com o Clube do Choro Recebe, agradeceram o convite. “Que é isso, nós é que agradecemos”, disse-lhes depois. Antes, no palco, Alê soltou: “Eu ‘tava pela Praia Grande quando um amigo me convidou para participar. Disse que o projeto era bacana, mas eu não sabia que era tão legal assim. Valeu, Zema!”. De minha mesa fiz-lhe um sinal de positivo. Ok, nós é que agradecemos, eu repetiria.
Com tanta porcaria que se ouve por aí, Criolina é solvente para higienização de ouvidos mal-educados. Somados ao Choro Pungado, então… Se sete é conta de mentiroso, como somos acostumados a ouvir por aí, digo-lhes uma verdade: a soma de duo + quinteto foi das melhores coisas que já vi no palco do Chico Canhoto. Que, aliás, ontem, ficou no meio do salão, para lembrar uma roda de tambor de crioula. Mas, como disse no início, nenhum sábado é igual a outro.
No próximo, aviso-lhes em segunda mão, que Ricarte já deu minutos antes, logo na abertura do Chorinhos e Chorões especial de dia dos pais (pô, Ricarte, mandar de saída Naquela mesa foi matador: meus olhos se encheram d’água e quase não consigo terminar esse texto…): sábado que vem (16), o Instrumental Pixinguinha recebe Joãozinho Ribeiro. Mais, digo depois.

Realmente Zema!!! sabado foi outro dos muitas apresentações que marcaram pela qualidade. Grande abraço
e sábado que vem promete. abração!