Alceu tem o céu no nome. Talvez daí sua obsessão por “azuis”. Abaixo, Tribuna Cultural, Tribuna do Nordeste de hoje.
A CIRANDA COLORIDA (DE AZUL) DE ALCEU
Pernambucano rebobina faixas menos conhecidas de seu vasto repertório em sua estreia na gravadora Biscoito Fino.
Alceu Valença não pertence ao grupo de compositores de sua geração que costuma lançar o mesmo disco todo ano – seja em coletâneas ou releituras de estúdio e/ou ao vivo –, embora o artista pernambucano rebobine sua obra (uma parte menos conhecida, é verdade) em Ciranda Mourisca [Biscoito Fino, 2009, R$ 28,90 no site da gravadora], trabalho que pode ser explicado e entendido pelo adjetivo “singelo”.
Não há músicas inéditas – a exceção é Ciranda da Rosa Vermelha, explico: já gravada por Elba Ramalho, inédita na voz do compositor –, o artista pernambucano apresenta releituras de lados b de sua obra, algumas faixas nem tão obscuras. Não há a “tarde de um domingo azul” de sua famosa La belle de jour, mas esta parece ser a cor predileta do artista, seja no projeto gráfico – o pano que lhe cobre a cabeça –, seja nas letras – Chuva de cajus, Maracajá, Sino de ouro e Molhado de suor citam a palavra “azul” (ou seu plural) – embora outras cores também dêem o tom de Ciranda Mourisca.
A estreia de Alceu Valença na gravadora é leve, bonita e intimista, com climas acústicos – seu pecado foi mexer na letra de Ciranda da Rosa Vermelha (que fecha o álbum) para retirar-lhe o tom feminino. A letra de Sino de ouro traduz a velha ciranda nova do artista: “Hoje eu queria fazer um poema/ com pena dos versos de chumbo que faço/ faria um poema voando tão leve/ um poema de éter, poema de pássaro// (…)/ Hoje eu faria um poema tão fino/ batendo no sino/ que achei num tesouro/ num sonho dourado/ um poema magia/ depois te daria/ meu sino de ouro”.


Sucesso ao seu e ao nosso Valença!>>>Abração>>>Nelson Oliveira
a você também. grande abraço!