SÁBADO ELA DÁ


Chabadabadá. Capa. Reprodução.

O gênio em Chabadabadá, novo blogue (O Carapuceiro continua) batizado por seu novo livro. Quem me avisou foi Aline Coelho, leitorassídua deste modesto espaço, que está estudando-o, junto a outros nomes da blogosfera maranhense, para seu TCC.

VITÓRIA DE ROSEANA SARNEY NO PRIMEIRO TURNO! O QUE FAZER?

Muita calma nesta hora.

Não deixemos o desgosto falar mais alto ou que obscureça nossa visão. Até porque o resultado político destas eleições no Maranhão não é exatamente uma catástrofe. E no Brasil muito menos, como quer fazer crer a imprensa empresarial.

Primeiramente, tenho um misto de dor (pela derrota eleitoral) e ânimo (pela vitória política). Algo como o que aconteceu em 1989, com a derrota eleitoral de Lula no segundo turno, mas a clara vitória política do PT, que pela primeira vez na história do Brasil conseguiu fazer a burguesia tremer, acumulando forças para o período subsequente.

Se “tudo que nasce traz consigo o germe da própria destruição”, o resultado da vitória eleitoral de Roseana demonstra com precisão que o germe se espalha. Uma vitória com uma diferença de 0,08% assinala claramente uma polarização política e social no estado. E, o que é melhor, uma polarização que substitui a liderança antiga (Jackson) por uma liderança renovada (Flávio Dino) no campo da oposição, de esquerda e de visão certamente mais ampla e mais consequente em relação aos rumos do Brasil.

O peso de Lula/Dilma foi fundamental para a vitória eleitoral da oligarquia. Esconder isso em nada contribuiria para clarificar a situação. Pois se Lula não conseguiu fazer Roseana crescer, no mínimo conseguiu segurar sua queda, que se dava de modo inexorável, mas a conta-gotas, evitando chegar a menos de 50%, o que levaria ao segundo turno. O certo é que a ausência de qualquer fatia de poder do lado de lá teria levado ao segundo turno. Quer dizer, qualquer um do lado de lá pode se sentir garantidor da vitória eleitoral de Roseana Sarney. Basta fazermos um pequeno exercício hipotético e imaginarmos um candidato como Monteiro – da ala sarnopetista que apoiou Roseana, com quase 43 mil votos, sendo o segundo mais votado do PT ¬– em qualquer outro lugar do tabuleiro, e teríamos um segundo turno. Se formos mais longe e imaginarmos a retirada de tudo que foi dado a Sarney – basicamente o apoio de Lula, da ala petista local liderada por Washington e do tempo de TV do PT dado ao PMDB – e a candidatura Roseana Sarney teria virado pó.

Tudo isso demonstra cabalmente, de um lado, o acerto da candidatura Flávio Dino e a vitória da dignidade de quem teve a coragem de levá-la até o fim. A estes meus mais sinceros parabéns. De outro lado, o erro (este, sim, catastrófico) dos que, no PT, conseguiram dar sobrevida à última oligarquia do Brasil. A casa-grande agradece. Pois conseguiram com isso manter em risco aquilo com que sempre se preocuparam (no discurso), a governabilidade no Congresso, o pretexto maior a que se apegaram pra ir com a oligarquia. Sim, porque qualquer governabilidade afiançada por Sarney estará sempre sob ameaça, refém da iniquidade que este coronel representa. Tire-se tudo que resolveram doar a Sarney e teríamos um governo no Maranhão comprometido de verdade com o projeto de mudanças representado por Lula e Dilma, e ainda alguns oligarcas a menos no Congresso, substituídos por deputados talvez mais comprometidos com a dita governabilidade. No mínimo teríamos mais um Monteiro na Câmara Federal. Aos que seguiram esse rumo lhes cairia bem o riso cínico dos que sabem o que fazem (a maioria, creio) ou o remorso dos que honesta ou ingenuamente acreditaram nessa tática torta (se é que esses existem).

Felizmente, o resultado Brasil afora é animador. Se olharmos mais amplamente veremos um cerco se fechando em torno de Sarney. O velho oligarca saiu-se mal no primeiro turno do Amapá, de onde é senador. Camilo Capiberibe (PSB-PT) – a maior ameaça ao velho oligarca – alçou voo e chegou ao segundo turno com 28,68% dos votos, contra 28,93% do primeiro colocado, Lucas (PTB). Seu candidato, Pedro Paulo, ficou pra trás depois de ter sido preso por corrupção pela operação da PF, juntamente com seu bando.

O PMDB (ah, o PMDB!), em quem tudo apostaram, pasmem, foi o único partido da coligação de Dilma que não ampliou sua base na Câmara dos Deputados. Ao contrário, amargou queda de 10 parlamentares (de 89, em 2006, para 79). E também no Senado não terá tanto poder quanto antes.
Ampliamos a base do governo nas duas casas legislativas e, principalmente, ampliamos a base do campo democrático-popular (PT, PSB, PCdoB e PDT). Aqui um registro sobre o movimento do PDT no MA: sua coligação eleger quatro deputados federais, sendo três tucanos e um do PTC, é uma lástima, mostrando mais uma vez o acerto da candidatura Flávio Dino.

Some-se a isto o fato de termos recuperado o Rio Grande do Sul, crescido ainda mais na Bahia, ainda estarmos no segundo turno no Distrito Federal e Pará e nos livrado de coronéis sanguinolentos como Tasso Jereissati, Heráclito Fortes, Artur Virgílio, Mão Santa, José Agripino Maia, Marco Maciel, César Maia… Temos aí um avanço considerável para dar continuidade às mudanças.

Enfim, diminuiu a margem de manobra de Sarney e quejandos. Por isso não podemos hesitar um minuto neste segundo turno. Nosso horizonte não é Lula nem o lulismo, não é Dilma nem dilmismo, mas a CLASSE TRABALHADORA. É esta que vem finalmente colhendo gradativamente mais dos frutos do desenvolvimento econômico. É esta quem vem obtendo alguma ascensão social e material. É isso que representa votar em Dilma agora. É não permitir o retrocesso político, democrático, histórico e simbólico daqueles que para o povo só reservam a opressão, a violência e a humilhação. Daqueles que preferem o Brasil prostrado ante o império norte-americano em vez da altivez e do reconhecimento internacional a que chegamos. É hora de virarmos de vez a página do neoliberalismo no Brasil e no mundo, dizendo não ao retorno das privatizações, do arrocho salarial, do desemprego, da fome, do Estado Mínimo (e apropriado pelos ricos), dos serviços públicos sucateados e do funcionalismo público ameaçado, que é o que ocorre onde quer que o PSDB governe.

Sarney, que costuma estar sempre do lado do vencedor, não é eterno. Seu fim não tarda, a não ser que vença Serra. Ou alguém duvida disto?

João de Deus Castro é maranhense, petista e servidor do MPF/SP

[Este texto é publicado em primeira mão neste modesto blogue, a pedido de um par de grandes amigas]

E LOGO MAIS, NO LABORARTE…


Clique na imagem para ampliar (um pouquinho)

Documentário vencedor do É tudo verdade 2010, Terra deu, terra come, dirigido por Rodrigo Siqueira já entrou para a história: sua estreia nacional aconteceu em uma sala comercial e em mais de 800 pontos de exibição do Cine Mais Cultura, o Laborarte um deles, articulados pelo Ministério da Cultura.

Mais, sobre, no Cultura e Mercado.

Via Odeon.

LEGIÃO E RAUL NO CIRCO

John Lennon teria completado ontem 70 anos e os Beatles seguem vendendo discos, mortos ou vivos, em grupo ou os trabalhos solo de seus (ex-)componentes. E qualquer coisa que se cavouque em seu baú de inéditas (ou não), também vende.

É quase o mesmo caso, guardadas as devidas proporções, dos brasileiros da Legião Urbana: onde há novidades (ou não) sobre o grupo brasiliense ou sobre seu saudoso líder, Renato Russo, que amanhã completa 14 anos de subido, há discos sendo vendidos. Fora suas presenças constantes (com o Nirvana, ainda?) em rodas de violão feitas principalmente por quem está aprendendo a tocar o instrumento.

Raul Seixas também ainda vende bem e seus fãs são tidos como “chatos”: onde quer que se faça música ao vivo, sempre haverá alguém para gritar-pedir (mandar?): “toca Raul!”. Zeca Baleiro que o diga.

Os brasileiros ganham tributo amanhã: a banda Legião Urbana Cover interpretará repertório do grupo que lhe dá nome (e repertório). O cantor Wilson Zara interpretará o bom e velho baiano, na abertura. Não tenho informações sobre o preço dos ingressos, mas fica a dica, boa pedida.

Via Marcus Saldanha.

CONFORME PROMETI NO RÉVEILLON

Djalma Lúcio lança primeiro trabalho solo após fim da Catarina Mina e hiato musical

ZEMA RIBEIRO
EDITOR DE CULTURA


Djalma Lúcio lança hoje Conforme prometi no réveillon em show no Alcione Nazaré. Divulgação

Ao lado de Bruno Azevedo (contrabaixo) e Eduardo Patrício (bateria), o cantor e compositor Djalma Lúcio (voz e violão) esteve à frente de um dos mais importantes capítulos da cena pop ludovicense na última década: a saudosa Catarina Mina, que gravou apenas As aspas serão explicadas adiante, um EP com três faixas autorais e uma cover de Heaven knows I’m miserable now, dos Smiths.

Traduzindo e Haicai, da lavra de Djalma Lúcio, foram os grandes êxitos daquele registro, tiveram algum sucesso radiofônico – a primeira foi gravada por Chiquinho França –, músicas que sobreviveram ao fim da banda. As aspas – ou o hiato – foram longas: embora não tenha chegado a abandonar a música, Djalma Lúcio trocou o Maranhão pelo Rio de Janeiro, onde cursou Rádio e TV e, no ambiente da Escola de Comunicação da UFRJ, deixou virem à tona outros talentos seus, como o de ilustrador. A necessidade de compor, porém, nunca o abandonou. Depois de tudo, tornou à terra natal, como um bom filho.

Já por aqui, gravou Conforme prometi no réveillon, EP que lança hoje (8), às 20h30min, no Teatro Alcione Nazaré (Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, Praia Grande), com ingressos a R$ 15,00 (metade para estudantes com carteira), à venda na Mad Rock (Rua do Passeio, Galeria La Ravardiere, sala 11, 2º. andar) e na Livraria Poeme-se (Praia Grande), estabelecimentos que apoiam o trampo do músico (o selo da Poeme-se já constava do disco da Catarina Mina).

As quatro faixas do EP, Infiel, Não quero dançar, Bar Central e a faixa-título, todas de sua autoria, a primeira em parceria com Fábio Abreu e Breno Galdino, já estão disponíveis para audição na página de Djalma Lúcio no Myspace, site de compartilhamento de músicas na internet. É pop, mas com bom gosto. É música popular, mas rótulos como MPM ou MPB não lhe caem bem. É guitarra, baixo e bateria, mas não é só rock’n roll.

O repertório do show será composto pelas faixas do EP e outras parcerias, algumas inéditas, outras dos tempos da Catarina Mina. O único cover é Samba do camaleão, de Eduardo Patrício – gravada por ele em É exatamente isso mas é outra coisa. Entre outras, Djalma Lúcio interpretará Embaraço, parceria com Fernando Soares, Permissão, com Bruno Azevedo, e Inimigo, com Reuben da Cunha Rocha. O set list terá 15 músicas. O lançamento terá abertura do Dj Franklin Santos, com um repertório de música popular brasileira e incursões por reggae, hip-hop, drum and bass e house music.

Todas as músicas de Conforme prometi no réveillon têm grandes possibilidades de estourar no rádio. O EP, que no dia do show custará apenas R$ 5,00 aos interessados, também tem grandes chances de tornar-se um êxito de vendas – oxalá! – apesar dos vícios do mercado, sobretudo o ludovicense. Conforme prometi no réveillon, o show, certamente reunirá velhos fãs da Catarina Mina a novos fãs de Djalma Lúcio – isto quando as pessoas não confundirem a si mesmas, assobiando versos como “eu gosto mesmo é de carinho” ou mandando dizer que “eu não quero dançar” àquela moça que “se faz de tonta/ rebolando além da conta”.

Serviço

O quê: show Conforme prometi no réveillon, lançamento do epônimo.
Quem: o cantor e compositor Djalma Lúcio.
Quando: hoje (8), às 20h30min.
Onde: Teatro Alcione Nazaré (Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, Praia Grande).
Quanto: R$ 15,00 (ingressos à venda na Mad Rock, Rua do Passeio, e Poeme-se, Praia Grande). Metade para estudantes com carteira. O EP será vendido por R$ 5,00 na ocasião.
Ouça: http://www.myspace.com/djalmalucio
Maiores informações: (98) 8851-8371.

[O Debate, hoje]

MEU NOME É ANSIEDADE

Finalmente a Caixa Preta começará a ser vendida. A partir de semana que vem:


Programação dos shows que marcam o lançamento da Caixa Preta, no SESC Pompéia, em SP. Clique para ampliar

Portanto, moçada: olhos e ouvidos atentos! Como diria o negão: “é de estarrecer/ estar e ser em inglês/ é a mesma coisa” (É de estarrecer). Eu sou e estou só ansiedade. Chega, semana que vem! Chega, dinheiro em meu bolso!

TRIPL’AGENDA


Clique sobre as imagens para ampliá-las

ERRATA

(OU: O CÉREBRO E O MONSTRO)

A exemplo do que aconteceu com O Monstro Souza, de Bruno Azevedo e Gabriel Girnos, dei primeiro n’O Debate: a banda Cérebro Eletônico disponibilizou ontem (e prorrogou por toda a manhã de hoje) a audição de Deus e o diabo no liquidificador, seu novo disco.

O texto, como o da Janis, posts abaixo, foi escrito às pressas, logo que terminei de ouvir as 11 faixas do ótimo trabalho, que será lançado semana que vem.

No Google, catei uma foto da banda para ilustrar o texto (post anterior): é a Cérebro Eletrônico, mas a que fez Pareço moderno. A que fez Deus e o diabo no liquidificador ‘tá na foto abaixo, após alterações no time, entre os discos: Fernando Maranho (guitarra e vocais), Fernando TRZ (teclado e vocais), Gustavo Souza (bateria e vocais), Renato Cortez (baixo e vocais) e Tatá Aeroplano (vocais e efeitos).


Os novos cerebrais no clique de Edu Moraes

&

Em tempo, sei que o scan ‘tá tosco, mas eis a página inteira que demos aO Monstro Souza, n’O Debate de 29 de setembro de 2010:


Clique para ampliar

DEUS E O DIABO NO LIQUIDIFICADOR

Cérebro Eletrônico disponibilizou aos fãs ontem, por 12 horas, a pré-audição de seu novo disco.

ZEMA RIBEIRO
EDITOR DE CULTURA


Banda mantém fôlego em segundo trabalho. Foto: divulgação

A banda Cérebro Eletrônico disponibilizou, na noite de ontem, seu novo álbum para pré-audição, via internet, pelos ouvintes interessados. Os fãs tinham que fazer um cadastro pela internet e receber um link para acessar Deus e o diabo no liquidificador, título de seu terceiro e aguardado trabalho, o sucessor de Pareço moderno.

É música brasileira moderna, rock’n roll sem frescura e com bom humor. “Ontem eu fumei um baseado/ estava tão sozinho e tão tranquilo/ e nem me apercebi quando a menina/ chegou com seu vestido transadinho”, diz a letra de O fabuloso destino do chapeleiro louco, uma das 11 faixas do pré-álbum.

Em Os dados estão lançados: “Deus é mais/ o diabo é menos/ o homem é mais ou menos”. Tatá Aeroplano e companhia, nesse liquidificador musical, usam pitadas até de carnaval – sem deixar o rock de lado –, pilotam brinquedos e fazem boa música. Para agradar quem acredita ou não em deus.

[O Debate, hoje]

40 ANOS JANIS

Janis Joplin completou ontem quarenta anos de subida. Pequena homenagem deste blogueiro, o textinho abaixo foi escrito às pressas, ontem, para completar a página de cultura de O Debate, que estamos a editar.

40 ANOS SEM JANIS JOPLIN

Tida como uma das maiores cantoras da história da música mundial, a “pearl” faleceu aos 27, em 1970

ZEMA RIBEIRO
EDITOR DE CULTURA


[Janis Joplin: a voz d”a pérola” calou-se em 1970. Foto: divulgação]

Segunda-feira, 4 de outubro de 2010: há quarenta anos o mundo perdia o talento de Janis Joplin, encontrada morta por overdose de heroína. Fundiu blues e rock exemplarmente, a “pérola branca”, sendo até hoje considerada uma das maiores cantoras da história da música mundial em todos os tempos.

Janis Joplin teve uma infância difícil, apesar do pai ser um abastado homem de negócios. Na faculdade, sentia a repulsa dos colegas, que a achavam feia demais. Ao morrer, era uma das cantoras mais bem pagas do mundo: o grande ícone no palco, porém, se reduzia à solidão, fora dele.

Entre os hippies negava o clima “paz e amor” e enfiava o pé na jaca, fundo: usava drogas pesadas para tentar aplacar a solidão, com o que buscava justificar sua postura agressiva no palco – seu canto era algo próximo do grito e, ao cantar, ficava possessa, como se invadida por algum espírito endiabrado de algum bluesman negro já subido. Chegou a ficar nua durante uma apresentação.

Pouco antes de morrer Janis Joplin passou pelo Brasil: esperada como grande estrela em um teatro carioca, foi confundida com uma hippie. Teve affairs com o fotógrafo Ricky Marques Ferreira e com o lendário roqueiro Serguei, um dos pioneiros entre os rockstars tupiniquins. A cantora chegou a fazer topless na praia de Ipanema.

Janis Joplin faleceu pouco depois de outro grande ídolo do blues’n rock: Jimi Hendrix, com a mesma idade, falecera em 18 de setembro de 1970. Em 3 de julho de 1971 seria a vez de Jim Morrison, também aos 27. Gravou sete discos, entre eles o clássico Pearl.

FEIRA LITERÁRIA MOVIMENTA SHOPPING CENTER

Feira do Livro no Shopping acontece até 17 de outubro, no São Luís Shopping.

ZEMA RIBEIRO
EDITOR DE CULTURA

Até o dia 17 de outubro, no horário de funcionamento do São Luís Shopping, o público que frequenta o espaço terá um atrativo a mais para curtir aquele ambiente climatizado e asséptico: é a Feira do Livro do Shopping, que tem, em sua primeira edição, o tema “Comunidade lendo, São Luís crescendo”.

14 livrarias ludovicenses participam da iniciativa: Atenas, Barsa Planeta, Canaã (DML), Distelma, Espírita (FEMAR), Estudantil, Evangélica Maranata, Nobel, Paulinas, Paulus, Poeme-se, Prazer de Ler, Saci-Pererê e Vozes.

A iniciativa não visa concorrer com a Feira do Livro de São Luís – que acontecerá em novembro – mas fortalecê-la. “A gente observa um público na Feira do Livro e não torna a ver essas pessoas no dia a dia. Nos perguntamos se essas pessoas compram livros quando viajam ou pela internet. A ideia é redescobrir esse público”, afirmou o livreiro Arteiro Muniz, da Livraria Athenas.

De acordo com a organização da Feira do Livro do Shopping, já há a ideia e alguns contatos realizados no sentido de levar o acontecimento a outros centros comerciais, como o recém-instalado Rio Anil Shopping, no Turu. “E o São Luís já sinalizou a vontade de realizá-la aqui anualmente”, continua Arteiro.

Os stands das livrarias estão montados próximo ao Louvre Magazine e engana-se quem pensa que a Feira se reduza ao comércio de livros. “Temos um palco armado por onde passarão diversas atrações, principalmente voltadas ao público infantil, mas não só”, explica o livreiro. Apresentações teatrais, bingos literários e noites de autógrafos integram a programação.

O escritor Wilson Marques, por exemplo, autografa o seu novo livro, O tambor do mestre Zizinho, no próximo domingo, 10, às 18h30min. A Feira do Livro do Shopping é uma realização da Associação dos Livreiros do Estado do Maranhão (ALEM) com apoio do São Luís Shopping. Sua programação completa pode ser acessada pela internet, no Ponte Aérea São Luís.

[O Debate, domingo/segunda, 3/4.out.2010]

PURGATÓRIO MARANHÃO

Condenar milhões de almas maranhenses a mais quatro anos de domínio oligárquico certamente não foi o melhor gesto de Luís Inácio Lula da Silva em seus oito anos de seu governo, onde reconheço muitos avanços em diversas áreas. O Maranhão tem 3,18% do eleitorado nacional, o que o torna apenas contrapeso no açougue político brasileiro.

Lula elegeu, ainda que muito apertadamente, Roseana Sarney (PMDB) no primeiro turno: a filha de José Sarney teve 50,08% dos votos válidos. Lula reelegeu ainda os senadores peemedebistas Lobão e João Alberto. O presidente é o maior responsável pela tragédia que ora se abate sobre a última capitania hereditária brasileira.

A eleição de Roseana Sarney se dá alicerçada numa série de denúncias de irregularidades fartamente noticiadas local e nacionalmente – e que não deram em nada: troca de promessas de votos por consultas médicas e pagamentos de contas de água e luz, distribuição de combustível para “militantes” irem a carreatas, pagamento de transporte para a emissão de documentos de eleitores, uso da máquina pública e dos programas sociais do Governo Federal etc. História: por menos, Jackson Lago teve seu mandato cassado em abril do ano passado. Link: a devolução do poder no estado a Roseana Sarney, pelo golpe judiciário, dá início ao “arrastão do 15”.

Cumprindo ou não a promessa de pendurar as chuteiras políticas aos 31 de dezembro de 2014 (alguém aí acredita?), a eleição de Roseana Sarney, a meu ver, não traduz a real vontade popular: não houve equilíbrio na disputa, a começar pelo tempo de propaganda na tevê e no rádio de que dispunha a candidata, ao reunir 16 partidos em uma coligação. A ausência de debates também tem peso na história: somente a TV Mirante – de propriedade da família de Roseana Sarney – realizou um, às vésperas da eleição – e denúncias nos chegaram de que o sinal miranteano teria sido cortado em pelo menos 32 municípios maranhenses naquela noite. Além de, em muitos rincões, as antenas parabólicas apenas repetirem acontecimentos paulistas e cariocas.

Roseana Sarney sai vitoriosa de um pleito sem legitimidade: o não-comparecimento às urnas de praticamente um quarto do eleitorado maranhense demonstra um grandessíssimo descrédito de nossa classe política perante aqueles que estão aptos a votar. Esta inércia é, em grande parte, motivada pelos altos índices de analfabetismo (e analfabetismo funcional) e pouca escolaridade da população maranhense. O óbvio e já conhecido círculo vicioso: a oligarquia “confina o povo-gado à eterna miséria absoluta”, o povo mantido analfabeto mantém no poder quem lhes mantêm sem conhecer as letras, impondo uma opinião única, já que emissoras de tevê e rádio, portais de internet e jornais pertencem, em sua grande maioria, à oligarquia ou a seus apaniguados.

Terminadas as eleições no Maranhão, o estado é o grande derrotado: flores a enfeitar as mesas dos lautos banquetes da família na casa grande, espinhos a sangrar os magros corpos dos que ainda passam fome na senzala. Apesar do bolsa-família. Como diria Zeca Baleiro: “Não me espantará se num futuro próximo o Maranhão vier a ser chamado de Uganda brasileira“.

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Contra o futi!

O longo beijo que uniu as barbas de Lula aos bigodes de Sarney na tentativa de aniquilar o PT do Maranhão em prol da sobrevivência da última oligarquia em voga no país acabou não dando certo por completo: Domingos Dutra foi reeleito deputado federal com uma votação expressiva (81.101 votos), para quem fez uma campanha modesta, em termos financeiros. Dutra teve mais votos que, por exemplo, Ricardo Murad, de campanha milionária, eleito deputado estadual mais votado neste pleito (76.265 votos).

Na assembleia

O Partido dos Trabalhadores elegeu três deputados estaduais: entre eles somente Bira do Pindaré não está a serviço da oligarquia Sarney. Sua eleição e a de Dutra à Câmara Federal são as melhores notícias que tive ontem.

Segundo turno

Declaro, de já: votarei em branco. José Serra é do PSDB: elegê-lo significa devolver o Brasil ao tucanato para que estes terminem de vender o que não conseguiram nos oito anos de FHC. Dilma é a candidata de Lula e, portanto, está com Sarney: este há muito não serve para o Maranhão, nem para o Amapá, nem para o Brasil.

CHINELA!

Caray, me’rmão!

Recebi essa raridade do parceiro Josias Sobrinho.

AS NOVAS AVENTURAS DE WILSON MARQUES NO REINO DOS PEQUENINOS

[O texto abaixo saiu n’O Debate de ontem (30/9) e teve as datas adaptadas para efeito de publicação neste blogue]

WILSON MARQUES EM NOVA AVENTURA

Escritor lança nesta sexta sua nova obra dedicada ao público infanto-juvenil: O Tambor do Mestre Zizinho.

ZEMA RIBEIRO
DA REDAÇÃO


[O escritor Wilson Marques leva o tambor de crioula ao conhecimento da gurizada. Divulgação]

O escritor Wilson Marques, 48, tem uma importante contribuição às letras do Maranhão, sobretudo no que diz respeito ao público infanto-juvenil. Suas obras, há tempo publicadas de maneira independente, têm ajudado a difundir manifestações da cultura popular maranhense, tradições, costumes, lendas e aspectos históricos aos pequenos.

Jornalista, meio que abandonou a profissão, embora alguns valores do ofício o ajudem no outro. Como fotógrafo, foi vencedor de duas Coletivas de Maio, algo que possivelmente a população ludovicense já nem lembre mais o que era e os gestores parecem não ter interesse em reeditar. Num projeto em parceria com a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), documentou diversos quilombos maranhenses, o que certamente lhe deu munição para o novo livro e cujas fotos acabaram rendendo uma exposição montada em Salvador/BA.

O lançamento de O Tambor do Mestre Zizinho, hoje (1º.), às 19h, na Livraria Leiamundo (Jaracaty Shopping), inaugura uma nova fase na sua trajetória: editado pela Mercuryo, de São Paulo, é a primeira vez que Wilson Marques tem uma obra publicada por uma editora, o que certamente garantirá melhor distribuição, inclusive fora de seu estado natal – o escritor nasceu em Caxias e mudou-se cedo para a capital. “A editora ficou sabendo do projeto pela minha página na internet e se interessou. O texto foi aprovado e o projeto seguiu em frente”, explica.

O Tambor do Mestre Zizinho conta a história da personagem do título, um menino que é convidado por uma professora a resgatar a tradição do tambor de crioula em uma comunidade quilombola no interior do Maranhão. Se o autor não diz exatamente onde fica, isso não faz diferença: o cenário pode ser qualquer quilombo brasileiro. O menino consegue organizar uma festa bonita e passa a ser chamado de mestre. Na ficção, o acontecimento vira documentário.

Documentar, aliás, parece ser uma das missões de Wilson Marques, hoje trabalhando com redação publicitária. “Não deixo de fotografar, embora tenha me concentrado mesmo nos livros. Eu sempre estou com muitos projetos na cabeça e em fase de produção. Tenho, por exemplo, um Touché [personagem de uma série de livros do autor] sobre a Balaiada, esperando a oportunidade de ser publicado”, avisa.

Dedê Paiva é quem dá cores às palavras de Wilson Marques. Usando lápis de cor, a publicitária de formação traduz a vida no quilombo, a paisagem tranquila e bela do interior e os movimentos dos homens ao tirarem música dos tambores grande, meião e crivador, e das mulheres, ao rodopiarem suas saias, bailarem em louvor a São Benedito, padroeiro da manifestação cultural patrimônio cultural imaterial brasileiro, e darem a punga, a umbigada que convida outra coreira – como são chamadas as dançarinas – para o centro da roda.

Wilson Marques lembra como se deu o contato com ela: “Acho que pra dar um tempo da zoeira de São Paulo, ela resolveu passar uns tempos aqui. Ficou três anos e nesse período documentou muito da paisagem e da cultura do Maranhão. Conhecemo-nos nesse período e realizamos o [O Tambor do Mestre] Zizinho pouco antes dela decidir voltar para Sampa”.

Em relação ao voo que o novo livro deve alçar, por ser publicado por uma editora e ter distribuição nacional, alfineta a “cena” local: “O problema é que não temos mercado consumidor. Se o sujeito produz e não consegue vender sua obra, o negócio não se sustenta. Isso poderia ser contornado caso as obras dos nossos escritores, e temos muitos autores bons, compusessem acervos das bibliotecas, escolas públicas etc. Por enquanto, só existem discursos vazios de apoio e, na prática, poucas ações que apontem para a profissionalização dos nossos autores”.

Uma das satisfações de Wilson Marques é ir a escolas e ser bem recebido por diretoras, professoras e alunos – “meus leitores”, diz – sempre com muito respeito. “Ouço palavras elogiosas, dizem que meus livros são importantes na formação das crianças”, conta. Realização? “Não dá pra falar em realização, seja lá o que essa palavra queira significar. Quando se sabe que nossas crianças, pela falta de acesso à educação e cultura, veem negado seu próprio futuro”.

Não é de hoje que alguns livros dele vêm sendo bastante usados em escolas como paradidáticos. “Havia uma demanda local bastante grande de obras voltadas para o público infanto-juvenil tratando desses temas. Por outro lado me pareceu óbvio que os elementos da nossa cultura, que mistura danças, ritmos, lendas, como as de Ana Jansen e da Manguda, e histórias fantásticas, eram temas literários, por excelência, sobretudo para as crianças. Junte-se a isso meu interesse e a vivência com a cultura popular do Maranhão, e minha predileção por escrever”, ele conta como ingressou no universo literário infanto-juvenil.

Perguntado sobre o que anda lendo atualmente, Wilson Marques revela que tem dado atenção à chamada literatura pop: “Invisível, de Paul Auster. Ultimamente, aliás, só tenho lido autores contemporâneos, que estão produzindo, tipo Nick Hornby [o autor de Alta Fidelidade], Hanif Kureishi [Tenho algo a te dizer]”. Referências? “No caso dos infantos, a obra de Monteiro Lobato é sempre uma referência”.

Em se tratando de um autor maranhense, às vésperas do acontecimento – menos de dois meses completos até lá –, o repórter não poderia deixar de querer saber a opinião do escritor sobre a Feira do Livro de São Luís: “A Feira é sempre muito criticada mas acho que, ao mesmo tempo que devemos ter posturas críticas, perspicazes, não devemos embarcar num jogo de simplesmente atirar pedras. Acho que a gente deve participar. Dar opiniões. Estar presente. A Feira é um grande e importante evento, vinculado à agenda cultural da cidade. E não pode acabar. Portanto, acho que é nosso dever contribuir para que ela se fortaleça, independentemente de quem seja o prefeito ou o presidente da FUNC [a Fundação Municipal de Cultura]. Do contrário, corremos o sério risco de a perdermos, como perdemos, para citar apenas um exemplo, a Coletiva de Maio”.

Serviço

O quê: lançamento do livro O Tambor do Crioula do Mestre Zizinho.
Quem: o escritor Wilson Marques.
Quando: hoje (1º.), às 19h.
Onde: Livraria Leiamundo (Shopping Jaracaty)
Quanto: entrada franca. A produção não informou por quanto o livro será vendido.