há um mês você chegou, prematuro, apressado, se antecipando às previsões, feito um atacante que adivinha o pensamento do zagueiro e descobre o melhor flanco para eliminá-lo e marcar.
Desde então, em minha cabeça, rumino um texto, ou algo que o valha, para te saudar. Incontáveis vezes abri o editor de texto, às vezes escrevia umas linhas num computador, ou no celular, mas nada me agradava. Não sei se é alguma espécie de bloqueio ou se é só o fato de faltarem palavras para exprimir qualquer sentimento: elas são nada perto do que realmente importa e do que quero (e não consigo) dizer.
Foi a maior emoção da minha vida. Está sendo. E sei que para sempre será.
Tenho muito a aprender contigo. A ser uma pessoa melhor, inclusive. “Filhos são professores dos pais” é mantra repetido sempre por minha sogra, quase o machadiano “a criança é o pai do homem”.
“A criança traz o pão embaixo do braço”, disse-me um amigo quando lhe pedi trabalho – poucos dias depois o trampo apareceu. Agradeci a ele e a você.
Entre noites mal dormidas e a correria cotidiana, os longos intervalos em que te olho, quieto, sorrindo pra lua, no berço, no carrinho ou em meus braços – até você abrir o berreiro anunciando a hora da próxima mamada, infalível relógio.
Tão ansioso quanto fiquei com a gravidez, confesso que agora estou por te ver logo correndo pela casa. Ainda não sei se vais gostar de meus livros e discos – embora desde sempre, eu te embale ouvindo (e te fazendo ouvir) choro – ou de comer ostras na praia. Torço para que sim. Mas se não, espero saber respeitar.
Um mês! Obrigado pelo aprendizado, “papa”! Obrigado pelo amor! Obrigado por tudo! Obrigado por você!