Joãozinho Ribeiro volta a mergulhar no universo do samba

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Show no Miolo Café Bar dia 30 precede gravação de álbum dedicado ao gênero

O poeta e compositor Joãozinho Ribeiro. Foto: divulgação
O poeta e compositor Joãozinho Ribeiro. Foto: divulgação

Em 2002 e 2003, quando percorreu 18 bairros de São Luís com o circuito Samba da Minha Terra, ficou comprovada a importância da verve sambista de Joãozinho Ribeiro, poeta e compositor versátil que se vira muito bem em outros gêneros, como também o provam centenas de composições suas, gravadas por nomes os mais diversos da música popular brasileira.

Em setembro Joãozinho Ribeiro entra em estúdio para gravar o segundo álbum de sua carreira, que já conta 45 anos, desde a estreia em um festival universitário de música em 1979. O sucessor de Milhões de Uns – Vol. 1, gravado ao vivo no Teatro Arthur Azevedo em 2012 e lançado no ano seguinte, será dedicado ao samba, com direção de Zeca Baleiro, produção de Luiz Cláudio e participações especiais de insuspeitos bambas – entre os nomes confirmados, além do próprio Zeca, estão Rita Benneditto, Chico César e Fabiana Cozza.

Como uma espécie de aquecimento para o registro do álbum, Joãozinho Ribeiro se apresenta no próximo dia 30 de agosto (sexta-feira), às 21h, no Miolo Café Bar (Av. Litorânea, nº. 100, Calhau). No show, intitulado “45 Anos: Letra e Música”, o artista experimentará o repertório que pretende levar ao estúdio, acompanhado por João Eudes (violões de seis e sete cordas e direção musical), João Neto (flauta), Juca do Cavaco (cavaquinho) e Carbrasa (percussão).

No show, Joãozinho Ribeiro contará ainda com as participações especiais de Adler São Luís, Fernanda Garcia, Chico Saldanha e Neto Peperi. No repertório, clássicos como “Milhões de Uns”, “Saiba, Rapaz” e “Estrela”, para destacar alguns sambas e choros de sua lavra.

“Este show vai ser uma confraternização, um encontro com parceiros, instrumentistas e intérpretes, já pensando no que a gente vai fazer quando entrar em estúdio. Tudo está sendo pensado com muito carinho e cuidado, tanto para o palco, quando a gente vai sentir o termômetro do público, quanto para o estúdio, quando a gente vai para um registro definitivo de uma obra que eu sigo construindo, num álbum que está sendo pensado de forma equilibrada entre músicas bastante conhecidas no Maranhão, mas também apresentando inéditas”, promete Joãozinho Ribeiro.

Serviço

O quê: show “45 Anos: Letra e Música”
Quem: o poeta e compositor Joãozinho Ribeiro e Regional
Quando: dia 30 de agosto (sexta-feira), às 21h
Onde: Miolo Café Bar (Av. Litorânea, nº. 100, Calhau)
Quanto: R$ 25,00 (couvert artístico individual)

Crônica de uma reinauguração

João Neto (flauta), Zeca do Cavaco, Gabriela Flor (pandeiro) e João Eudes (violão sete cordas): o Choro da Tralha da ocasião - foto: Otávio Costa
João Neto (flauta), Zeca do Cavaco, Gabriela Flor (pandeiro) e João Eudes (violão sete cordas): o Choro da Tralha da ocasião – foto: Otávio Costa
O dj Joaquim Zion - foto: Zema Ribeiro
O dj Joaquim Zion – foto: Zema Ribeiro
Não é todo dia que a gente é fotografado entre dois Otávios, dois irmãos: o blogueiro entre Costa e Rodrigues - foto: Elizeu Cardoso
Não é todo dia que a gente é fotografado entre dois Otávios, dois irmãos: o blogueiro entre Costa e Rodrigues – foto: Elizeu Cardoso
Papo de radialista: Otávio Rodrigues e Ricarte Almeida Santos, dois dos professores que tive fora da sala de aula - foto: Otávio Costa
Papo de radialista: Otávio Rodrigues e Ricarte Almeida Santos, dois dos professores que tive fora da sala de aula – foto: Zema Ribeiro
Papo de compositor: Nosly e Elizeu Cardoso - foto: Zema Ribeiro
Papo de compositor: Nosly e Elizeu Cardoso – foto: Zema Ribeiro
Papo de compositor: Elizeu Cardoso e Luciana Simões - foto: Zema Ribeiro
Papo de compositor: Elizeu Cardoso e Luciana Simões – foto: Zema Ribeiro

Quando a Feira da Tralha foi inaugurada no ponto em que hoje funciona o Butiquim do Carlos, no Edifício Colonial (Rua Godofredo Viana, Centro), saudei a abertura do sebo em um texto que trazia alvíssaras no título.

Moema de Castro Alvim (1942-2014), proprietária do Papiros do Egito, primeiro sebo que frequentei na vida, ainda criança, já era falecida, mas lembro sempre da inequação com que ela cantou a pedra: como é que enquanto se abrem novas faculdades, livrarias se fecham? A conta realmente não batia. Não bate.

Rato de sebo é expressão que bem me classifica. Depois de Moema não parei mais: Riba do Poeme-se, Chico Discos, Educare, Sebo nas Canelas, Bonanza e Ruy até a Feira da Tralha, são endereços que frequento/ei com certa assiduidade e a inauguração ou reinauguração de um espaço desses sempre será motivo de minha atenção e entusiasmo.

À época do “x com o Teatro Arthur Azevedo” (como eu ensinava o endereço da Feira da Tralha aos neófitos) a Tralha (como carinhosamente os amigos abreviam o nome do estabelecimento) acabou virando um point para além do garimpo de preciosidades que nos leva aos sebos da vida. Logo Riba e Marly trocaram a cerveja para consumo próprio no fim do expediente, em uma geladeira pequena, por cerveja para os fregueses que também queriam aplacar o calor e molhar a palavra quando a tarde caía entre o Colonial e o Mestrado em Direito.

Abraços, afetos, sorrisos, boa prosa e boa música (inclusive a que Gildomar Marinho dedicou-lhe, gravada com a adesão de Rodger Rogério), sem esquecer da matéria principal do lugar, a coisa cresceu e logo a Tralha alugou um segundo ponto e o sebo incorporou a dimensão do bar ao negócio. Preenchia uma lacuna da qual sempre me ressenti: não é possível que as pessoas saindo de um espetáculo no Arthur Azevedo precisem ir para longe para aquela resenha (não no sentido surrado hoje atribuído ao verbete). Com a Tralha era possível o after a alguns passos, comentando o show, a peça e o que mais desse na telha.

Mas não parou por aí: Gabriela Flor (pandeiro), Gustavo Belan (cavaquinho), João Eudes (violão sete cordas), João Neto (flauta) e Ronaldo Rodrigues (bandolim) começaram a fazer rodas de choro na Godofredo Viana, animando os domingos. Logo ganharam o apropriado nome de Choro da Tralha e o grupo ganhou vida própria e segue junto até hoje (Temporariamente sem Ronaldo, que foi cursar doutorado em Pernambuco). Ensaios de blocos de carnaval, lançamentos de livros (alô, Josoaldo Lima Rêgo!) e até mesmo este repórter, arremedo de DJ, que animou algumas noites e ali conheceu a esposa, com a ajuda de Marly, que não a conhecia: “não sei, cliente nova”, respondeu quando perguntei quem era. Mas depois me ajudou a achar o caminho das pedras. Ou melhor: dos paralelepípedos.

Certa vez, Otávio Rodrigues, o Doctor Reggae, ainda morando em São Paulo, veio à ilha gravar sua participação em algum projeto e nos encontramos por lá. Tião Carvalho, de passagem pela ilha, se juntou a nós, “papo e som dentro da noite”, ave, Belchior (1946-2017)!, e esta é também uma entre tantas memórias do lugar.

Quando a Feira da Tralha foi inaugurada no antigo endereço, um erro na confecção de uma faixa acabou se tornando o slogan do lugar: “ambiente livre de bolsomilho” trazia um neologismo que avisava do antifascismo dos proprietários e da preferência por cervejas puro malte. Mas a simpatia de Marly e do comunista Ribamarx (reparem no apelido) é tanta que até mesmo bolsonaristas conseguiam se infiltrar: certa vez, num episódio conhecido como Cavalo de Tróia, com direito a meme, Elizeu Cardoso pagou o pato de ter que aturar um em sua mesa, à certa altura de uma farra movimentada, a única ainda com um lugar desocupado.

Otávio Costa, ao ver o novo slogan em um banner, protestou, de pilhéria: “não gostei! Como assim, nada mais?”, disse, referindo-se a frase sob o nome do estabelecimento: “amigos, livros, discos e nada mais”. Ponderei que era apenas um trecho de “Casa no campo”, de Tavito e Zé Rodrix, e ele riu, conformado, como concordando que fosse qual fosse o slogan, não diminuiria a contenteza geral pela reinauguração do espaço.

Veio a pandemia de covid-19, cujos abalos em quaisquer aspectos todos lembramos, entre isolamento social, mortes e o negacionismo do desgoverno então vigente. Sem ter como pagar o aluguel dos pontos, a Tralha fechou e passou a operar online, vendendo principalmente elepês através de redes sociais e aplicativos de mensagens.

O negócio ia dando certo mas faltava calor humano. Os órfãos da Tralha, em cuja filiação me incluo, sempre reclamavam a volta do espaço físico, agregando sebo e bar. Antes à tarde do que nunca, como diria o conhecido reclame de motel.

E eis que sábado passado, não por acaso um dia 13, a Tralha reabriu. Está funcionando em um simpático ponto na Escadaria da Rua do Giz (o antigo Entrenós, ao lado do Restaurante do Senac), na Praia Grande. O Choro da Tralha, com inspiradas canjas de Nosly (que acertadamente incluiu “Pedrada”, de Chico César, em seu repertório) e Zeca do Cavaco (que quando eu cheguei me disse que já tinha cantado mas que ia voltar e cantar algo que eu gostava e mandou “Flanelinha de avião”, de Cesar Teixeira), e os DJs Seba e Joaquim Zion garantiram a trilha perfeita, à altura que uma reinauguração desse porte pedia.

Reencontrei muita gente querida: o ex-craque da seleção de Santa Tereza do Paruá Ricarte Almeida Santos e Danielle Assunção, Luciana Simões (que saiu com um raro Nonato e Seu Conjunto nas mãos), Chico Neis (que arrematou um Milton Carlos [1954-1976] antes de mim), Eduardo Júlio, Samme Sraya, Rosana, Rosinha, Adler São Luís e os Otávios, Rodrigues e Costa; com o último voltei a falar na Discoteca do Veterinário, uma ideia de programa de rádio que alia sua paixão e profissão, mas nunca deixou o campo das ideias. Até aqui.

Dividir a mesa com Elizeu é garantia de boas risadas e eu já fui rindo desde o Uber em que ele me apanhou em casa.

Seria praticamente impossível escrever um texto jornalístico sobre esta fênix, afinal de contas o repórter estava lá não como tal, mas como amigo do estabelecimento e dos proprietários e assíduo frequentador. Quero apenas registrar a alegria de poder voltar a frequentar a Feira da Tralha e desejar sucesso e vida longa. Um brinde! E mais uma, por favor!

Joãozinho Ribeiro autografa Milhões de uns no Malagueta

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Show acontece sexta-feira, 31, com participações especiais de Adler São Luís, Célia Maria e Milla Camões

Divulgação
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Ilha adentro, o compositor Joãozinho Ribeiro segue sua turnê-maratona de lançamento de Milhões de uns – vol. 1, gravado ao vivo no Teatro Arthur Azevedo em novembro de 2012, com a participação de diversos artistas, entre os quais Chico César e Zeca Baleiro.

Recentemente Joãozinho esteve no Bip Bip, em Copabacana, Rio de Janeiro, mítico cenário da música e boemia cariocas, ocasião em que (re)encontrou diversos amigos maranhenses, autografou seu disco e prestigiou uma roda de choro que contou com a presença de uma lenda viva da flauta: a francesa Odette Ernst Dias, radicada no Brasil, uma das fundadoras do Clube do Choro de Brasília.

A próxima aparição de Joãozinho Ribeiro com a turnê de Milhões de uns será no Restaurante Malagueta (Rua das Graúnas, 3, Jardim Renascença II, telefone: (98) 32273000), nesta sexta-feira, 31, às 21h30. Os ingressos individuais podem ser adquiridos no local e custam R$ 20,00.

Na oportunidade Joãozinho Ribeiro contará com as participações especiais de Célia Maria, Milla Camões e Adler São Luís, seu primo. Anfitrião e convidados serão acompanhados por Celso Bastos (saxofone, flauta e clarinete), Luiz Cláudio (percussão), Luiz Jr. (viola, violão sete cordas e guitarra) e Rui Mário (sanfona).

Convidados – Célia Maria iniciou sua carreira artística no tempo em que as rádios eram dotadas de auditórios, e parte da programação era preenchida com música ao vivo, entre calouros e profissionais. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde conviveu com nomes como Nelson Cavaquinho e Cartola. Seu disco de estreia – e até aqui único gravado – leva apenas seu nome e foi lançado em 2001 e rendeu, no ano seguinte, o Prêmio Universidade FM de melhor compositor a Joãozinho Ribeiro por Milhões de uns.

Carioca de nascimento, maranhense de adoção, Milla Camões está gravando seu disco de estreia. Reconhecida na noite ludovicense, já venceu o Prêmio Universidade FM na categoria Talento da Noite. Versátil, transita pelos universos do samba, da bossa, do choro e do jazz com igual desenvoltura. Em 2012 foi escalada para a primeira noite do espetáculo de gravação de Milhões de uns, disco de estreia de Joãozinho Ribeiro. Cantou Coisa de Deus, blues parceria dele com Betto Pereira. Ovacionada pela plateia, precisou ser escalada para a segunda noite, interpretando a mesma canção.

Primo de Joãozinho Ribeiro e Arlindo Pipiu, Adler São Luís deixou a cidade natal que lhe dá nome artístico após concluir o ensino médio – então segundo grau – no Liceu Maranhense na década de 1970. A ideia era cursar Engenharia Química no Rio de Janeiro. Mas a música falou mais alto. Na década de 1980 gravou Tambô de criola, com a banda de Elba Ramalho e participações de nomes como Manassés, Marcos Suzano, Paulo Moura e Luiz Melodia. Em 1981, sua música Couraça foi gravada pela potiguar Terezinha de Jesus em Pra incendiar seu coração (CBS). Em 2012 lançou o livro de poemas Substância rara. Radicado em São Paulo há 20 anos sempre vem ao Maranhão para recarregar as baterias.

Em clima de festa e reencontro a noite de autógrafos de Milhões de uns promete ser mais uma celebração à amizade e à boa música. De avalistas, o espírito agregador e a vasta obra musical de Joãozinho Ribeiro, talento reconhecido como um dos compositores mais gravados do Maranhão.

Adler São Luís no Papoético hoje (26)

Logo mais às 19h quem participa do Papoético é o compositor Adler São Luís. Ele lança o livro Substância rara (poemas, Linear B Gráfica e Editora, São Paulo, 2012) e faz show na ocasião, com participações especiais de  Ângela Gullar, Chico Saldanha,  Daffé, Joãozinho Ribeiro, Josias Sobrinho, Smith Junior e Uimar Cavalcante.

A apresentação será uma grande jam, um reencontro de amigos, aproveitando a passagem do artista pela cidade que lhe dá nome artístico — atualmente São Luís mora em São Paulo, onde está gravando disco novo, provisoriamente intitulado Repente de repente.

Debate-papo semanal articulado pelo poeta e jornalista Paulo Melo Sousa, o Papoético tem como palco o Restaurante Cantinho da Estrela (Rua do Giz, Praia Grande, em frente à Praça Valdelino Cécio). O couvert artístico para o show de Adler São Luís custa apenas R$ 5,00. A produção não informou o valor do livro.

Concurso – O Papoético está com inscrições abertas para seu concurso de fotopoesia. Mais informações na aba homônima neste blogue.