“Se eu definisse o documentário, não fazia. Por isso não o defino.”

“O desejo não acaba nunca, né? E  teu problema é desejar que você tenha saúde física e espiritual, o que é complicado, pra poder fazer mais uns anos de cinema, o que é cada vez mais complicado.

Eu imagino que daqui a pouco, se eu tiver vivo, e as coisas se passam de repente, eu vou fazer documentário num palco em cadeira de rodas, aí eu vou ter que chamar os atores, então eu me vejo terminando feliz até de poder fazer um filme nem que seja em um estúdio de teatro chamando as pessoas, e fazer um filme de conversas, mesmo que seja em cadeira de rodas. Eu espero demorar pra chegar lá, mas pelo menos estarei trabalhando.

Agora crítica, não existe isso, cada filme é um filme, não tem filme da minha vida, e vai se somando um ao outro, eu fiz o Cabra [marcado pra morrer, 1984; o filme integra a programação da Mostra] porque tinha que fazer, passei quinze anos sem fazer nada e depois fiz Santo forte [1999; idem] e pude recomeçar uma carreira que tava jogada fora. E aí cada filme é igual e diferente do outro, sempre. Eu quero apenas fazer mais filmes, enquanto puder, do jeito que eu gosto de fazer, com uma certa liberdade, não de orçamento, mas pelo menos de escolher, de decisão final sobre um filme. E daí, quando somar tudo, alguém vai dizer o que presta e o que não presta, isso fica pra história. Mas pra mim, outras experiências fazendo o mesmo filme, que não é nunca o mesmo filme.”

Eduardo Coutinho em entrevista a Alcimeire Piana e Daniele Nantes, publicada em 2005 na revista Intermídias. A entrevista está coletada no volume da coleção Encontros [Azougue, 2009] dedicado ao documentarista, homenageado da 7ª. Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, cuja etapa São Luís tem início hoje, às 19h, no Teatro da Cidade de São Luís (antigo Cine Roxy).

PROGRAMAÇÃO (DE HOJE)

19h > Sessão de abertura: O cadeado (Leon Sampaio, Brasil, 12 min., 2012, ficção) > A galinha que burlou o sistema (Quico Meirelles, Brasil, 15 min., 2012, documentário/ficção) > Menino do cinco (Marcelo Matos de Oliveira/ Wallace Nogueira, Brasil, 20 min., 2012, ficção) > A fábrica (Aly Muritiba, Brasil, 16 min., 2011, ficção). A sessão tem classificação indicativa de 12 anos.

Veja o trailer de A fábrica:

O blogue voltará a noticiar a etapa São Luís da Mostra. Todas as sessões são gratuitas e serão divulgadas aqui. Na de hoje recomenda-se chegar um pouco mais cedo: por ordem de chegada e respeitando o limite da sala (265 lugares mais três espaços reservados para cadeirantes) haverá distribuição de kits (sacola, camisa, catálogo, bloco, lápis, caneta). A sessão de abertura contará ainda com apresentação do Coral do Presídio Feminino.

Cinema e Direitos Humanos: Mostra homenageia Eduardo Coutinho

O cineasta Eduardo Coutinho é o homenageado da 7ª. Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, realização da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, cuja etapa ludovicense acontece entre os dias 25 e 30 de novembro, no Teatro da Cidade de São Luís (antigo Cine Roxy). Os documentários Santo forte, Cabra marcado para morrer e O fio da memória, de Coutinho, integram a programação, completamente gratuita, que circula por todas as capitais brasileiras. Em São Luís a produção local é de Francisco Colombo. Agende-se: programação completa para a ilha.

A malandragem não pode dar um tempo

e este filme tem que estrear logo por aqui também.

Dá um tapa!:

 

A partir de sexta, no Praia Grande

Não lembro a primeira vez que ouvi falar em Intocáveis, filme que estreia sexta-feira (19), no Cine Praia Grande. Mas lembro que desde já fiquei com vontade de vê-lo, o que só aumentou com este texto do Rogério sobre. Sessões 16h, 18h e 20h.

Violeta na tela do Laborarte

 

Sinopse: o filme conta a trajetória da compositora, artista e cantora chilena Violeta Parra. Esta biografia não segue uma linha cronológica, focando-se em diversos momentos da vida de Violeta, como sua infância na província de Ñuble, sua viagem pelo interior do Chile, as visitas à França e à Polônia, além do romance que ela teve com o suíço Gilbert Favre. O filme é inteiramente intercalado com trechos de uma entrevista que Violeta Parra deu à televisão em 1962.

Trailer:

Curso grátis de Direção de Arte para Cinema será oferecido na São Luís

Estão abertas até o próximo dia 14 inscrições para o curso Direção de Arte para Cinema, que acontecerá de 24 a 28 de setembro, das 14h às 18h, na Faculdade São Luís.

As inscrições serão avaliadas por uma comissão formada por representantes da faculdade, da Fundação Municipal de Cultura e do Museu da Memória Audiovisual do Maranhão. O resultado será divulgado 18 de setembro.

O curso será ministrado pela professora Vera Hamburguer e é um oferecimento do Centro Audiovisual Norte-Nordeste (Canne), numa parceria com Fundação Joaquim Nabuco/MEC, Secretaria do Audiovisual/MinC, com apoio da Faculdade São Luís, através do Curso de Comunicação Social e Cineclube, Func, Fundação Nagib Haickel e Mavam.

As inscrições e o curso são gratuitos e os interessados em participar devem preencher a ficha de inscrição e enviá-la para o e-mail cursoscanne.ma@gmail.com

Errata alheia

O escritor José Louzeiro tem sua importância na literatura e cinema brasileiros, algo inegável e indiscutível.

Em Um curta de arrepiar [O Estado do Maranhão, 12 de agosto de 2012, Opinião, p. 5], o autor de Pixote – Infância dos Mortos e Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, para citar apenas dois clássicos de sua autoria, comenta elogiosamente o filme A Ponte, curta de animação produzido pela Guarnicê Produções e Dupla Criação. Os elogios devem ser merecidos, a julgar pelos nomes envolvidos, listados no artigo pelo missivista, sobre cuja competência não há dúvidas, repita-se.

O maranhense, no entanto, erra ao creditar as músicas Carcará e Flor do Mal, trilha sonora do filme, o erro motivação deste post. Na primeira omite José Cândido, parceiro de João do Vale, corretamente creditado. Na segunda, inventa uma parceria inexistente, atribuindo a autoria a Cesar Teixeira e Papete, quando a composição é apenas do primeiro, tendo sido interpretada pelo segundo em Bandeira de Aço (1978), cuja faixa-título também leva a assinatura solitária de Cesar Teixeira.

Como nosso jornalismo diário não é afeito a erratas e quetais, fica o registro.

Cadernos de passado e futuro

Michel Laub mistura autobiografia, ficção e memórias em sua novela Diário da queda

POR ZEMA RIBEIRO

A palavra Auschwitz aparece muito em Diário da queda [Companhia das Letras, 2011, 151 p.], quinto livro de Michel Laub. O autor esbanja talento para tratar de tema tão repisado na literatura e no cinema e ainda assim soar original.

Diário da queda, como entrega o título, é construído em forma de diário, não que saibamos o que o autor/protagonista estava fazendo tal dia e tal hora, mas pela estrutura, em notas breves, conduzindo uma deliciosa leitura.

Trata da descoberta de cadernos do avô e do pai e poderia ser a terceira geração de escritores de diário, tomadores de notas ou coisa que o valha, Laub construindo seu próprio diário a partir das experiências com as leituras dos anteriores, numa ficção confessional.

“As primeiras anotações nos cadernos do meu avô são sobre o dia em que ele desembarcou no Brasil. Já li dezenas desses relatos de imigrantes, e a estranheza de quem chega costuma ser o calor, a umidade, o uniforme dos agentes do governo, o exército de pequenos golpistas que se reúne no porto, a cor da pele de alguém dormindo sobre uma pilha de serragem, mas no caso do meu avô a frase inicial é sobre um copo de leite.” (p. 24).

O avô começou a tomar notas como uma enciclopédia sobre aquilo com que ia se deparando, um copo de leite, o porto, a pousada Sesefredo onde inicialmente se hospedou ao chegar ao país. O pai o faz como um exercício quando é acometido do mal de Alzheimer, como os habitantes da Macondo de Gabriel García Marquez, que anotavam nomes e funções de coisas para não esquecê-las.

Não há limites entre a autobiografia e a invenção na prosa de Laub: não sabemos onde começa e termina uma e outra. No fim das contas ele escreve uma bela carta/declaração de amor a uma quarta geração que vai chegar. Livro e autor merecem cada prêmio recebido até aqui.

[Essa nanoresenha (copyright by Joca Reiners Terron) saiu no Vias de Fato de junho. Leia o primeiro capítulo do livro aqui]

Outro viés da notícia no contexto da imprensa maranhense

“Atualmente, o governo do Estado está sob a direção de Roseana Sarney Murad, filha de José Sarney, que assumiu a gestão em abril de 2009, após a cassação do mandato do então governador Jackson Lago (2007-2009) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Roseana concluiu o mandato de Jackson e foi reeleita governadora em 2010. O processo eleitoral que a reelegeu tem sua legitimidade e lisura questionados enfrentando três processos de cassação impetrados por seus opositores. As análises feitas pelos grupos de oposição, pelos cientistas políticos, pesquisadores e movimentos sociais e legitimadas pelos dados oficiais revelam um estado cada vez mais empobrecido, em relação assimétrica e inversa com os discursos do “progresso e do desenvolvimento” alardeado nas propagandas oficiais e no impresso oficial da família, O Estado do Maranhão”.

Quarta irmã Cajazeiras, o presidente do Senado sempre soube utilizar a mídia

“Para além da meteórica atividade jornalística, antes de ingressar na Academia Maranhense de Letras e de iniciar sua carreira política, Sarney desde o começo da vida pública, relaciona-se e utiliza-se estrategicamente dos meios de comunicação. A aproximação com a linguagem do cinema, à época um importante instrumento de transmissão da informação em se tratando da realidade maranhense onde a televisão ainda estava se afirmando e muitas cidades interioranas dispunham de salas de projeção, a utilização de jingles de campanha com direito a produção de disco com artistas de renome no rádio brasileiro, a utilização da Rádio Timbira, estatal onde eram veiculados spots e informações do governo, foram passos iniciais na direção do que viria a se constituir mais tarde”.

“Com tal histórico de concentração dos meios de comunicação nas mãos de um grupo político dominante e/ou de grupos políticos e empresariais (que estão ou já foram) vinculados ao primeiro, onde a maioria das concessões, no caso das mídias eletrônicas, e as estruturas, no caso da mídia impressa, foram implementadas a partir de práticas patrimonialistas, o discurso que prevalece nos noticiários é um discurso hegemônico e bipolar, ora com o predomínio de fatos que se banalizam com o passar do tempo: os buracos no período chuvoso, os engarrafamentos, os assassinatos, os assaltos a bancos; notícias em torno de pautas sazonais/comemorativas, ora a exaltar as “singularidades” da cultura e da natureza do Maranhão. São raríssimas as inserções de temas considerados importantes e estratégicos para a sociedade maranhense em trabalhos jornalísticos que possam revelar investigação e análise, motivando assim um debate público e que possibilite aos leitores capacidade de interpretação, de discernimento, de criação de sentidos para a compreensão da realidade do estado. E quando temas mais complexos aparecem, são externados como fatos contados de forma recortada, incompleta, a esconder a sua verdadeira natureza, implicações, causas e personagens.

Nessa perspectiva, o campo da comunicação que deveria ser instrumento de fortalecimento da pluralidade de vozes, do contraditório, da liberdade de expressão, o espaço democrático das diversas versões e olhares, torna-se, majoritariamente, apenas um campo das repetições dos padrões de manipulação dos discursos, das verdades parcialmente construídas ou ocultadas no processo de reconstrução da realidade através das narrativas”.

“José Sarney funda O Estado do Maranhão enquanto um “instrumento político”: o instrumento é um objeto inanimado, algo a ser manipulado. Emílio Azevedo, refere-se ao Vias de Fato como uma “iniciativa política”: iniciativa refere-se a ação, movimento, e sendo político, a algo que está intrínseco ao elemento humano que constrói um espaço e debate públicos. A análise, que não é simplesmente uma questão semântica, repercute nas formas de operacionalização das experiências. No primeiro caso, o jornal é instrumento político, objeto empresarial de obtenção de lucro e também de manutenção do poder político. No segundo caso, abre espaço para setores e tema sociais obscurecidos, negados, e favorece a democratização não tão somente do acesso à informação, mas também às formas de construção dessa informação.

A apresentação da notícia no Vias de Fato, além do predomínio do gênero opinativo, adquire características do formato de revista dado que a experiência não tem compromisso com o “furo de reportagem”, mas com o aprofundamento e a investigação dos temas que lhes são caros e complexos”.

&

Trechos da monografia Vias de Fato: outro viés da notícia no contexto da imprensa maranhense, que a cantoramiga Lena Machado apresentou ontem ao curso de Comunicação Social, habilitação em jornalismo, da Faculdade São Luís, sob orientação de meu orientador Francisco Colombo. O trabalho foi aprovado pela banca examinadora com nota 10.

Ao publicar os trechos acima, do trabalho que teve revisão deste blogueiro, repetimos os parabéns já transmitidos à autora por telefone, ontem, logo após sua defesa. Íntima do palco, Lena Machado preferiu não ter amigos assistindo-a perante a banca e preferimos respeitar a vontade de sua timidez. Com o título, o jornalismo soma-se à música para fazer ecoar sua voz na defesa dos direitos humanos e justiça social no Maranhão e em qualquer lugar por onde ande, cante e escreva.

Cinema Pela Verdade em São Luís

Começa amanhã (19) em São Luís a mostra Cinema Pela Verdade, que debaterá a ditadura militar brasileira após a exibição de documentários sobre o período. Suas sessões ocuparão auditórios na UEMA, UFMA e Campus Centro Histórico do IFMA. Programação completa na página da SMDH na internet (no link, sinopses e horários das sessões, seguidas de debates e gratuitas). Abaixo, trailers de Cidadão Boilese, Condor e Hércules 56, documentários que compõem a mostra.

Amanhã (19), às 8h30min, estarei na UEMA para, após sua exibição, debater o filme Condor. Entre os debatedores da mostra, em outras sessões, estão o advogado Luis Antônio Câmara Pedrosa e o jornalista Emílio Azevedo. A curadoria local da Cinema Pela Verdade é de Andressa Brito Vieira, estudante de Ciências Sociais da UFMA.

Cinemuseu

Entre os próximos dias 16 a 20 de maio acontece simultaneamente em todo o Brasil a 10ª. Semana Nacional de Museus. Em todo o Brasil é modo de falar: só acontece, obviamente, onde tem museu. E museu, a exemplo de biblioteca, teatro e cinema, tem em pouco lugar.

Esta 10ª. edição da semana tem como tema Museus em um mundo em transformação: novos desafios, novas inspirações. Na capital maranhense tem como subtema São Luís 400 anos: História, memória e cultura.

Por aqui a programação é de responsabilidade do Museu Histórico e Artístico do Maranhão (Rua do Sol, 302, Centro), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão, acéfala há algum tempo, desde a saída de Bulcão, chefe da pasta. Quer dizer…

A programação completa tá aqui. Completa é modo de dizer. Francisco Colombo assina a curadoria da mostra de curtas e médias metragens maranhenses. Como pela programação disponibilizada no site do MHAM não se sabe que filmes o diretor de No fiel da balança irá exibir, este blogue avisa:

dia 18 > A solidão de Dom Quixote (direção: Vinícius Vasconcelos e Márcio Vasconcelos, 15 min.), Athenas Brasileira (direção: João Paulo Furtado, 18 min.), O destruidor de ilhas (direção: Denis Carlos, 15 min.) e Infernos (direção: Frederico Machado, 13 min.).

19 > Fronteiras de imagens (direção: Murilo Santos, 22 min.) e Aperreio (direção: Doty Luz e Humberto Capucci, 20 min.).

20 > Tambor de crioula (direção: Murilo Santos, 16 min.) e Em busca da imagem perdida (direção: Beto Matuck, 26 min.).

Toda a programação da semana é gratuita.

Renato Russo & Fellini

Wagner Moura na capa da Rolling Stone BR de outubro de 2010

Dia 29 de maio, acompanhado de Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, Wagner Moura grava cd e dvd MTV ao vivo – Tributo a Legião Urbana, onde cantará sucessos do grupo brasiliense. Vocalista da Sua Mãe (a banda do ator), ele não interpretará Renato Russo: ele cantará o repertório da lavra do Trovador Solitário e de seus companheiros de banda.

Na sequência, o protagonista de Tropa de Elite 1 e 2 interpretará o cineasta italiano Federico Fellini em um filme independente americano.

Cinema francês grátis em São Luís

O drama A França [La France, 2010], de Serge Bozon, abre a Mostra do Cinema Francês Contemporâneo, que o SESC/MA realiza entre os próximos dias 23 a 29 de abril, em parceria com o Cine Praia Grande, palco das exibições.

Além de oito filmes em várias sessões, a semana cinematográfica terá debates e oficinas, uma de Roteiro Documental, a ser ministrada por Beto Matuck, outra de Análise de Filmes, por Davi Coelho, cada qual com 20 vagas.

Ano passado, o SESC/MA realizou a mostra 1959: O ano mágico do cinema francês, que trouxe à Ilha obras do período mundialmente conhecido como nouvelle vague. Tudo de graça, maiores informações e programação completa aqui.

No ringue do pensamento

Ao escrever sobre Guerrilhas (2012), de Flávio Reis, quando o classificou acertadamente como “figura de exceção entre nossos pensadores e professores”, Reuben da Cunha Rocha abriu um leque que pode e deve ser ampliado quando somamos ao “homem magro de fala digressiva”, dois outros professores do naipe: Flávio Soares e Wagner Cabral.

Pugilistas do pensamento, o trio se encontra numa mesa-ringue tendo por mote o lançamento (detalhes na imagem que abre o post), na UFMA, do citado livro, “coletânea de artigos publicados por Flávio Reis na imprensa maranhense ao longo da última década”, o sucessor de Grupos políticos e estrutura oligárquica (2007) e Cenas marginais (2005).

Bancado pelo bolso do autor, como os anteriores, Guerrilhas foi publicado no início deste ano, com os selos da editora Pitomba! e do jornal Vias de Fato, sem trazer qualquer referência à universidade onde seu autor dá aula – a contribuição radical aos debates em torno dos assuntos que aborda e sua visão aguçada, por si só já justificariam a publicação pela própria UFMA, mas Flávio é um dissidente ácido e prefere a liberdade de outros caminhos.

REIS, SOARES e CABRAL, como são chamados em citações acadêmicas, vão certamente distribuir socos no status quo, seus modos de ver/rever o Maranhão porradas certeiras, diretas, no estômago, sobretudo dos acostumados a velhas famas, por vezes injustificadas e ufanistas.

O mito francês e a dança dos historiadores, O Maranhão bárbaro e sua miséria historiográfica, Oligarquia e medo, O nó-cego da política maranhense, A política do engodo e o engodo da política, para citar títulos de alguns artigos de Guerrilhas, violência urbana, jornalismo, poesia, cinema, música, literatura e psicanálise serão munição para este debate “peso”, expressão quase sempre usada por Flávio Reis para definir algo muito bom, extraordinário, seja um disco, um livro, um filme ou um aluno acima da média.

A pauta certamente se ampliará e os três professores darão conta do recado, imperdível, eu diria. Roubando mais um par de aspas de Reuben – tirando o “peso” aí de cima, são dele as outras ao longo do texto –, que qual este blogueiro, tem no autor de Guerrilhas um de seus heróis, cabe repetir: “É chegado o tempo do arsenal contra o repertório”.

Galo Preto no Cineclube Laborarte

Sinopse (que recebi por e-mail do Laborarte): “O filme/documentário, Galo Preto, o Menestrel do Coco, 46min., do cineasta e roteirista Wilson Freire, conta a história do senhor Tomaz Aquino Leão, Mestre Galo Preto, que é o último representante vivo e ativo da tradição do coco do Quilombo de Rainha Isabel e da tradição de sua família. Com roteiro e pesquisa surpreendentes, cheio de surpresas e informações preciosas, que remontam à história do ritmo musical conhecido como coco e da música popular no país, trazendo à luz, personagens incríveis de seu convívio, este documento audiovisual torna-se uma peça indispensável para o avanço do reconhecimento dos grandes mestres negros e índios das culturas tradicionais. Além de ser um elemento que garante a preservação da memória deste singular artista que fez do coco e da embolada, enfim, da música, sua vida. Aos 75 anos de idade, o Mestre Galo Preto, continua ativo e criativo, dando à cultura que pertence, a perspectiva de continuidade e, é acima de tudo, um patrimônio de todos os brasileiros, merecendo este reconhecimento.”

A sessão é gratuita e acontece hoje (4), às 18h30min no Laborarte (Rua Jansen Müller, 42, Centro).