Vou rifar meu coração

Hoje (24), amanhã e domingo, às 16h, no Cine Praia Grande. Xico Sá pode despertar-lhes ‘inda mais a curiosidade.

Errata alheia

O escritor José Louzeiro tem sua importância na literatura e cinema brasileiros, algo inegável e indiscutível.

Em Um curta de arrepiar [O Estado do Maranhão, 12 de agosto de 2012, Opinião, p. 5], o autor de Pixote – Infância dos Mortos e Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, para citar apenas dois clássicos de sua autoria, comenta elogiosamente o filme A Ponte, curta de animação produzido pela Guarnicê Produções e Dupla Criação. Os elogios devem ser merecidos, a julgar pelos nomes envolvidos, listados no artigo pelo missivista, sobre cuja competência não há dúvidas, repita-se.

O maranhense, no entanto, erra ao creditar as músicas Carcará e Flor do Mal, trilha sonora do filme, o erro motivação deste post. Na primeira omite José Cândido, parceiro de João do Vale, corretamente creditado. Na segunda, inventa uma parceria inexistente, atribuindo a autoria a Cesar Teixeira e Papete, quando a composição é apenas do primeiro, tendo sido interpretada pelo segundo em Bandeira de Aço (1978), cuja faixa-título também leva a assinatura solitária de Cesar Teixeira.

Como nosso jornalismo diário não é afeito a erratas e quetais, fica o registro.

Meus 20 melhores amigos no Papoético

A exibição do curta-metragem Meus 20 melhores amigos, hoje (28), às 19h, no Restaurante Cantinho da Estrela (Rua do Giz, 175, Praia Grande), marca o retorno do Papoético, após brevíssima interrupção em suas atividades entre o deixar o Chico Discos, seu antigo palco, e encontrar um novo.

O filme tem produção e roteiro feito por estudantes da disciplina Vídeo Experimental do curso de Artes Visuais do IFMA. Entre os atores, Lauande Aires, Cris Campos e Letícia Lima. A direção é de Ramúsyo Brasil, montagem de Carolina Libério e fotografia de Beto Piu e Edu Cordeiro. A trilha sonora original, 4 reais, de Sérgio Capirango, será interpretada ao vivo hoje, por Glenda Raphaela e Raposão dos Teclados, como anuncia o cartaz que abre o post.

Meus 20 melhores amigos é uma realização do Núcleo de Pesquisa e Produção de Imagem e Mídia Dois (NUPPI) do IFMA. Após a exibição haverá debate-papo com os envolvidos em sua feitura.

Renato Russo & Fellini

Wagner Moura na capa da Rolling Stone BR de outubro de 2010

Dia 29 de maio, acompanhado de Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, Wagner Moura grava cd e dvd MTV ao vivo – Tributo a Legião Urbana, onde cantará sucessos do grupo brasiliense. Vocalista da Sua Mãe (a banda do ator), ele não interpretará Renato Russo: ele cantará o repertório da lavra do Trovador Solitário e de seus companheiros de banda.

Na sequência, o protagonista de Tropa de Elite 1 e 2 interpretará o cineasta italiano Federico Fellini em um filme independente americano.

Cinema francês grátis em São Luís

O drama A França [La France, 2010], de Serge Bozon, abre a Mostra do Cinema Francês Contemporâneo, que o SESC/MA realiza entre os próximos dias 23 a 29 de abril, em parceria com o Cine Praia Grande, palco das exibições.

Além de oito filmes em várias sessões, a semana cinematográfica terá debates e oficinas, uma de Roteiro Documental, a ser ministrada por Beto Matuck, outra de Análise de Filmes, por Davi Coelho, cada qual com 20 vagas.

Ano passado, o SESC/MA realizou a mostra 1959: O ano mágico do cinema francês, que trouxe à Ilha obras do período mundialmente conhecido como nouvelle vague. Tudo de graça, maiores informações e programação completa aqui.

Quebradeiras no Cineclube Laborarte

Documentário de Eduardo Mocarzel, Quebradeiras será exibido na sessão desta quarta-feira (11) do Cineclube Laborarte, às 18h30min, grátis, no Laborarte (Rua Jansen Müller, 42, Centro). “É um documentário etno-poético que focaliza as tradições seculares, as estratégias de sobrevivência e a rica cultura das quebradeiras de coco de babaçu da região do Bico do Papagaio, onde os estados do Maranhão, Tocantins e Pará se encontram”, diz a sinopse que recebi dum amanuense laborarteano, trailer abaixo:

Galo Preto no Cineclube Laborarte

Sinopse (que recebi por e-mail do Laborarte): “O filme/documentário, Galo Preto, o Menestrel do Coco, 46min., do cineasta e roteirista Wilson Freire, conta a história do senhor Tomaz Aquino Leão, Mestre Galo Preto, que é o último representante vivo e ativo da tradição do coco do Quilombo de Rainha Isabel e da tradição de sua família. Com roteiro e pesquisa surpreendentes, cheio de surpresas e informações preciosas, que remontam à história do ritmo musical conhecido como coco e da música popular no país, trazendo à luz, personagens incríveis de seu convívio, este documento audiovisual torna-se uma peça indispensável para o avanço do reconhecimento dos grandes mestres negros e índios das culturas tradicionais. Além de ser um elemento que garante a preservação da memória deste singular artista que fez do coco e da embolada, enfim, da música, sua vida. Aos 75 anos de idade, o Mestre Galo Preto, continua ativo e criativo, dando à cultura que pertence, a perspectiva de continuidade e, é acima de tudo, um patrimônio de todos os brasileiros, merecendo este reconhecimento.”

A sessão é gratuita e acontece hoje (4), às 18h30min no Laborarte (Rua Jansen Müller, 42, Centro).

Cine Chico

Há quase ano e meio o poeta Paulo Melo Sousa, mais conhecido como Paulão, resolveu reunir pessoas e temas interessantes e bater papo. Em novembro de 2010 surgia o Papoético, num endereço anterior do Chico Discos, o charmoso misto de sebo e bar do Chiquinho, cabra de bom gosto, figura que também aprecia uma boa conversa e boa bebida, sobretudo se for para falar de cinema, música e literatura, suas, nossas paixões.

O Papoético, hoje consolidado, sucesso absoluto de público, vem a cada quinta-feira instigando cabeças a passear pelos mais diversos assuntos. Tenho aparecido pouco, mas confesso que é sempre um espaço superagradável.

O debate-papo semanal recentemente lançou seu 1º. Festival de Poesia, tendo por patrono o poeta Maranhão Sobrinho, cujo edital e regulamento podem ser acessados na aba [PAPOÉTICO] deste blogue, aí por cima.

Mas não é do Papoético que quero falar. Desde sábado passado outra tertúlia está também agitando o Chico Discos. Trata-se do Encontro com Cinema, cujo e-mail de divulgação recebi do cineasta Beto Matuck, diretor de Mané Rabo. A ideia é a seguinte: às 19h exibe-se um filme (sábado agora, dia 10, é Medeia, de Lars Von Trier) e na sequência a “música do mundo” toma conta do lugar.

Desserviço – Não tenho mais informações nem fui atrás. Não sei por exemplo se o dj é o próprio Chiquinho e se a curadoria cinematográfica (suponho que a cargo do próprio Matuck) está aberta a sugestões do público. O grande lance é chegar lá e se inteirar.

Curta Sampaio!

Quem acompanha este blogue sabe o quanto sou fã de Sérgio Sampaio.

Nem preciso dizer nada. A não ser agradecer a Ademir Assunção, que já disse.

Cultura em 2011

Aos 45 do segundo tempo, às vésperas do fechamento da edição de dezembro do Vias de Fato (nº. 27, capa acima, ora nas melhores bancas da Ilha), inventei de fazer uma retrospectiva cultural. No último dia 12 encaminhei a uma pá de agentes culturais um e-mail com a seguinte pergunta: “Para o bem ou para o mal, no campo cultural, o que você destacaria numa retrospectiva particular do ano que se encerra?”.

Alguns responderam, outros não; outros ainda o fizeram depois do fechamento do jornal. O blogue traz abaixo um mix do que saiu na edição impressa do mensal com respostas que chegaram depois à caixa de e-mails do blogueiro (os depoimentos em itálico só aparecem acá).

RETROSPECTIVA CULTURAL

O jornal Vias de Fato traz aos leitores uma retrospectiva construída a muitas mãos – a coletividade uma característica da publicação. Veja o que diversos agentes culturais destacaram entre os acontecimentos do ano que se encerra

ZEMA RIBEIRO

Ano em que o mensal Vias de Fato completou dois de circulação ininterrupta – apesar de todas as dificuldades – e véspera do quarto centenário da capital maranhense – há controvérsias – 2011 foi marcado por diversos acontecimentos na área cultural.

Em vez de fazer uma retrospectiva certamente incompleta, resolvemos ouvir gente da área, que entende do assunto. Maranhenses ligados ao setor, residentes ou não aqui ou mesmo nem nascidos, mas com alguma ligação com o estado, destacaram o que de bom e ruim aconteceu no ano que se encerra.

“Para o bem ou para o mal, no campo cultural, o que você destacaria numa retrospectiva particular do ano que se encerra?” foi a pergunta feita pelo Vias de Fato. Leia abaixo as respostas.

O crítico Alberto Jr.: otimismo

“A primeira coisa que me vem à cabeça ao pensar em cultura neste ano de 2011 é a palavra ‘otimismo’, sobretudo em relação ao trabalho que muitos artistas vêm desenvolvendo de forma independente na busca de uma cena cultural cada vez mais urbana e ‘conectada’ com as experiências desenvolvidas em outros estados.

Um exemplo disso é o pessoal do gênero pop/rock, que, neste ano, conseguiu produzir shows e eventos fazendo circular pela ilha bandas alternativas com trabalho autoral e promovendo esse diálogo musical dentro dos circuitos nacionais de festivais de música independente. Cito aqui o Coletivo Velga, Garibaldo e o Resto do Mundo, Gallo Azzuu, Megazines, Nova Bossa, entre outros.

Beto Ehongue, Dicy Rocha, Tássia Campos, Milla Camões, Bruno Batista e Djalma Lúcio me fizeram bater muitas palmas em todos os projetos que estiveram envolvidos.

Algumas casas noturnas também me ofereceram bons encontros e boas experiências sonoras. Salve o Odeon Sabor e Arte que voltou com boas energias e a novidade regueira que é o Porto da Gabi. Experiências transcendentais.

No difícil campo das artes cênicas, a Pequena Companhia de Teatro, a Santa Ignorância Cia. de Teatro e o talento do dramaturgo Igor Nascimento não deixaram eu me acomodar na confortável resignação de fruir de espetáculos simples. Foram geniais!

Tivemos quatro festivais de cinema com programação de qualidade e algumas com caráter popular que me fizeram chorar com a vida e arte de grandes artistas e inclusive com alguns filmes que serviram bem mais do que ter pago qualquer valor para um analista ou psicólogo. Quando a ficção ajuda até a tua subjetividade.

Enfim, pelos exemplos que citei, percebe-se a pouca referência a instituições ou órgãos públicos como apoiadores desses projetos. O otimismo está aí: essa sensação de testemunhar experiências culturais contemporâneas que nos afastam de qualquer saudosismo ou nostalgia com outras décadas e colocam nossos sentidos para viver o presente, sem vícios, sem dependências e com a coragem de quem confia na autoestima de nossa produção cultural contemporânea.

E o próximo ano será bem melhor!”

Alberto Júnior, radialista e crítico musical

“O fato mais marcante foi a grande quantidade de shows em São Luís no início do ano. Foi uma verdadeira explosão de bons shows e shows inéditos ou quase inéditos em São Luís. Infelizmente o ano de 2011 não prosseguiu com a grande “leva” de shows, talvez por acanhamento de muitos produtores, mas os primeiros meses do ano foram realmente surpreendentes. Só para lembrar, tivemos apenas em abril, Pitty, Marcelo D2, Lobão, Richie Spice, Doro Pesch e outros. O primeiro semestre de 2011 também nos agraciou com shows de Jason Mraz, Adriana Calcanhotto, Marcelo Camelo, Blues Etílicos, Arnaldo Antunes e muitos outros. O segundo semestre também pode ser lembrado com shows do Teatro Mágico e os internacionais Blind Guardian e Flo Rida. Dezembro será fechado com chave de ouro com show de Paulinho Moska, em mais uma edição do Prêmio da Rádio Universidade. Com certeza esqueci de mencionar vários outros shows, mas todos esses shows provaram que São Luís pode sim receber grandes nomes da música brasileira e exportações da música pop”.

Andréa Barros, jornalista, ex-assessora de comunicação da Lima Dias Turismo, agência responsável pela vinda de muitos dos shows citados à capital maranhense

Ehongue lembra a dinheirama despejada no carnaval carioca em detrimento dos artistas que produzem no Maranhão

“Queria tanto estar agora escrevendo algo de bom sobre os rumos culturais de nossa cidade/estado em 2011, sério mesmo. Queria poder dizer que grandes eventos aconteceram e melhor ainda acreditar que o ano seguinte mostra uma luz clara no fim do túnel, mas não dá. Ficamos carentes de políticas culturais onde ainda prevalecem as decadentes e assistencialistas programações de São João e Carnaval.

Os milhões dedicados à escola de samba Beija Flor, a Praia Grande abandonada e outros milhões dispersados em uma árvore de natal são só algumas das aberrações que indicam que nossa terra anda completamente na contramão das necessidades. Isso tudo merece um DELETE.

Fora da esfera oficial aconteceram coisas boas, como por exemplo o Prêmio Nacional de Música recebido pela dupla Alê Muniz e Luciana Simões. Isso serve de inspiração para toda uma geração de músicos maranhenses que mesmo sem o apoio ou a lembrança dos órgãos que trabalham com cultura continuam teimando com talento e criatividade.

Em 2012 desejo a todos um ano mais sincero e promissor.”

“Beto Ehongue, compositor e produtor musical, homem à frente das bandas Negoka’apor e Canelas Preta

“Destacaríamos, em 2011, o Papoético como uma ideia que germinou e está criando raízes no panorama cultural da cidade. Apesar de ainda não ter a visibilidade necessária na mídia, está se expandindo entre as pessoas que pensam e se preocupam com a cultura em São Luís e no Maranhão. Como evento, São Luís, Outros 400 [temporada de nove shows apresentada pelo compositor Joãozinho Ribeiro e convidados no Novo Armazém] foi um acontecimento que reuniu a nata da música e da cultura maranhenses nos últimos meses do ano.

Também citaríamos o Café Literário, promovido no [Centro de Criatividade] Odylo Costa, filho, organizado pela professora Ceres Fernandes e, finalmente lembramos, para lamentar, o pouco caso que a Prefeitura de São Luís dedicou à Feira do Livro, um evento agregador e com grande potencial econômico, turístico e cultural, mas que está sendo continuamente esvaziado devido à miopia dos atuais administradores da cidade”.

Beto Nicácio, arte-educador, publicitário e quadrinhista, e Iramir Araújo, historiador, publicitário e quadrinhista, a Dupla Criação

Para Mesito, Feira do Livro foi decepcionante

“A decepcionante 5ª. Feira do Livro de São Luís (Felis). Para mim foi a maior decepção cultural nos últimos tempos”.

Bioque Mesito, poeta

Para o editor da Pitomba!: "De mal (...) quase tudo que tenha (...) alguma oficialidade"

“O Papoético é um lance massa! É o que vejo de mais interessante, por ser um lance coletivo e agregador, sem falar na pinga. De mal houve quase tudo que tenha as mãos de alguma oficialidade: tombamento do boi, feira do livro, essas coisas”.

Bruno Azevêdo, escritor, autor de Breganejo Blues e O Monstro Souza, editor da revista Pitomba! e, a partir deste número, colunista do Vias de Fato

“Na música eu destacaria a trajetória de sucesso de Cine Tropical, que deu o Prêmio da Música Brasileira ao Criolina. Na literatura, o lançamento de aliado involuntário, novo livro de poemas de Fernando Abreu”

Celso Borges, poeta e jornalista, parceiro da Alê Muniz e Luciana Simões em São Luís-Havana, faixa que levou o troféu de melhor música no Prêmio Universidade FM 2010

Prêmio do Criolina e livro de Fabreu foram os destaques para CB, aqui visto em uma de suas elogiadas performances

“Vamos logo para o bem.
Mesmo não sendo lá essas coisas, difícil não destacar no ano de 2011, no campo cultural e longe dos afagos oficiais, os lançamentos primorosos dos CDs de Bruno Batista e de Nosly, o amadurecimento  da dupla Criolina, a garra e a beleza das performances de Celso Borges, o Papoético do Paulão [o poeta e jornalista Paulo Melo Sousa], o Café Literário, o livro do Fernando Abreu, os Outros 400, projeto de Joãozinho [Ribeiro] etc . Saldo positivo.

De tristeza: a continuada  favelização da Praia Grande e a perda de D. Teté.”

Chico Saldanha, compositor, lançou Emaranhado em 2007 e, ao lado de Cesar Teixeira, Joãozinho Ribeiro e Josias Sobrinho, levou o troféu de melhor show do ano no prêmio Universidade FM 2011

Memória cinemetográfica

“Como a minha área de atuação é o cinema, acho que é importante destacar que em 2011 tivemos várias mostras e festivais. Isso é uma importante conquista para o público, que certamente teve acesso a produções destacadas no cenário nacional e no internacional.

Não podemos esquecer também esse maravilhoso trabalho do cineasta Murilo Santos de devolver às comunidades aquilo que a sua câmera registrou com o passar dos anos, tanto na forma de sessões como na de belos painéis fotográficos, além dos novos vídeos gerados nesses encontros.”

Francisco Colombo, cineasta e professor universitário, curador das mostras de Cinema Infantil e Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, realizadas em São Luís em 2011

Gildomar Marinho entra em estúdio em janeiro para gravar sucessor de Olho de Boi (2009) e Pedra de Cantaria (2010)

“O destaque é o próprio jornal, com sua linha editorial que se configura um contraponto à cultura vivenciada no Maranhão atualmente, eivada de vícios, paternalismos e extremamente violenta contra qualquer perspectiva de emancipação cultural. Vias vai às veias, às tripas, aos fatos. Um soco no estômago de uma elite autocrática. Um sopro de vida à verdadeira imprensa livre”.

Gildomar Marinho, compositor

Para Lena Machado, destaque foi o show de Cesar Teixeira

“O show Bandeira de Aço de Cesar Teixeira em julho, no Circo da Cidade. Ver o nosso querido poeta feliz e à vontade no palco, cantando clássicos, além de apresentar inéditas como Cubanita e Boi de Medonho foi maravilhoso. Tão bom que não canso de perguntar: e aí, Cesar, quando seremos presenteados com o segundo?!!”

Lena Machado, cantora

Descaso com artistas entre as lembranças de Milla Camões, que estreia em disco ano que vem

“O que me marcou de forma positiva foi o Lençóis Jazz e Blues Festival. Claro, houve a minha participação, mas muito mais pelo fato de São Luís ter entrado, definitivamente, na rota comercial deste tipo de música, no Brasil. Além de, por falar em rota, termos tido também, bons shows (apesar de, às vezes, a preços exorbitantes, por conta da falta de espaço adequado para as apresentações ou mesmo falta de compromisso dos contratantes), boas peças de teatro, enfim. Vi um suspiro de qualidade entrando nas veias da cidade e isso me deixa feliz. Dois fatos me deixam extremamente triste: a falta de responsabilidade e compromisso de donos de bares, casas noturnas e governantes com a música em geral (não pensem que calotes, prejuízos etc., acontecem só com uma fatia: inclua aí TODOS os estilos), e, embora redundante, a pergunta anual, que continua sem resposta: “Até quando?”; e a perda de figuras importantes de nossa cultura, a exemplo de Dona Teté. Seu cacuriá continuará vivo, por que existem pessoas dispostas a se comprometer com seu legado. Mas quantos mestres morreram, esquecidos em interiores deste Estado, quantas culturas, quantas danças estão entrando em extinção, por não haver interessados em repassar ao próximo seu conhecimento? Aulas de cultura popular, de arte em geral, nas escolas; a aprovação e inclusão definitivamente dessa Lei [que torna obrigatório o ensino de música nas escolas], seria de grande valia. E que 2012 nos traga felicidade, poesia, música e arte ao cubo!”

Milla Camões, cantora

Falecimentos de Carlos de Lima e Dona Teté entre os maus momentos lembrados por Moema

“Tivemos bons e maus momentos, alegres e tristes. Com certeza a morte de D. Teté e a do Sr. Carlos Lima foram nossas grandes perdas. Alegres foram os outros momentos, incluindo (para quem gosta): o carnaval, as festas juninas, as feiras, principalmente a de livros e a de artigos de vários paises. O lançamento do livro de Aymoré Alvim, meu irmão, foi um dos melhores momentos da nossa Academia. Lamentáveis os fatos que envolveram o Prof. Saraiva [acusado de racismo por estudantes da UFMA], manchando uma reputação construida com muito sacrifício, ao longo de muitos anos”

Moema de Castro Alvim, sebista, proprietária do Papiros do Egito

Papoético de Paulão entre os mais lembrados na retrospectiva

“Acompanhei pouco as agitações culturais este ano. Só estive mesmo ligado no Papoético, mas, acho que a revista Pitomba! fez a diferença. Fazer literatura, no Maranhão, hoje em dia, é ato de heroísmo e publicar é altruísmo puro. A Pitomba! deu uma importante contribuição, aliando agitação literária com um material de qualidade, gerando, inclusive, polêmica, o que serviu para oxigenar o cenário da cultura local”.

Paulo Melo Sousa, jornalista e poeta, coordenador do Papoético, tertúlia semanal realizada no Chico Discos (Rua 13 de Maio, Centro)

“Eu destacaria o filme A alegria, de Felipe Bragança e Marina Meliande, bem como a Trilogia Coração no Fogo, da qual o filme faz parte, pelas razões que já expus aqui. É um cinema que produz, com suas imagens oxigenadas, outras maneiras de ver. Munição pesada para a imaginação, o sonho e a coragem”.

Reuben da Cunha Rocha, jornalista e poeta

Ricarte Almeida Santos lembra bons momentos, apesar da ausência de política cultural, objeto de seu estudo no mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA)

“Para o bem: o projeto Outros 400 [temporada capitaneada pelo compositor Joãozinho Ribeiro, no Novo Armazém]; o show Rosa Secular II [com Chico Saldanha, Joãozinho Ribeiro, Josias Sobrinho e convidados, Bar Daquele Jeito, 10/12]; o lançamento do cd Eu não sei sofrer em inglês, o segundo de Bruno Batista;  o show Bandeira de Aço, de Cesar Teixeira [Circo da Cidade, junho]; a Mostra de Cinema Infantil [Cine Praia Grande, 12 e 13/10]; o Festival Guarnicê de Cinema; as várias rodas de choro em vários locais da Ilha (de shoppings a botequins); o lançamento do cd A Canção de Cartola na voz de Léo Spirro. Para o mal: nem um passo dado no sentido de uma política cultural para o Maranhão; o governo de Roseana Sarney financiando o carnaval da Beija Flor carioca; a morte de Dona Teté; a cultura de eventos que ainda prevalece; e o abandono da Praia Grande”.

Ricarte Almeida Santos, sociólogo e radialista, apresentador do dominical Chorinhos & Chorões, às 9h, na Rádio Universidade FM (106,9MHz)

Urias critica parte da classe artística

“São Luís, 400.000 lamentos. Um povo é o reflexo de seu governo ou o governo é reflexo do seu povo? Estamos no ápice da mediocridade no nosso fazer cultural (talvez com exceção para as “brincadeiras” populares). Uma secretaria medíocre, cercada de nós, artistas ainda mais medíocres, que sempre pensamos que nosso trabalho é a maravilha. A miséria que vem nos cercando, sem dúvida, vai sendo refletida na qualidade de nossos produtinhos “inventados” e não criados com um debruçar sobre si mesmo para por em prática um processo que venha alterar e complementar a consciência de quem somos nós. Ouvi outro dia de um amigo “artista”: “Ah!, esse negócio de processo (!!!!), de treino e ensaio pesado me enche o saco. Agora tudo é processo! Eu quero mais é fazer!”. Acho que todos nós realmente temos o direito de fazer o que nos dá na telha e nos desejos, mas na minha liberdade de pensar, penso também que esse papo é de “artista” que não tem que batalhar para viver da arte que faz e tem casa, comida e roupa lavada, além de não dar a mínima pro seu crescimento pessoal, o que por si só justifica a busca de um processo de trabalho..”

Urias Oliveira, ator premiado internacionalmente, botando o dedo na ferida

Wilson Marques é outro que destaca o cinema em 2011

“Destaco o primeiro Festival Internacional de Cinema, da Lume, evento de alto nível que infelizmente foi pouquíssimo prestigiado pelo público de São Luís”.

Wilson Marques, escritor, lançou em 2011 A Lenda do Rei Sebastião e o Touro Encantado em Cordel

ZéMaria Medeiros destaca evento próprio e descaso com artistas pelo poder público

“Os 9,7 anos de A Vida é uma Festa, os lançamentos dos cds Onde tá o coro, de ZéMaria Medeiros & A Casca de Banana, e Arriba Saia, de Omar Cutrim, os falecimentos de Mundica e Dona Teté, os atrasos entre seis meses e um ano para pagamento de cachês de artistas, um absurdo!, o carnaval 400 anos da Beija Flor, ridículo!, o desprezo da produção musical do Maranhão pelos maranhenses, em valorização do axé, breganejo, pornoforró e tchans!”

ZéMaria Medeiros, poeta e músico, comanda há mais de nove anos o happening A Vida é uma Festa, que acontece semanalmente às quintas-feiras na Praia Grande

Péla na tela

Cineasta, professor universitário e fotógrafo, Murilo Santos está hoje em Rosário, mais precisamente no povoado São Simão, palco original da dança do lelê, também conhecida como péla-porco. Hoje (7) à noite, durante os festejos de Nossa Senhora da Conceição, ele exibe um documentário que realizou ainda na década de 1970 sobre a citada manifestação cultural.

Às próprias custas s. a., como diria Itamar Assumpção, Murilo Santos tem feito um trabalho importante de devolução de suas obras (filmes e fotografias) às comunidades que lhe serviram de cenário. Exemplo recente é A festa de Santa Tereza, exibido em Itamatatiua, comunidade alcantarense que lhe serve de palco (à festa e ao filme, que teve trechos usados em No fiel da balança, de Francisco Colombo).

Documentário permaneceu inédito por 35 anos

O doc, de 1976, integrou a pesquisa A dança do lelê na cidade de Rosário, no Maranhão, projeto coordenado pelo antropólogo Sérgio Ferretti. Junto dele, também participaram dos trabalhos a pesquisadora Joila Moraes e o poeta Valdelino Cécio, à época do Departamento de Assuntos Culturais da Fundação Cultural do Maranhão.

Em algumas viagens ao povoado rosariense, a pesquisa foi acompanhada pelo folclorista Domingos Vieira Filho, então presidente da Fundação Cultural do Maranhão – em algumas fotos, ele aparece realizando pesquisa de campo. Os resultados do importante trabalho viraram livro em 1977, com fotografias de Murilo Santos – ele era fotógrafo da trupe e aproveitou as ocasiões para filmar, por conta própria. No ano seguinte a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, da Fundação Nacional de Arte (Funarte) do Ministério da Educação e Cultura (MEC), realizou uma nova publicação da pesquisa, na série Cadernos de Folclore, nº. 22.

No filme, um curta-metragem de 12 minutos, rodado em película 16mm, Domingos Vieira Filho aparece rapidamente – é sua única imagem filmada.

Nesta sexta-feira (9), às 19h30min, Murilo Santos exibe este documentário e, após, (de)bate papo com os presentes ao Papoético, evento semanal capitaneado pelo poeta e jornalista Paulo Melo Sousa, o Paulão, que já conta um ano de atividades ininterruptas.

O Papoético acontece no Chico Discos (Rua 13 de Maio, 389, esquina com Rua dos Afogados, sobre o Banco Bonsucesso). A entrada é gratuita.

Deu bode no Papoético

Acima, primeira parte (de cinco, todas disponíveis no YouTube) do documentário Bode rei, cabra rainha [Brasil, 2008, 52min.], de Helena Tassara. O filme será exibido e debatido no Papoético de amanhã (24), às 19h30min, no Chico Discos (Rua de São João, 389, esquina com Afogados, sobre o banco Bonsucesso), com a presença da cineasta.

Conforme e-mail de Paulo Melo Sousa, vulgo Paulão, organizador e coordenador da tertúlia, o doc “prioriza como personagens o bode e a cabra, e inclui a fala de criadores, artistas populares, comerciantes e outras figuras cuja vida está profundamente ligada a esses animais, como o escritor Ariano Suassuna e Manelito Dantas, com participação de Zeca Baleiro, dentre outros artistas, na leitura e interpretação de textos. A música original é de Fabio Tagliaferri e Paulo Tatit”.

“A proposta da diretora, Helena Tassara, foi a de realizar um documentário divertido e rico, pontuado por histórias reais ou imaginárias, para ilustrar a essência da personalidade de seus protagonistas e a sua relação com os homens e mulheres nordestinos”, ainda segundo o e-mail.

Bode rei, cabra rainha, uma co-produção Fundação Padre Anchieta/ TV Cultura e Sesc TV, com produção da Cinematográfica Superfilmes, foi um dos vencedores do concurso Doc TV – Janela Brasil 2007 e já abocanhou diversos outros prêmios: melhor média metragem na 32ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (2008); melhor longa/média de temática nordestina na 36ª. Jornada Internacional de Cinema da Bahia (2009, Prêmio Especial do Banco do Nordeste); Troféu Nêgo Chico para o melhor filme/vídeo do 12º. Concurso Refestança concedido pelo Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho da Superintendência de Cultura Popular da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão no 32º. Festival Guarnicê de Cinema e Vídeo (2009); menção honrosa para melhor filme de média metragem no 11º. Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA) de Goiás (2009); melhor filme, melhor documentário e melhor trilha sonora no III Festival de Vídeo e Cinema Rural de Piratuba/SC (2011).

O Papoético tem entrada franca e é o único lugar em São Luís (fora sua própria casa) em que se podem ver filmes tomando cerveja. Faltou só uma carninha de bode de tira-gosto…

Murilo Santos no Papoético

O cineasta Murilo Santos posa com uma Kodak Rio 400, presente de seu pai

Fotógrafo, cineasta e professor, Murilo Santos (foto) é o convidado de hoje (20) do Papoético, que acontece a partir das 19h30min no Chico Discos (esquina das ruas Treze de Maio e Afogados, entrada pela primeira, sobre o banco Bonsucesso), de graça.

Sob mediação do poeta Paulo Melo Sousa, vulgo Paulão, Murilo conversará com o público presente sobre seus ofícios e exibirá o documentário francês Le bonheur est là-bas, en face, de Jean-Pierre Beaurenaut, cujo estilo influenciou o trabalho do maranhense.

O doc foi filmado no Maranhão (na capital São Luís e na comunidade quilombola de Ariquipá, Bequimão), na década de 70, e discute temas como comunidades quilombolas, migrações, cidade e urbanização, entre outros.

Elza na tela do Maranhão na Tela

Elton Medeiros conta que João da Baiana foi preso diversas vezes pelo simples motivo de andar nas ruas com um pandeiro na mão. No início do século XX isso era sinônimo de vadiagem. Até que um dia, um senador seu amigo deu-lhe um pandeiro e escreveu uma dedicatória no couro, indicando quem tinha sido o autor do mimo. O pandeiro passou a, além de instrumento, servir de documento a João da Baiana.

Elza Soares revela que um dia sonhou ser prostituta. Na inocência de criança ou adolescente, ouvira a mãe de uma conhecida acusá-la de e ouvir um “sou. Sou prostituta, sim. Sou linda, gostosa, maravilhosa”. Para a futura cantora, ser prostituta era isso. “Era tudo o que eu queria ser. Eu achava que tinha encontrado minha profissão”, conta, divertindo-se e a todos nós.

Estes são dois depoimentos marcantes em Elza [documentário, 2008, Brasil, 82min., direção: Izabel Jaguaribe e Ernesto Baldan], que conta ainda com nomes como Caetano Veloso, Maria Bethania, Jorge Benjor, o violonista João de Aquino, o antropólogo Hermano Vianna, Mart’nália, Paulinho da Viola, José Miguel Wisnik e outros.

Bela homenagem a uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos, o filme poderia ser menor, sem prejuízo ao conteúdo. O encontro com Maria Bethania, em que elas desfilam sambas de roda acompanhadas de um pandeiro, é longo e cansativo, com uma troca de elogios quiçá desnecessária. Noutro momento, Jorge Benjor canta Jorge de Capadócia sozinho, com Elza Soares entrando apenas ao final.

O filme foi exibido ontem, dentro da programação do Maranhão na Tela, no estacionamento da Praia Grande. A exibição foi prejudicada pela iluminação normal do lugar, o burburinho dos passantes, um dos pagodes que infestam o lugar irrompendo antes do fim do filme, a falta de cadeiras e o início antecipado da sessão – quando cheguei, pouco antes das 19h30min, horário anunciado nos folders com a programação, o filme já havia começado. Vi todo o resto em pé.

Penso que a produção poderia potencializar o uso das duas salas onde também está acontecendo o Maranhão na Tela: o Cine Praia Grande, que tem uma programação mais cheia, e o Teatro Alcione Nazaré, que não mais terá sessões a partir de segunda-feira – o festival acontece até sexta (16).

Hoje tem Natimorto [drama, 2009, Brasil, 92min., direção: Paulo Machline], baseado no livro de Lourenço Mutarelli, com o próprio de protagonista.