Joãozinho Ribeiro celebra a vida e a arte em dois shows no Teatro Arthur Azevedo

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Apresentações acontecem dias 3 e 4 no Teatro Arthur Azevedo, com participações especiais de Adler São Luiz, Adriana Bosaipo, Alê Muniz, Aziz Jr, Chico Saldanha, Daffé, Josias Sobrinho, Maria Spíndola, Paulo Pirata, Rosa Reis e Sérgio Habibe

O poeta e compositor Joãozinho Ribeiro - foto: divulgação
O poeta e compositor Joãozinho Ribeiro – foto: divulgação

O poeta e compositor Joãozinho Ribeiro completou, em 2025, 70 anos de idade e 60 de uma vitoriosa batalha contra um câncer. Uma de suas frases de cabeceira, do pintor italiano Amedeo Modigliani (1884-1920), diz que “o dever do artista é salvar o sonho”. O artista entende que a celebração da vida passa pela celebração da arte.

Estes são os motes do show “Canções da Vida e da Arte”, que Joãozinho Ribeiro apresenta nos próximos dias 3 e 4 de outubro, às 20h, no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro), com as participações especiais de Adler São Luiz, Adriana Bosaipo, Alê Muniz, Aziz Jr, Chico Saldanha, Daffé, Josias Sobrinho, Maria Spíndola, Paulo Pirata, Rosa Reis e Sérgio Habibe.

Com produção e coordenação geral de Lena Santos, o show de Joãozinho Ribeiro tem direção geral do artista, que será acompanhado pelos músicos Rui Mário (sanfona, teclados e direção musical), Arlindo Pipiu (violão e guitarra), Hugo Carafunim (trompete), Danilo Santos (saxofone e flauta), Robertinho Chinês (cavaquinho), Carlos Raqueth (baixo), Ronald Nascimento (bateria), Marquinhos Carcará (percussão), Kátia Espíndola (vocal), Raquel Espíndola (vocal) e Renato Serra (teclados).

As celebrações de Joãozinho Ribeiro têm caráter solidário: os ingressos para os shows serão trocados por alimentos, materiais de limpeza e higiene pessoal, pedagógicos, hospitalares, descartáveis, roupas e utensílios domésticos para a Casa de Apoio da Fundação Antonio Dino. A troca pode ser feita no Convento das Mercês (sede da Fundação da Memória Republicana Brasileira, Rua da Palma, Desterro) ou no Teatro Arthur Azevedo (nos dias do espetáculo).

Joãozinho Ribeiro é um dos artistas maranhenses mais gravados, tendo músicas suas em registros de nomes como Betto Pereira, Célia Maria, Chico César, Elba Ramalho, Flávia Bittencourt, Josias Sobrinho, Lena Machado, Olodum, Rita Benneditto, Rosa Reis e Zeca Baleiro, entre outros.

Parte deste repertório autoral será lembrada nas duas apresentações do show “Canções da Vida e da Arte”, que tem patrocínio da Potiguar e Secretaria de Estado da Cultura (Secma), através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão.

Serviço

O quê: show “Canções da Vida e da Arte”
Quem: Joãozinho Ribeiro e convidados
Quando: dias 3 (sexta) e 4 de outubro (sábado), às 20h
Onde: Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro)
Quanto: os ingressos solidários serão trocados por alimentos, materiais de limpeza e higiene pessoal, pedagógicos, hospitalares, descartáveis, roupas e utensílios domésticos para a Casa de Apoio da Fundação Antonio Dino (a partir do dia 1º. de outubro no Convento das Mercês e nos dias das apresentações também na bilheteria do TAA)
Informações: no instagram @joaozinhoribeiromilhoesdeuns

A casa de Mônica Salmaso (e a gente de visita)

fotos: Zema Ribeiro

Mônica Salmaso é uma das maiores cantoras do Brasil em atividade. Seu show “Minha casa”, título do recém-lançado álbum homônimo (Biscoito Fino, 2025), apresentado ontem (6), no Teatro Arthur Azevedo, é uma síntese de beleza de um Brasil possível.

Com o show, ela circula o país em turnê desde 2023; o álbum foi gravado ao vivo, ano passado, em Belo Horizonte/MG. Isto é, ela inverteu a lógica de gravar um álbum em estúdio para só então partir para o palco. O resultado é um espetáculo maduro, irretocável, não há uma falha sequer, do figurino à iluminação, durante as quase duas horas de apresentação.

Já fazia 17 anos que a cantora não se apresentava em São Luís. Esteve aqui em 2008, acompanhada do grupo Pau Brasil, no mesmo TAA, em “Noites de gala, samba na rua”, seu álbum dedicado ao repertório de Chico Buarque. Do Pau Brasil seguem com ela, no palco e no estúdio, Ricardo Mosca (bateria) e o marido Teco Cardoso (flautas e saxofone); o sexteto se completa com Tiago Costa (piano), Neymar Dias (viola e contrabaixo, único craque brasileiro com esse nome), Ari Colares (percussão) e Lulinha Alencar (acordeom).

Comparando ao espetáculo passado, ao qual este se soma entre os melhores shows que já vi na vida, Mônica Salmaso está muito mais à vontade, com uma presença de palco absurda. O título do álbum (e do show) faz todo sentido: sua casa é o palco e a plateia é a visita que sai em êxtase diante de tanta beleza. É literalmente de arrepiar.

A base do repertório é o que está registrado no álbum, com exceção de “Violada” (que não consta do cd, disponível apenas em streaming e no DVD vindouro) e “Canto sedutor”, que, do álbum homônimo, em duo com Dori Caymmi, foi parar na trilha sonora do remake da novela “Renascer”, da Rede Globo

“A gente soube dessa música vendo a novela. Aí colocavam a música quando Jacutinga estava triste. Quando Jacutinga foi embora a gente achou que a música não ia mais tocar. Aí qualquer personagem que aparecia triste, eles colocavam a música. E eu não cantava nos shows. Aí depois o artista reclama que não tem oportunidade”, contou Mônica entre os vários dedos de prosa que teve ao longo do roteiro, não raro levando à plateia aos risos.

Quando a cortina se abre, Mônica Salmaso aparece com um tamborim nas mãos e entoa “Saudações” (Egberto Gismonti e Paulo César Pinheiro), senha para um repertório que alia temas já consagrados em sua trajetória a músicas nunca antes gravadas por ela, caso de “Xote” (Gilberto Gil e Rodolfo Stroeter), a que ela se referiu como “uma música que conta uma história, algo que só é possível no Brasil”.

“99% das músicas que as pessoas me mostram, sugerindo que eu grave, são tristes. Eu até sou chegada numa tristezinha, não vou mentir, mas eu quero ver quando é que alguém vai fazer o coco da Mônica Salmaso”, contou para mais risos do público, antes de cantar “Gírias do Norte” (Jacinto Silva e Onildo Almeida), num medley com “Coco sincopado”.

“Minha casa”, como o “Canto sedutor”, surgiu de exercícios durante a pandemia: lives, vídeos e duetos, o possível para o momento tenebroso atravessado pelo planeta e, particularmente, pelo Brasil, com o agravante político da época. Ao lembrar disso, alguém na plateia gritou “sem anistia!”. “Óbvio, sem anistia!”, respondeu a cantora, que nunca deixou de manifestar sua posição e preferência política.

Quando cantou “A violeira” (Tom Jobim e Chico Buarque), lembrou de como conheceu a música e tornou a fazer rir o público presente. “Eu era adolescente e achei a trilha do filme e uma parte dela foi composta por Tom e Chico. E eu canto desde adolescente. Vocês viram que a letra é quilométrica, mas eu nunca errei, embora eu só diga isso depois de cantar. Eu sei até que rola um bolão aí [entre os músicos] para saber quando eu vou errar, mas até aqui eu sigo invicta”, disse.

“Menina amanhã de manhã” (Tom Zé e Perna) foi o segundo bis com que deixou o palco (o primeiro foi a citada “Canto sedutor”). A felicidade desabou sobre os homens (e mulheres) antes mesmo que estes deixassem o teatro. Uns, tal qual este repórter, com a companheira e a mãe, sem um bloco de notas e tendo sacado o celular apenas para fazer as fotos que ilustram este texto, ainda enfrentaram a fila para colher autógrafo, fotos e abraços, com a vontade de fazer, de tão agradável, o cantor (sedutor) de Mônica Salmaso de “Minha casa”, nossa casa.

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Reveja a entrevista de Mônica Salmaso ao Balaio Cultural de ontem (6), na Rádio Timbira FM (95,5), com este repórter:

Ceumar e seus companheiros em comunhão com a plateia

Webster Santos, Luiz Cláudio, Josias Sobrinho e Ceumar, ontem (25), no Teatro Arthur Azevedo - foto: Zema Ribeiro
Webster Santos, Luiz Cláudio, Josias Sobrinho e Ceumar, ontem (25), no Teatro Arthur Azevedo – foto: Zema Ribeiro

O primeiro dos dois shows que Ceumar traz à São Luís na circulação com que celebra seus 35 anos de música, realizado ontem (25), no Teatro Arthur Azevedo (o segundo é hoje, 26, às 18h) foi uma demonstração de que a música é uma profissão de fé, capaz de promover uma verdadeira comunhão entre os artistas no palco e a plateia.

Nesta havia de fãs de carteirinha a gente que ouvia Ceumar ou ia ao Arthur Azevedo pela primeira vez – caso da própria artista, que visita São Luís desde 2000, quando realizou por aqui show no saudoso Canto do Tonico, do álbum Dindinha, sua estreia, lançado no ano anterior. Já havia passado pelo Teatro João do Vale, pelo antigo Armazém, pela Ponta do Bonfim, entre outros.

Não à toa ela falou, no bate-papo com os interessados, após a apresentação, sobre os espíritos da arte, aludindo às muitas histórias que comporta um teatro secular como o Arthur Azevedo, merecidamente tido como um templo sagrado das artes. Ladeada por Webster Santos, que se revezou entre violões, bandolim e vocais, ao longo do show, ela lembrou também da importância de políticas públicas de cultura, como a bolsa Pixinguinha de Música, da Funarte, que permite momentos como este, com entrada franca.

Ceumar sobe ao palco descalça, “para se conectar melhor com a terra”, e começa pelas origens, com “Canção de Itanhandu” (Henrique Beltrão) e “Mãe” (Ceumar), para não esquecer e nos lembrar de onde vem. Vai ilustrando o show com memórias de acontecimentos marcantes de sua trajetória, alguns deles aprofundados durante a conversa posterior.

Os 35 anos ela conta não da estreia fonográfica, mas de quando se muda para Belo Horizonte e começa a ralar na noite. É nessa altura que conhece Zeca Baleiro, produtor de seu álbum de estreia, que lhe apresentou Webster Santos, o percussionista Luiz Cláudio (cujo pandeirão com vassourinhas é uma marca da sonoridade de Dindinha) e o cantor e compositor Josias Sobrinho, os convidados dos shows em São Luís.

Vai chamando um a um. Quando Webster entra, ouve-se ao longe o batuque de um bloco carnavalesco. Ele brinca: “eu sou baiano, combinei isso com eles”. O bom humor é uma das marcas da apresentação e da conversa.

Com os três no palco, um momento para celebrar Dindinha, desde à faixa-título, passando às composições de Josias gravadas por ela em sua estreia: o lelê “Rosa Maria”, com direito a dança dela e do autor, e a toada “As ‘perigosa’”, transformada numa balada em sua gravação.

Tal qual sua própria discografia, ao longo do show é difícil falar em ponto alto: Ceumar embevece a plateia sozinha, acompanhada e mesmo quando se projeta até a beira do palco e canta (e se faz acompanhar pelo público: “vocês lembram?”) à capela (e a gente canta junto o “Samba da utopia”, de Jonathan Silva).

Ceumar passeia pelo repertório de seus álbuns sempre ilustrando as canções com histórias. Por exemplo, “Achou!”, que deu título a seu álbum dividido com o violonista e compositor Dante Ozzetti. Ela ganhou a música dele e Luiz Tatit para participar de um festival da TV Cultura em que ficou com o segundo lugar.

Não faltaram “O seu olhar” (Arnaldo Antunes e Paulo Tatit), “Lá” (Péri), “Alguém total” (Dante Ozzetti e Luiz Tatit), “Cantiga” (Zeca Baleiro), “Boi de haxixe” (Zeca Baleiro), “Galope rasante” (Zé Ramalho), “Encantos de sereia” (Osvaldo Borgez) e “Silencia” (Ceumar), entre outras. E ela ainda leu alguns poemas de Ainda (Mórula, 2024), primeiro livro póstumo do poeta Celso Borges (1959-2023). Quando deixou o palco, após cerca de duas horas de show, e anunciou a conversa com o público, este pediu bis. Ela voltou acompanhada dos convidados e caíram no canto e dança em “Engenho de flores” (Josias Sobrinho).

Hoje tem mais. Não sei se é o mesmo show (nunca é!) na íntegra ou se há modificações no repertório e agora me pego em dúvida se o “mais um” gritado pela plateia era a saideira cantada ontem ou o bis de hoje, um show inteiro. “Olha pro céu”, como o Luiz Gonzaga (parceria com José Fernandes) que ela gravou na estreia (mas não cantou ontem), que até São Pedro colaborou ontem e não é por qualquer coisa que se perde show de Ceumar. Ainda mais de graça. Obrigado por mais uma chance! Depois não digam que eu não avisei.

O reencontro de Ceumar com os maranhenses

A cantora e compositora Ceumar - foto: Isabelle Novaes/ divulgação
A cantora e compositora Ceumar – foto: Isabelle Novaes/ divulgação

Os caminhos da cantora e compositora Ceumar se cruzam com os de Webster Santos, Luiz Cláudio e Josias Sobrinho desde Dindinha (Atração, 1999), disco de estreia da mineira – o primeiro tocou cavaquinho, violão e bandolim em faixas do álbum; o segundo, percussão; e do terceiro ela gravou “As ‘perigosa’” e “Rosa Maria”.

Produzido pelo maranhense Zeca Baleiro – autor de “Cantiga”, “Boi de haxixe” e “Pecadinhos”, além da faixa-título –, foi seu nome e o de Josias, entre os autores, na contracapa, o que primeiro me chamou a atenção (depois da própria capa, é lógico) naquele álbum.

A história é por demais conhecida e eu mesmo já contei noutras ocasiões: lá pelo começo dos anos 2000, quando ainda existiam lojas de discos, eu saí do trabalho rumo à parada de ônibus e encostei em uma das que havia na Rua de Santana, no Centro de São Luís. Não conhecia Ceumar, mas não titubeei: saí dali com o cd em mãos e ao chegar em casa, botei para ouvir e não parei mais.

Paixão à primeira vista, paixão à primeira audição – reafirmada a cada álbum seu: Sempre Viva (Elo Music, 2003), Achou! (2006, com Dante Ozzetti), Meu Nome (Circus, 2009), Live In Amsterdam (2010), Silencia (Circus, 2014), Viola Perfumosa (Circus, 2018, com Lui Coimbra e Paulo Freire) e Espiral (Circus, 2019).

São Luís será testemunha de seu reencontro com os citados no início deste texto. Ceumar se apresenta hoje (25, às 19h) e amanhã (26, às 18h), no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro), com entrada franca. As apresentações integram circulação com que a artista celebra seus 35 anos de música – contados não de sua estreia fonográfica, mas de quando começou a atuar na noite, vinda de sua Itanhandu natal para a capital mineira.

A circulação foi contemplada pelo edital Pixinguinha da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e, com ela, Ceumar chega ainda a Belém/PA e Belo Horizonte/MG. Quando do início das celebrações, este repórter conversou com Ceumar para o FAROFAFÁ. Releia a entrevista aqui.

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Serviço: show “Ceumar – 35 Anos de Música”. Hoje (25), às 19h, e amanhã (26), às 18h, no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro). Ingressos gratuitos – devem ser retirados na bilheteria do teatro, a partir de três horas antes do início do espetáculo.

Joãozinho Ribeiro e grande elenco apresentam “Canções de Amor e Paz”

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O poeta e compositor Joãozinho Ribeiro. Foto: divulgação
O poeta e compositor Joãozinho Ribeiro. Foto: divulgação

Espetáculo poético-musical acontece nesta sexta-feira (22), no Teatro Arthur Azevedo

Diariamente somos bombardeados pelo noticiário e pelas redes sociais com notícias desagradáveis. São fartos os casos de desastres (supostamente) naturais, violências de toda ordem e assassinatos, não raro os três se relacionando.

Na contramão disso, temos as artes, para servirem não como alienação, alheamento ou fuga da realidade, mas também para nos ajudar a refletir sobre a quadra histórica que atravessamos.

“O dever do artista é salvar o sonho”, sentenciou o artista plástico italiano Amedeo Modigliani (1884-1920), frase que se tornou um mantra para o poeta e compositor maranhense Joãozinho Ribeiro.

Nesta cruzada quase quixotesca em busca de salvar o sonho, Joãozinho Ribeiro apresenta nesta sexta-feira (22), às 20h, no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro), o espetáculo “Canções de Amor e Paz”, reunindo um grande elenco da música e poesia cometidas por estas plagas.

Desfilando um repertório autoral, Joãozinho Ribeiro agrega como convidados/as o Coral Infantil Batucando Esperança, Elisa Lago, Emmanuel Ferraro, Adriana Bosaipo, Anna Cláudia, Fátima Passarinho, Zeca Baleiro – que fará uma participação especial virtual, apresentando uma parceria inédita deles em vídeo –, Ivandro Coelho, Gisele Vasconcelos, Marconi Rezende, Rosa Reis, Leda Nascimento, Elizandra Rocha, Gilson César, Rosa Ewerton, Uimar Junior, Moizes Nobre e Tatiane Soares.

O anfitrião e a constelação que o acompanha terão seus feitos musicais e poéticos emoldurados pelos talentos de Rui Mário (sanfona e direção musical), Arlindo Pipiu (baixo), Hugo Carafunim (trompete), Danilo Santos (saxofone e flauta), Robertinho Chinês (cavaquinho e bandolim), Tiago Fernandes (violão sete cordas) e Marquinhos Carcará (percussão). A produção é de Lena Santos e a direção geral de Joãozinho Ribeiro.

Os ingressos custam R$ 50,00 (R$ 25,00, a meia-entrada para estudantes com carteira e demais casos previstos em lei) e estão à venda na Bilheteria Digital e na bilheteria do Teatro Arthur Azevedo.

Serviço

O quê: show “Canções de Amor e Paz”
Quem: Joãozinho Ribeiro e convidados
Quando: sexta-feira (22), às 20h
Onde: Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro)
Quanto: R$ 50,00 e 25,00

Zeca Baleiro lotou duas sessões ontem (25), no Teatro Arthur Azevedo

Foto: Patrícia Castro
Foto: Patrícia Castro

“Quero ficar no teu corpo feito tatuagem”. Os versos iniciais da clássica “Tatuagem” (Chico Buarque/ Ruy Guerra), com que Zeca Baleiro abriu o show “Fado Tropical”, ontem (25), no Teatro Arthur Azevedo, bem traduzem a relação do maranhense com seu público, consolidada em 26 anos, se contarmos apenas a partir de sua estreia fonográfica, com “Por Onde Andará Stephen Fry?” (MZA Music, 1997).

Por falar em 26 anos, chegou hoje às plataformas de streaming “Você Goza Com Dinheiro” (Zeca Baleiro), segundo single de uma série com que o artista está celebrando a inusitada efeméride.

Como ele mesmo contou, para gargalhadas do ótimo público presente: “quando eu lancei meu primeiro disco, me ligaram e disseram que tinham conseguido botar uma música minha na nova novela do Manoel Carlos, “Por Amor”; eu sempre fui noveleiro, sabia tudo, elenco, ficha técnica, trilha sonora, ficava disputando com minha irmã Lúcia [Santos, poeta] para saber quem tinha mais conhecimentos novelísticos; eu voltei a assistir novela e fiquei esperando, mas os capítulos passavam e nada da música; lá pelo capítulo 45, eu já quase desistindo de acompanhar, achando que não ia rolar, o personagem de Antônio Fagundes deu um beijo de cinema na Cássia Kis e a música tocou por dois minutos e meio, um tempão para televisão, no horário nobre; eu fiquei emocionado, chorei, mas depois a música nunca mais tocou, pois o personagem de Antônio Fagundes trocou a Cássia Kis pela Regina Duarte; tinha o dedo podre, o Fagundes”. E atacou de “Bandeira” (Zeca Baleiro), com o público cantando junto.

Acompanhado por Rui Mário (piano e sanfona), Lui Coimbra (violoncelo) e Luiz Cláudio (percussão), Baleiro desfilou um repertório de clássicos. De sua autoria e de Ruy Guerra, parceiro de Chico Buarque na música que intitulou o espetáculo, e de quem o próprio Zeca tornou-se parceiro recentemente, ao compor a trilha sonora do musical “Dom Quixote de Lugar Nenhum”, de autoria do brasileiro nascido em Moçambique.

O show foi montado para promover a peça, que estreia em junho no Teatro Oi Casagrande, no Rio de Janeiro, e após temporada no Sudeste, circulará pela região Nordeste no segundo semestre – “incluindo São Luís”, como Baleiro fez questão de frisar. Ele mesmo salientou que aquele era um show único, já que não há perspectiva de se repetir para além da sessão extra, realizada ontem mesmo, fruto da grandiosidade e generosidade do artista. Explico: a sessão de 20h seria apenas para convidados e para o Instituto Cultural Vale, que patrocina a realização de “Dom Quixote de Lugar Nenhum”. Baleiro não via muito sentido em fazer um show fechado em sua própria terra e fez distribuir ingressos para o público em geral, mediante a troca por um quilo de alimento não perecível. Não deu para quem quis e após reclamações gerais e algum tumulto, a produção do artista e a direção do TAA conseguiram garantir uma sessão extra, às 22h.

Baleiro estava à vontade, literalmente em casa e entre amigos. Presença ilustre na plateia, o ator Mateus Nachtergaele, a quem o cantor se referiu como “um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos”, e a convite dele, de seu lugar, anunciou “Processo de Conscerto do Desejo”, que apresentará domingo (28), às 19h, no TAA. Nachtergaele sintetizou o espetáculo: “minha mãe morreu quando eu tinha três meses de idade. E deixou uma pasta com poemas, muito bonitos. Ela tinha 22 anos quando se suicidou e hoje eu estou feliz em poder trazer isso a público”. Baleiro perguntou-lhe o porquê de São Luís e o ator não titubeou: “por que esse é um dos teatros mais bonitos do mundo”, elogiou.

Baleiro brincou com as intérpretes de Libras, reconhecendo a importância da acessibilidade cultural em espetáculos. Revelou se interessar mais pela língua brasileira de sinais que por inglês, mas que ainda não tinha tido tempo de estudar. Com uma delas, repassou a letra de “Quase Nada” (Alice Ruiz/ Zeca Baleiro) – que cantou com citação de “Sangue Latino” (Paulo Mendonça/ João Ricardo). “Tem poesia isso aí, o gestual dela”, arrematou.

Zeca Baleiro prestou ainda uma comovente homenagem ao parceiro Celso Borges (1959-2023). “Foi um dos maiores incentivadores da minha carreira e de muitos artistas daqui. Foi um cara que se envolveu com tudo, música, poesia, rádio… São Luís fica um pouco mais triste sem sua presença. Nós fizemos mais de 30 canções juntos e eu gravei algumas poucas. Vou cantar a mais conhecida”, disse, antes de cantar “A Serpente (Outra Lenda)”, esquecendo-se de citar o terceiro parceiro, o percussionista argentino Ramiro Musotto (1963-2009).

“Bárbara” (Chico Buarque/ Ruy Guerra), “Babylon” (Zeca Baleiro), “Ana de Amsterdã” (Chico Buarque/ Ruy Guerra), “Não Existe Pecado Ao Sul do Equador” (Chico Buarque/ Ruy Guerra), “Banguela” (Zeca Baleiro), em arranjo caliente, e “Fado Tropical”, incluindo a sífilis (“que todo general devia ter àquela época”, ironizou Baleiro) censurada pela ditadura militar, foram alguns outros clássicos presentes ao repertório.

Ao fim da apresentação, parte do elenco de “Dom Quixote de Lugar Nenhum” subiu ao palco para apresentar algumas canções da trilha sonora do espetáculo e anunciar o cortejo que acontecerá hoje (26), às 17h, nas imediações da Praça Nauro Machado (Praia Grande). Nesse momento, Zeca Baleiro e Lui Coimbra se juntaram à trupe tocando instrumentos de percussão.

Ainda com atores e atrizes em cena, à guisa de bis, Baleiro anunciou que ia fazer “Telegrama” (Zeca Baleiro), para delírio da plateia, que cantou junto. Após pouco mais de hora e meia o dito popular “tudo que é bom dura pouco” parecia demonstrar sua validade, mas o show precisava terminar para o acesso do público para a segunda sessão, também lotada.

Música de brincante

Fotos: Guta Amabile

“Todo brasileiro deveria ter um pandeiro”.

A manchete nunca me saiu da cabeça, uma fala de Antonio Nóbrega quando capa da revista Caros amigos, uma entrevista há quase 20 anos. Foi a frase de que me lembrei quando fui avisar minha esposa e enteada do concerto que ele e a Orquestra Ouro Preto deram ontem (3), no Teatro Arthur Azevedo.

“Tirando a casaca” é um desses espetáculos que não se deve perder por nada.

De certa forma, o encontro de Nóbrega, ex-Quinteto Armorial (que Ariano Suassuna inventou há mais de 50 anos), com a orquestra regida pelo maestro Rodrigo Toffolo, é uma conexão (nunca de todo perdida) com as ideias do dramaturgo, defensor de uma arte genuinamente nacional, que deram origem ao Movimento Armorial, de que o quinteto foi um dos maiores expoentes: a realização de uma música de concerto com raízes profundas nas tradições e na cultura popular brasileira, particularmente do Nordeste.

Não faltam fôlego e disposição ao quase setentão Nóbrega – ele completa 70 anos no próximo dia 2 de maio: canta, toca violino, dança e se diverte enquanto diverte e deleita a plateia. Sentada a meu lado, minha esposa puxou-me a mão para sentir-lhe o arrepio quando ele cantou sua “Excelência”, título que bem poderia referir-se à qualidade do repertório levado ao palco, quase completamente autoral.

São Luís foi a segunda cidade a receber o espetáculo. A temporada 2022 da formação foi aberta na capital mineira, após dois anos de eventos sem plateia, em decorrência da prolongada pandemia de covid-19. Os ingressos a preços populares (R$ 30,00 para qualquer setor do teatro) certamente colaboraram para que o público lotasse a casa – antes do espetáculo, parte dos presentes se deparou com uma espécie de “overbooking”, com alguns lugares tendo sido vendidos em duplicata pelo sistema digital que operava a venda de ingressos, mas logo o problema foi resolvido; este repórter, com ingressos para uma frisa, acabou na plateia. A turnê tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

O que se viu foi uma verdadeira comunhão entre público e plateia: a alegria estampada nos rostos, duas violinistas cantarolando o repertório enquanto cumpriam suas funções, o público cantando os refrões quando provocado por Nóbrega, que chegou a se deitar no palco, tão à vontade estava, e mesmo a descer dele para cantar à altura do público. Quando solou uma peça acompanhado apenas de pandeiro e zabumba, chegou a desamarrar o cadarço do tênis do pandeirista e atirá-lo à plateia.

Tudo era literalmente brinquedo.

Nóbrega dedicou a apresentação a Mestre Zumbi Bahia, capoeirista, e ao antropólogo gaúcho Norton Correa, ambos adotados por São Luís. Foi comovente também ouvi-lo cantar “O trenzinho do caipira”, tema de Heitor Villa-Lobos que ganhou letra no “Poema sujo” do maranhense Ferreira Gullar.

O artista esbanjou versatilidade e aqui e acolá arriscou uns passos de frevo e maracatu, ritmos que dominam o repertório do concerto, passeando por várias fases de sua carreira, desde o Quinteto Armorial até temas quase inéditos, executados também na apresentação inaugural da turnê.

Todo brasileiro deveria ter um pandeiro. E poder ir, ao menos uma vez, a uma apresentação de Antonio Nóbrega.

Teatro e política

Foto: Teatro Arthur Azevedo. Reprodução
Foto: Teatro Arthur Azevedo. Reprodução

 

Vindos do foyer os atores adentram o palco por uma lateral da plateia. Entram em cena cantando. Estão em busca de Ariano Suassuna (1927-2014), sua estrela guia. Ariano, o cavaleiro sertanejo, da companhia carioca Os Ciclomáticos, foi apresentada no palco do Teatro Arthur Azevedo na última sexta-feira (22), na programação da 14ª. Semana do Teatro no Maranhão, promoção da casa de cultura.

É um espetáculo impecável, que junta o teatro de comédia a canto e dança, com beleza e leveza. O figurino merece destaque. O grupo é feliz ao seguir a pista do homenageado, arquiteto do Movimento Armorial, equilibrando-se com desenvoltura entre o popular e o erudito.

Com seis atores em cena – Carla Meirelles, Fabíola Rodrigues, Getulio Nascimento, Julio Cesar Ferreira, Nívea Nascimento e Renato Neves –, a peça, escrita e dirigida por Ribamar Ribeiro, é dividida em seis partes, seis são as letras que escrevem o nome de Ariano. Como a palavra teatro. O texto passeia entre uma biografia cronológica de Suassuna e citações mais ou menos escancaradas a obras de sua lavra, com destaque para O auto da compadecida e O santo e a porca.

Com 23 anos de história e 12 peças no repertório, os cariocas da Ciclomáticos encarnaram bem o universo nordestino de Ariano Suassuna, afinal de contas, um de seus mais ferrenhos e aguerridos defensores, entre o fazer artístico (em teatro e literatura) e a gestão pública (chegou a ser secretário de Estado da Cultura de Pernambuco).

O componente político também comparece ao texto: quando lembram que o pai de Ariano Suassuna – João Suassuna era então presidente do estado da Paraíba, quando ele nasceu – foi assassinado por razões políticas, completam: “como Chico Mendes, como Marielle Franco”.

Longamente aplaudidos de pé, revelaram estar felizes por voltarem a São Luís – a peça havia sido encenada no próprio TAA no período junino – e tristes pela atual situação do Rio de Janeiro, sob a necropolítica de Wilson Witzel, e do Brasil sob o bolsonarismo.

O grupo vinha do Recife, onde apresentaram Ariano no Festival Recife do Teatro Nacional (dias 16 e 17/11), e de São Sebastião/SP, onde apresentaram Casa Grande e Senzala – Manifesto Musical Brasileiro no Dia da Consciência Negra.

Os Ciclomáticos festejaram a longevidade da Semana do Teatro e desejaram a continuidade do evento. Pela mesma lateral que entraram, saíram, cantando e tocando e recebendo ainda mais aplausos.

Encerramento – A 14ª. Semana do Teatro no Maranhão encerra-se hoje. Às 19h, no Teatro Arthur Azevedo, com encenação de Ensaio sobre a memória, da Pequena Companhia de Teatro (texto e direção de Marcelo Flecha, homenageado desta edição do evento, a partir do conto A outra morte, de Jorge Luis Borges, com Cláudio Marconcine, Jorge Choairy, Tássia Dur e Kátia Lopes), acontece a solenidade de premiação do evento.

Meio século do Duo Cappareli-Gerling é celebrado em São Luís

O Duo Cappareli-Gerling. Foto: Zema Ribeiro
O Duo Cappareli-Gerling. Foto: Zema Ribeiro

 

Professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fredi Gerling (violino) e Cristina Cappareli (piano) – o Duo Cappareli-Gerling – subiram ontem (6) ao palco do Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro) para o primeiro concerto do Encontro de Cordas Friccionadas Leocádio Rayol, que acontece até o dia 8 (sexta-feira), como parte das comemorações pelos 53 anos da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), realização do Departamento de Música com apoio do Departamento de Assuntos Culturais.

O Duo Cappareli-Gerling está em atividade há 50 anos e o concerto em São Luís tinha também caráter comemorativo. Eles se conheceram em 1969, durante um curso de férias da Pro-Arte e realizaram naquele ano sua primeira turnê. Mudaram-se para os Estados Unidos, onde estudaram, e casaram-se em 1973; desde então, o duo realiza concertos ininterruptamente.

São dois senhores elegantes. Ele fica mais à frente ao violino, é quem interage com o público e dá informações sobre títulos e autores das peças executadas; ela, mais por detrás, ao piano, sempre atenta aos sinais, com um auxiliar, por vezes atrapalhado, virando a partitura antes da hora – a determinada altura, ela chegou a voltar a página (depois se entenderam e ele não tornou a errar).

Gerling aperta o violino entre a clavícula e uma intermediária de queixo e bochecha e estica a mão esquerda até a coxa, abrindo os dedos e voltando a empunhar o braço do violino, até tocá-lo com o arco – de que em determinada altura da apresentação arrebentou um dos pelos da crina, o que não interferiu na execução das peças seguintes. Como se os instrumentos fossem extensões de seus corpos, demonstram entrega absoluta a cada execução.

O concerto foi aberto com o Desafio, do pernambucano Marlos Nobre (nome lembrado por Turíbio Santos e João Pedro Borges em concertos no Festival Internacional de Violão de São Luís), seguida da 5ª. Sonata de Camargo Guarnieri. “Ele foi professor da Cristina e há 50 anos estava na plateia em nosso primeiro recital; achamos por bem homenageá-lo neste concerto comemorativo”, revelou Gerling.

O próprio Gerling, no início, antecipou tratar-se de um concerto para todas as idades: crianças, jovens e idosos, como a plateia diversa de ontem. Diverso também, e didático, foi o conteúdo do concerto, que durou exatamente uma hora. Antes de terminarem com Clair de lune, de Debussy, executaram uma Valsa de esquina, de Francisco Mignone. Para risos da plateia, ele discorreu, não nessa ordem: “nessa peça Debussy tenta retratar em música o clarão da lua”; e antes: “o Mignone retratou bem aquele ambiente boêmio do Rio, a Cinelândia, é uma música agitada, para mostrar os boêmios com seus chopinhos”.

Terminaram a apresentação aplaudidos de pé – e a plateia não era formada apenas por iniciados. Voltaram para novos aplausos. Sorrindo e sem perder a elegância, ele respondeu ao pedido de “mais uma”: “essas duas já foram o bis”.

O Encontro de Cordas Friccionadas Leocádio Rayol acontece até amanhã (8), com atividades no Casarão Azul/Ufma, Palacete Gentil Braga (Dac/Ufma) e Teatro Arthur Azevedo. A programação é gratuita.

Irmão de Antonio Rayol, Leocádio Rayol era considerado, em 1894, “o maior violinista brasileiro”, conforme o Pe. João Mohana em A grande música do Maranhão, cujo Inventário do Acervo João Mohana registra também, de sua autoria, uma missa a três vozes. A propósito, o Arquivo Público do Maranhão (Apem, Rua de Nazaré, 218, Centro) lança hoje (7), às 16h, o Acervo Digital João Mohana, com o conjunto de partituras colecionadas pelo pesquisador ao longo da vida.

Acontece hoje (29) última sessão de show de Zeca Baleiro para crianças

Foto: Zema Ribeiro
Foto: Zema Ribeiro

 

Zoró Zureta é um espetáculo comovente. Um show para crianças de todas as idades, com o perdão do clichê. Reúne canções dos dois álbuns infantis – que dão nome ao show – de Zeca Baleiro, numa apresentação interativa, entre parlendas, trava-línguas e preferências no universo das histórias infantis.

Ainda em São Luís, antes de se mudar para São Paulo e ganhar o merecido reconhecimento nacional, o cantor e compositor começou a carreira compondo para trilhas de teatro infantil. Zoró Zureta é, portanto, uma volta às origens.

Quando se tornou pai, Baleiro não ninava os dois filhos com cantigas tradicionais. Compunha suas próprias cantigas, a partir de observações, por vezes poéticas, dos próprios filhos.

“Uma vez a gente estava viajando e no avião meu filho apontou: “olha, pai, uma árvore de nuvem”. Era uma nuvem em forma de árvore, mas ele viu de um modo poético. Aliás, a única fase em que as pessoas podem ser malucas sem correr o risco de internação é na infância”, disse o artista em entrevista coletiva, quinta-feira passada.

A música infantil produzida por Baleiro irmana-se em conteúdo e qualidade às experiências de artistas como Adriana Partimpim (a Adriana Calcanhotto para crianças), o grupo Pequeno Cidadão (que reúne pais e filhos artistas, entre nomes como Arnaldo Antunes, Edgar Scandurra e Taciana Barros), Palavra Cantada (Paulo Tatit e Sandra Peres) e a “música de brinquedo” do Pato Fu.

Alguns dos citados, no entanto, não necessariamente compõem para crianças, mas dão uma roupagem infantil a um repertório consagrado, casos, particularmente de Partimpim e Pato Fu – estes últimos tocam um repertório que vai de Tim Maia a Roberto Carlos, passando por Ritchie e Queen, entre muitos outros, com instrumentos de brinquedo.

“O problema da música produzida para crianças, em geral, é tratar as crianças como seres desprovidos de inteligência, débeis mentais”, afirmou Zeca Baleiro, que cita entre suas preferências na produção musical para a petizada discos como Vila Sésamo (trilha sonora do programa televisivo), Os Saltimbancos (versões de Chico Buarque para músicas do argentino Luis Enriquez Bacalov e do italiano Sergio Bardotti) e Arca de Noé (composições de Vinicius de Moraes), “eu sou antigo”, diverte-se.

A música de Baleiro passeia entre bichos esquisitos – tema de Zoró, primeiro álbum infantil de sua carreira –, brincadeiras, e temas menos infantis, como a questão ambiental (tema de Pula canguru, que “quer ir pro Tibete/ pra virar guru”, mas acaba virando gari para ajudar a limpar “este mundo imundo”), além de personagens – Coitado do lobo mau homenageia “um personagem por quem eu tenho muito carinho; ele é malvado, mas sempre se dá mal no fim das histórias”, revelou.

Com pouco mais de uma hora, Zoró Zureta tem coreografias, algumas músicas são executadas com a exibição dos videoclipes e um capricho cênico-visual: quando vai cantar A filha do ogro, ele senta-se numa poltrona, toma nas mãos um livro enorme em cuja capa se lê “Histórias que a vovó contava” e é cercado pelas vocalistas com quem divide o espetáculo; quando cantam Girafa rastafári usam toucas com as cores da bandeira jamaicana e dreadlocks postiços.

Três das vocalistas – Simone Julian (flauta, flautim e saxofone), Tata Fernandes (percussão) e Vange Milliet (percussão) – cantaram com Itamar Assumpção, o que aproxima a experiência de Zoró Zureta de Zeca Baleiro (violão e contrabaixo) da Vanguarda Paulista, sua sonoridade algo próxima de discos como os três volumes de Bicho de sete cabeças (1993), do autoapelidado Nego Dito. A banda se completa com Nô Stopa (vocal e percussão), Pedro Cunha (teclado, sanfona e programações) e Rogério Delayon (violão, guitarra, contrabaixo, bandolim e cavaquinho).

Parte da renda de Zoró Zureta será revertida em favor do projeto Canhoteiro, desenvolvido pelo Instituto de Estudos Sociais e Terapias Integrativas (Iesti), que trabalha a inclusão social de crianças e jovens por meio do esporte, na Vila Tamer, região do Araçagy, em São Luís. Zeca Baleiro é padrinho do projeto, que leva o nome de um pouco conhecido jogador de futebol maranhense, a quem ele já dedicou música (em parceria com Fagner, Fausto Nilo e Celso Borges). A quarta e última sessão do espetáculo, apresentado desde ontem (28) no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro), acontece hoje (29), às 18h.

Adriana Calcanhotto gravará dvd em São Luís

Foto: Zema Ribeiro
Foto: Zema Ribeiro

 

Tudo remete ao mar em Margem, show que Adriana Calcanhotto apresentou ontem (7), no Teatro Arthur Azevedo, em São Luís. Do cenário, um grande pano azul pendurado, fazendo às vezes de uma grande onda, a uma espécie de grande echarpe que lhe cobria o vestido preto, remetendo a uma rede de pesca – durante o show ela se desfaria de parte dela.

Margem, o novo disco, encerra a trilogia marítima de Adriana Calcanhotto, iniciada com Maritmo (1998) e continuada com Maré (2008).

Um roadie espalhafatoso, trajando uma espécie de capa amarela e gorro vermelho, lembra um personagem de filme litorâneo estrelado por Ricardo Darín. Ele entra e sai de cena a servir Adriana Calcanhotto do violão com que toca algumas músicas e instigando a plateia a acompanhar determinadas músicas batendo palmas ritmadas.

Além das nove faixas de Margem, em cerca de hora e 15 minutos de show, a gaúcha (que muita gente pensa ser carioca), repassou ainda grandes êxitos de sua carreira, como Devolva-me (Renato Barros/ Lilian Knapp), Vambora (Adriana Calcanhotto), Esquadros (Adriana Calcanhotto), Mais feliz (Dé Palmeira/ Bebel Gilberto/ Cazuza) e Quem vem pra beira do mar (Dorival Caymmi). Também exaltou o Chico Buarque de Futuros amantes.

Quando cantou Maritmo, apresentou a banda, borrifando-lhes um líquido. Enquanto eles tocavam incidentalmente Bananeira (João Donato/ Gilberto Gil), ela prestou as devidas reverências a grandes brasileiros de saudosa memória: “evoé, João Gilberto! Evoé, Marielle Franco! Evoé, Anderson [Gomes]! Evoé, Ferreira Gullar!”. E disparou, borrifando o líquido na plateia: “salvemos a Amazônia!”. Foi bastante aplaudida.

Nem os pequenos deslizes ao cantar a letra de O príncipe das marés (Péricles Cavalcanti) afastou o show do status de sublime: som e luz perfeitos, a banda irretocável, três quartos da Tono, com que Jorge Mautner gravou Não há abismo em que o Brasil caiba (2019): Bem Gil (guitarra), Bruno di Lullo (contrabaixo) e Rafael Rocha (bateria, percussão, percussão eletrônica e kazoo), “o bico doce”, como a cantora se referiu a ele, dada a qualidade de seus assovios.

O espetáculo atesta por que Adriana Calcanhotto nasceu grande ao estrear em disco com Enguiço em 1990 e consegue se manter entre os grandes da música popular brasileira quase 30 anos depois. Exuberante.

Antes de terminar, um anúncio pegou a plateia de surpresa: a cantora gostou tanto da energia ludovicense que voltará para gravar o dvd ao vivo de Margem no Teatro Arthur Azevedo. A previsão é que o novo show aconteça em dezembro.

Amor ao mar

Margem. Capa. Reprodução
Margem. Capa. Reprodução

 

Adriana Calcanhotto aparece mergulhada num mar de lixo – plástico, sobretudo garrafas pet – na capa de Margem (2019), disco que encerra sua trilogia “do mar” – iniciada com Maritmo (1998) e continuada em Maré (2008).

O disco dialoga com os demais dedicados ao mar – que comparece a sete das nove faixas –, entre ondas de amor, compositores de sua predileção e repertório autoral, escoltada por banda base formada por Rafael Rocha (bateria, percussão e bases eletrônicas), Bruno di Lullo (contrabaixo e synth) e Bem Gil (guitarra, guitarra acústica, violão, tres cubano, flauta).

Os ilhéus (Antonio Cicero e Zé Miguel Wisnik) provoca uma reflexão sobre certa desesperança com o futuro que paira no Brasil que devasta a Amazônia impunemente: “uma onda pode vir do céu/ imponderável como as nuvens/ e cair no dia feito um véu/ ou a tampa de um ataúde/ e nada impede que se afundem/ neo-Atlântidas e arranha-céus/ ou que nossas cidades-luzes/ submersas se tornem mausoléus”, diz a letra.

Dessa vez (Adriana Calcanhotto) e Era pra ser (Adriana Calcanhotto) têm ecos do conterrâneo Lupicínio Rodrigues, a cujo repertório a cantora dedicou Loucura (2015).

Um dos destaques do álbum, Tua (Adriana Calcanhotto) é séria candidata a hit radiofônico, algo corriqueiro para a gaúcha, desde que lançou Enguiço (1990) e ganhou os dials brasileiros com Naquela estação (Caetano Veloso/ João Donato/ Ronaldo Bastos). A música passeia por referências e autorreferências: os versos “dentro da noite voraz” e “dentro da noite feroz” ecoam o Dentro da noite veloz de Ferreira Gullar, tornado verso de Vambora, faixa de Maritmo. O “breu das noites brancas de hotel” ecoa o Caetano Veloso de Noite de hotel. “Dentro da noite fulgás” lembra a parceria dos irmãos Marina Lima e Antonio Cicero. A faixa tem reforço da guitarra portuguesa de Ricardo Parreira e do flugel e trompete de Diogo Gomes.

Ogunté (Adriana Calcanhotto) dialoga com o candomblé, homenageando o orixá-título e Iemanjá/Odoyá, denunciando os flagelos da migração, da ostentação e do consumo desenfreado (de petróleo, mas não só). O funk Meu bonde (Adriana Calcanhotto) encerra o disco dialogando diretamente com Remix século XX (Adriana Calcanhotto), faixa de Público (2000), e Pista de dança (Adriana Calcanhotto e Wally Salomão), faixa de Maritmo.

Serviço

Reprodução
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Adriana Calcanhotto apresenta o show Margem em São Luís neste sábado (7), às 21h, no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro). Os ingressos custam entre R$ 80,00 e R$ 160,00, à venda na bilheteria do teatro e no site Ingresso Digital. A produção é de Moraes Jr.

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Ouça Margem:

Em nome dos mineiros

Foto: Zema Ribeiro
Foto: Zema Ribeiro

 

O mineiro Toninho Horta subiu ao palco do Teatro Arthur Azevedo com um papel na mão, que colocou sobre a mesa onde já repousava um copo d’água, com as bordas cobertas por um guardanapo.

Sentou-se, empunhou o violão e agradeceu por estar ali, “em nome dos mineiros, Lô Borges, Beto Guedes, Bituca, é muito bom estar aqui, abrindo a 11ª. edição do Lençóis Jazz e Blues Festival, num tempo em que é grande a representatividade da música instrumental brasileira lá fora”, apontou.

Revezando-se entre temas cantados e instrumentais, começou o show com Durango Kid (parceria dele com Fernando Brant), gravada por Milton Nascimento na década de 1970. Em Aqui ó (da mesma dupla) citou o tambor de crioula, elogiando a grandeza da cultura popular do Maranhão.

Seguiram-se Igreja do Pilar, dedicada a Ouro Preto, e Meu amor infindo,  homenagem a mãe, falecida em 2013. “Ela foi a primeira a reconhecer meu talento, tocava bandolim na banda ​​de meu avô”, lembrou.

Ainda sozinho ao violão tocou Ville kids friends, que compôs durante um curso que ele ministrou na Escandinávia. Em seguida convidou Marcelo Carvalho para assumir um dos dois teclados dispostos no palco. Com ele tocou Waiting for Angela.

Na sequência, somam-se ao duo Israel Costa (violão), anunciado como guitarrista, e Renato Serra (teclado). O quarteto toca Diana (outra parceria com Fernando Brant), sucesso do Boca Livre. “Se tiver alguma Diana na plateia, peço desculpa, mas essa música foi feita para uma cachorrinha. Já que Manuel era um jipe”, lembrou, fazendo a plateia rir, antecipando outro hit que não faltaria ao set list.

Leonel Almeida (contrabaixo) e Ronald Nascimento (bateria) acabaram de completar o grupo enquanto Toninho Horta troca o violão pela guitarra. Atacam de Voo dos urubus, com Horta a princípio tocando de costas para a plateia, a reger o grupo. Depois é a vez de Summertime (Ira e George Gershwin), “já que a gente está num festival de jazz e blues”.

A banda sai e Horta torna ao violão. Presta uma homenagem a João Gilberto. Lembra que influenciado pelo baiano fez uma música aos 13 anos, O barquinho vem, “embora mineiro não tenha mar”, brincou. Canta Desafinado (Tom Jobim e Newton Mendonça), acompanhado pelo coral da plateia.

Ao elogiar novamente o Teatro Arthur Azevedo, lembra-se do dia em que foi ao Carnegie hall ver a Filarmônica de Viena regida por Leonard Bernstein. “Eu fiquei no sétimo ou oitavo andar, vendo os músicos lá embaixo. Esse Teatro Arthur Azevedo não brinca em serviço”, afirmou, antes de tocar um tema de Henry Mancini.

A banda volta e Toninho Horta troca o violão pela guitarra no meio da música, enquanto cita Josias Sobrinho, Nosly e Papete. Lembrou-se de Leandro Gomes, “meu primeiro produtor em São Luís na década de 1980, há quase 40 anos. Essa eu dedico aos grandes talentos do Maranhão”, oferece antes de tocar Beijo partido.

Já em clima de bis, mandou Manuel, o audaz (mais uma parceria com Fernando Brant), para delírio da plateia. E agradeceu: “Quero saudar o Tutuca”, o produtor já havia tentado trazê-lo em outras edições do festival. “Minas agradece vocês pelo bom gosto. Esse estado é um país”, finalizou.

Serviço

O 11º. Lençóis Jazz e Blues Festival acontece dias 16 e 17 de agosto (Circuito São Luís, Concha Acústica Reinaldo Faray, Lago da Jansen); e dias 23, 24 e 25 de agosto (Circuito Barreirinhas, Av. Beira-Rio). Entre os destaques da programação – acesse completa – estão Paula Santoro, Trio Corrente, Bebê Kramer, Zé Paulo Becker (com participação especial de Roberta Sá), Blues Etílicos, Afrôs, Mahmundi, Gildomar Marinho, Elizeu Cardoso, Quarteto Buriti (com participações especiais de Gabriela Marques, Célia Maria e Milena Mendonça), Dani Black, Rita Benneditto e Wilson Zara (que encerra a programação com seu tradicional Tributo a Raul Seixas).

Buscas e reflexões

Reprodução
Reprodução

 

Em determinada altura do espetáculo, já não sabemos se Orlando é homem ou mulher. E isto pouco importa. Uma das facetas desta peça do repertório do Grupo Expressões Humanas, de Fortaleza/CE, é justamente fazer o espectador se perguntar onde mora, onde guarda seu preconceito.

Três atores em cena e um músico (ou eu deveria dizer quatro atores?) – Juliana Veras, Marina Brito e Murilo Ramos, mais Zéis –, um cenário enxuto, com cabides com roupas que serão usadas ao longo do espetáculo – e oito figurantes, previamente escolhidos pela produção. Acompanhamos a jornada da protagonista, do protagonista, em busca dos sentidos da vida, da arte, do amor. Do sexo.

O espetáculo é baseado em Orlando: uma biografia, de Virginia Woolf, que se inspirou parcialmente na vida íntima de Vita Sackville-West, amante da escritora. O texto já teve também adaptação cinematográfica. Esta, de fôlego (são cerca de duas horas de espetáculo), em cartaz em São Luís de ontem (6) a amanhã (8), sempre às 20h, no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro), leva assinatura de Rafael Barbosa e Herê Aquino, que a dirige.

A trilha sonora é um espetáculo à parte, acompanhando as viagens da quixotesca personagem, nascida homem na Inglaterra, acordada mulher na Turquia, atravessando mais de três séculos, com elementos do barroco, da música medieval, pitadas de canto gregoriano e ecos de vanguarda paulista.

Orlando tem ares de comédia, sobretudo quando o grupo tira sarro com a arte contemporânea, experimental, e com o seu próprio fazer artístico e a própria circulação, patrocinada pelo Programa Petrobras Distribuidora de Cultura – aprovada ainda antes dos sistemáticos ataques e cortes do governo neofascista de Jair Bolsonaro.

Para rir (para não chorar) e pensar, como tem sido sempre necessário, num Brasil novamente respirando ares militares.

Serviço:

Divulgação
Divulgação

O Brasil na lama: um retrato

Foto: Marla Batalha

 

Uma peça é uma peça é uma peça. Caranguejo Overdrive, de Pedro Kosovski, encenada pela companhia carioca Aquela Cia. de Teatro, com direção de Marco André Nunes, é uma peça impactante. Por vários motivos, a começar pelos caranguejos para além do título – também há areia e lama –, a princípio em uma gaiola, depois interagindo com os sete atores em cena.

Vi a peça em São Paulo, em março do ano passado, e poderia dizer tratar-se da mesma peça, antenadíssima com o atual momento político vivido no Brasil – naquela ocasião já trazia à cena o assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido poucos dias antes. Agora acompanha a tragédia brasileira até o governo Bolsonaro.

Com um power trio em cena fazendo ao vivo a trilha sonora do espetáculo, evocando a memória e grandeza de Chico Science, Caranguejo Overdrive conta a história de Cosme, ex-catador de caranguejos num mangue aterrado que vai à Guerra do Paraguai, nas fileiras do exército brasileiro. Quando volta, ajuda a explicar o falso patriotismo que rege o atual governo militar/izado. “Éramos uma multidão de famintos, analfabetos, sem disciplina”, diz ele, já sem saber se é homem ou caranguejo, ave, Josué de Castro!

Cosme tem distúrbios mentais, decorrentes da violência aprendida no campo de batalha e da fome. O Rio de Janeiro não é mais o mesmo, é um resumo do Brasil: não há mais mangue, aterrado, não há mais alimento para os miseráveis, que têm que se contentar com excrementos, até a inanição e a consequente morte.

O ex-combatente é um deles, que tem que sucumbir a constantes e vexatórias abordagens policiais, um estranho em sua própria pátria. Através de sua figura e de uma prostituta, personagens comuns em zonas portuárias, Caranguejo Overdrive perpassa a história do Brasil a partir do que de mais ridículo e caricato há em cada governante, desde Getúlio Vargas, passando pelos militares até os eleitos após a redemocratização, chegando novamente ao militar, com a prostituta que serve de guia ao homem-quase-caranguejo, cujo fio de humanidade aos poucos se esvai. Ela narra diversos episódios em espanhol – foi arrancada violentamente do Paraguai natal.

Caranguejo Overdrive ironiza ainda a eterna insuficiência de recursos para a área cultural, agravada no presente governo com a extinção do Ministério da Cultura – a circulação da peça, que se encerra em São Luís, após passar por Belém e Teresina, é apresentada por um genérico Ministério da Cidadania, com patrocínio da Petrobras.

O texto debate temas que parecem ser eternos no Brasil, apesar de muita gente fingir acreditar que a corrupção é uma invenção recente no país. Uma miríade de assuntos que torna a peça atual e necessária: obras superfaturadas e inacabadas, megaprojetos sem discussão e planejamento necessários, remoções forçadas de populações, violência urbana, saúde mental, ausência do Estado.

Para quem não está dando conta de acompanhar as notícias do hospício nacional, uma curiosidade: o tempo todo, ao longo de hora e meia de espetáculo, há sempre pelo menos duas ações se desenrolando simultaneamente no palco, o que convida o espectador a um processo de edição (“a memória é uma ilha”, ave , Wally Salomão!): só assim se pode tentar dar conta do Brasil.

Serviço

Caranguejo Overdrive tem última sessão hoje (6), às 20h, no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro). Somente 100 ingressos – a plateia assiste ao espetáculo no palco do teatro, disposta em meia lua. Os ingressos custam R$ 10,00 (R$ 5,00 meia) e podem ser adquiridos na bilheteria do teatro uma hora antes da apresentação.