greatest b-sides de efraim medina reyes

[primeira classe, jp turismo, jornal pequeno, ontem]

Charmosa violência compõe os poemas em prosa – tiros certeiros – de “Pistoleiros/putas e dementes”.

por Zema Ribeiro *

Efraim Medina Reyes é um escritor colombiano que ligou o foda-se para as belas letras e está cagando para as tradições literárias, os cânones, os imortais, onde quer que eles estejam: na literatura, na música, no cinema.

Assim chega ao Brasil seu “Pistoleiros/Putas e Dementes – Greatest Hits[Garamond, 2006, R$ 22,00], em tradução de Maria Alzira Brum Lemos. Poemas ligeiros – não só por serem curtos, mas pela velocidade que a leitura parece exigir, além da vontade/urgência despertada no leitor de saber o que segue, logo ali adiante – em prosa, proesia violenta, sôfrega, embriagada, sincera. Um direto na boca do estômago: ânimo, moçada! Uma injeção de.

Como um Joca Reiners Terron estrangeiro, Medina é homem de ótimos títulos (e conteúdos idem): no Brasil já foram publicados (pela Planeta) “Era uma vez o amor mas tive que matá-lo” e “Técnicas de masturbação entre Batman e Robin”.

Ele se apresenta: “Os editores dizem que poemas são mau negócio e devemos acreditar nisso; eles, os editores, vivem de vender livros. Não me refiro apenas aos editores colombianos, é a mesma coisa em outros países. No entanto, continuam-se a escrever poemas (muito mais que qualquer outro gênero literário), e todos os dias milhares de poetas publicam um livrinho (ainda que pago do próprio bolso) e aparecem nos eventos literários, livrinho na mão, à caça de possíveis leitores. A verdade é que me interessa pouquíssimo se vender poemas é bom ou mau negócio; trancado naquele quarto calorento onde comecei a escrevê-los, não pensava nisso, não pensava em nada… só em frear a angústia implacável e a vontade de morrer”. Medina é um loser. Mas sabe perder com classe, e não sem lutar.

Certamente o momento mais bonito do livro é “Um tal Ciro”, texto em prosa que o encerra, dedicado a um amigo morto – fisicamente, diga-se. Como afirma o próprio Medina ainda na apresentação do livro: “Os poemas não evitam guerras nem curam a gripe, mas ajudam a suportá-las”. Certeiro.

* correspondente para o Maranhão do site Overmundo, escreve no blogue http://zemaribeiro.blogspot.com

11 respostas para “greatest b-sides de efraim medina reyes”

  1. texto massa esse teu, zema. eu que não sou fã do colombiano nem acho q é um joca terron de lá, fiquei com uma pulga atrás dos óculos e uma vontade de sacar esse livro. se der, dá o toque aqui do lance da cult.:***

  2. Discordo em gênero, número e grau com o que você diz no primeiro parágrafo da resenha que você faz de um dos livros do Efraim. Precisamente por conhecer e transitar bem pelas “altas letras” é que ele foi e é capaz de subvertê-las. O “foda-se” que ele liga é bem consciente e é isso que o faz ser um grande escritor da literatura contemporânea latino-americana.

  3. juleal: todo o direito de discordar. você leu o texto todo? eu não disse que efraim conhece ou desconhece as “altas” letras. disse apenas que ligou o foda-se para elas. numa coisa, ao menos, concordamos: efraim é um grande escritor da literatura contemporânea latino-americano. abração!

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