Quatro itinerários “etilíricos” ludovicenses

[mais um texto “pra nota”, em Laboratório de Mídia Impressa III, ministrada pelo mestre Marcos Fábio]

O cronista não pretende esgotar as paisagens com balcões em curta crônica. Mas apresenta de forma rasteira, quatro lugares freqüentados por ele, ótimas opções para uma cerveja gelada e um bom papo. E apresenta, de quebra, seus tira-gostos.

O Batista (proprietário da “quitanda” homônima, batizada com o nome do dono) não se deixa fotografar. Importante point do secular bairro do Desterro, a casa chama a atenção de quem passa com o monte de baldes pendurados na porta e é reconhecida por suas cachaças temperadas. Todo o “pé-direito” (se é que assim podemos falar) é recoberto por garrafas de cachaça. Nos rótulos, a data da mistura da “mardita” com o tempero – aroeira, cravinho, canela, murici, capim-limão, genipapo, mel, casca de laranja, boldo, imbiriba etc. – e a data do preparo. Sessenta centavos e alguns segundos, cada dose. De brinde, um punhado de amendoins ou camarão seco.

Descendo as ladeiras – moleza para bêbados – chegamos à Praia Grande. Base da Faustina, na Praça do Seresteiro, que ninguém chama mais assim. Boêmios de plantão, este cronista um deles, rebatizaram o logradouro na confluência das ruas do Giz e João Gualberto e Beco da Alfândega como Praça da Faustina, que Cesar Teixeira tão bem cantou em “Faustina, Mona Lisa da Praia Grande”, samba seu, inédito. Especialidade da casa, o delicioso peixe-frito custa apenas cinco reais.

De lá partimos para o Renascença, onde nos aguarda o decano Bar do Bigode. Apesar do falecimento (em fevereiro de 2004) do senhor que batizava o local, João José toca o negócio adiante. É sábado e uma roda de amigos se reúne para conversar temas os mais variados: política, futebol, música, literatura, amenidades em geral. O proprietário senta-se com os presentes e birita junto deles, é filho de Deus também. Tira-gosto: assado na brasa, com farinha.

Só a sua pomposa coleção de “música”, entre cd’s, vinis e cassetes, já garantiria ao Bar do Léo (Hortomercado do Vinhais), lugar de destaque em qualquer “antologia etílica” mundo afora. A fama de ranzinza de Leonildo Martins, proprietário da “Academia Musical”, é outra peculiaridade do bar: “todo barzinho tem a cara do dono”, diria o compositor Gildomar Marinho, que, em Fortaleza/CE, administrou por quase dez anos o Pertinho do Céu, bar universitário que levou vários maranhenses para um intercâmbio musical pela capital cearense. Placas, na entrada, advertem (nós nos divertimos): “não fazemos música ao vivo” (pra quê, com um vasto repertório desses?) e “não é permitido dançar”. Destaque também para a deliciosa tripinha de porco frita. A melhor da ilha, por apenas oito reais.

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