Rodeado de amizades, Elizeu Cardoso celebra hoje 30 anos de ilha

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Elizeu Cardoso é engraçado. Quem acompanha suas postagens nas redes sociais tem uma pequena amostra de sua capacidade de rir, às vezes de si mesmo, e de fazer rir. É contagiante. Mas lê-lo nas telas não chega nem perto de privar de sua amizade e ouvir seus causos diretamente dele.

Posso dizer que tenho o privilégio de sua amizade e mais – não é à toa que ele chama a minha mãe também de mãe, testemunha de tantas rodas de prosa, violão e conversa fiada regada pelas delícias que ela prepara e cerveja gelada.

Cantor, compositor, escritor, professor, webradialista e sei lá quantas outras credenciais lhe assentam feito carapuça, Elizeu Cardoso completa, neste 2024, 30 anos de ilha, desde que chegou, menino vindo de Pinheiro, o violão debaixo do braço, a passagem por alguns festivais onde começou a bordar sua história, o estudo de Geografia na Universidade Federal do Maranhão, orgulho de pai, mãe e incontáveis irmãos.

Como é de seu feitio, a Festança (certamente mistura de festa e sustança) com que celebra a efeméride acontece hoje (24), a partir das 19h30, no Miolo Café Bar (Av. Litorânea, 100, Calhau), reunindo uma constelação de craques da música popular brasileira produzida no Maranhão, pequena parte de um círculo de amizades que Elizeu Cardoso vem amealhando com seu talento, simpatia e reciprocidade.

Elizeu Cardoso (voz e violão) estará acompanhado por João Simas (violão e guitarra) e Dark Brandão (bateria e percussão). A divulgação do show anuncia as participações especiais de Aziz Jr., Chico Nô, Chico Saldanha (autor da toada “Arco-Íris”, single mais recente do pinheirense), Daffé, Helyne, Josias Sobrinho, Klícia, Santacruz, Tiago Máci e Tutuca Viana, mas sua alma (negra) agregadora certamente fará chegar gente que não está no convite.

Citei várias credenciais de Elizeu Cardoso e afirmo: esbanja talento em tudo o que faz por não fazer nada de qualquer jeito. A Festança de hoje poderia ser só um encontro de amigos em um bar para tocar, beber e trocar abraços – e em certa medida é. Mas acompanho os bastidores há pelo menos um mês, sua preocupação com cada detalhe, confirma quem vai, chama fotógrafo, isso, aquilo e aquilo outro. Ele é puro capricho e zelo.

Eu poderia passar um bom tempo enaltecendo as qualidades de Elizeu Cardoso – e são muitas. Já escrevi aqui e acolá sobre sua literatura. Mas quero ater-me à música, esta faceta que ele escolheu para celebrar suas três décadas de ilha – “do Boqueirão pra lá tudo é diferente”, costuma repetir.

Quem primeiro me chamou a atenção para a qualidade de suas composições foi o amigo e parceiro comum Gildomar Marinho. Antes de conhecer a figura, conheci a obra e fui tomado por sua beleza, por uma construção que alinha as ancestralidades africanas impregnadas em nossa formação sociocultural – exacerbada em Elizeu –, indo de temas românticos, homenagem à cidade natal até questões sociais e geopolíticas.

Um artista raro, de talento nato, que tem muito a nos oferecer, em uma época em que carecemos tanto de beleza e delicadeza. Para quem porventura ainda não conhece, a Festança de hoje é um bom começo.

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