É HOJE!

Todo mundo lá, hein? Abaixo, o que saiu no JP de hoje.

POESIA (ATÉ) PARA QUEM (NÃO) GOSTA DE POESIA

Celso Borges lança hoje Belle Epoque, seu terceiro trabalho no formato livro-disco. Poeta será acompanhado em show pela banda Restos Inúteis.

POR ZEMA RIBEIRO
ESPECIAL PARA O JORNAL PEQUENO


[Belle Epoque. Capa. Reprodução]

Belle Epoque [2010, Pitomba/ Guarnicê] é o livro-disco mais amargo de Celso Borges, mas “sem perder a ternura”, como pregava o revolucionário.

Não por acaso está ali, em epígrafe, um trecho da Aproximação do terror, de Murilo Mendes: “A grande Babilônia ergue o corpo de dólares. Ruído surdo, o tempo oco a tombar… a espiral das gerações cresce”, doce amargura.

Não é de hoje que o maranhense ousa e transgride, sua poesia não podendo simplesmente ser escrita ou digitada numa folha em branco e ponto.

A obra, urbana, composta ainda em São Paulo, ele há seis meses de volta à São Luís natal, já não mais se impregnará do provincianismo daqueles de quem tira sarro.

Como em Discurso de posse (e vocês já sabem do que Celso Borges está falando): “Enquanto um deles lê o discurso no papelpapiro/ e os demais ouvem de orelha em pé/ uma traça rosnarói a medalha pendurada/ no lado esquerdo do fardão (…)”. Ou em Missa de sétimo dia: “rimas ralas, paralelas e entortadas, decassílabos, redondilhas ilhadas, alexandrinos déja vu, chaves de prata, de ouro, sextetos, sonetos caducos e sonolentos, versos de pé quebrado (…)”


[O poeta em uma das edições do Londrix. Foto: Carllos Boselli]

O poeta brada contra a sociedade consumista e apressada, sedenta de beleza fabricada a qualquer custo e de acumular mais dinheiro idem. Por vezes sem tempo para a poesia, mais preocupados com o BBB e outros modismos, cíclicos ou não – “antigamente não tinha big brother brasil”, diz em A saudade tem seus dias contados.

Os poemas de Belle Epoque, fortes, diretos, certeiros, terão roupagem rock no lançamento do livro-disco: a banda Restos Inúteis (nome tirado de um poema do livro, dedicado ao poeta Marcelo Montenegro) acompanhará Celso Borges em cerca de 15 textos que ele irá dizer-ler-gritar-cantar após a sessão de autógrafos, hoje (4), às 19h, no Cine Praia Grande (Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, Praia Grande).

O grupo é formado por André Grolli (bateria), André Lucap (violão e programação visual), Bruno Azevedo (contrabaixo) e Reuben da Cunha Rocha (guitarra) – este assina o prefácioNÃO de Belle Epoque.

O disco Quase, encartado no livro, é outro sarro do autor de XXI (2000) e Música (2006). Enquanto a sociedade dessa “epoque nada belle” deseja, produz e consome (não necessariamente nessa ordem) o barulho vazio, o poeta precede de silêncios o Finalmente que declama.

Poesia é algo misto de sério, inútil e divertido. Aos quase 51, Celso Borges, “dores de cabeça de estimação desde os 20/ gastrite aos 22/ hepatite b aos 24/ (…)/ artrose no dedo mindinho direito aos 47/ plástica de válvula mitral aos 48/ poesia desde os 17” (Belle Epoque 2 – Auto-retrato) está em forma.

SERVIÇO

O quê: noite de autógrafos e show de lançamento do livro-disco de poemas Belle Epoque, do poeta Celso Borges.
Quem: Celso Borges e a banda Restos Inúteis.
Onde: Cine Praia Grande (Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, Praia Grande).
Quando: hoje (4), às 19h.
Quanto: show grátis. O livro-disco custa R$ 30,00.
Realização: Pegada Produções.
Maiores informações: (98) 3227-0079, 8179-1113, cbpoema@uol.com.br

3 respostas para “É HOJE!”

diga lá! não precisa concordar com o blogue. comentários grosseiros e/ou anônimos serão apagados