2010: O ANO BALEIRO

Zeca Baleiro lança dois discos, dois livros, realiza programa de rádio na internet e estreia espetáculo infantil em pacote que comemora 13 anos de carreira

POR ZEMA RIBEIRO
DA REDAÇÃO


[Baleiro em Concerto, o show. Foto: divulgação]

Fugindo das efemérides das datas redondas, o maranhense Zeca Baleiro ousa mais uma vez: lançou, mês passado, dois discos: Concerto, gravado ao vivo com apenas três músicos – ele próprio (voz e violões), Swami Jr. (violão de sete cordas e vocais) e Tuco Marcondes (violão, guitarra, bandolim, gaita e vocal) – e Trilhas – Música para cinema e dança, coletânea de trilhas sonoras que tem composto para cinema e balés.

Os lançamentos integram o pacote com que Zeca Baleiro comemorará os 13 anos de carreira, em 2010, considerado por ele o “ano Baleiro”. Além dos discos, o cantor e compositor vem apresentando desde abril o programa Biotônico, quinzenal, na Rádio Uol, ao lado dos amigos Celso Borges, poeta e jornalista, e Otávio Rodrigues, jornalista e dj. Ainda este ano serão lançados Bala na Agulha (Reflexões de boteco, pasteis de memória e outras frituras) e Vida é um Souvenir made in Hong Kong – Livro de Canções. Artista workaholic, as comemorações dos 13 anos de carreira incluem ainda a estreia do espetáculo infantil Quem tem medo de Curupira? O pacote tem o singelo título Vocês vão ter que me engolir.

“Havia vários projetos que estavam guardados na gaveta e com a chegada dos 13 anos de carreira, nesse ano de 2010, achei que esse seria um bom pretexto pra fazer disso uma pequena celebração. Não tenho um grande fetiche por números mas o número 13 é um número que me atrai, assim como o número 17. Como eu não gostaria de esperar até os 17 anos de carreira, eu já resolvi fazer agora”, explica Baleiro ao ser indagado sobre o porquê de lançar tanta coisa ao mesmo tempo.


[Concerto. Capa. Reprodução]

Concerto – Ele explica ainda que o show e o disco nasceram da vontade que ele tinha de fazer um show basicamente de violões. “Juntei dois músicos que eu admiro muito, que eu gosto bastante, são músicos de técnicas declaradamente de origens diferentes, mas que têm afinidades”.

Aparecem em menor número as composições autorais em Concerto: A depender de mim, Canção pra ninar um neguim (regravação da homenagem a Michael Jackson já lançada por Renato Braz), Milonga del mejor (parceria com Vanessa Bumagny), Armário (bem humorada sobre o universo gay), Bangalô (parceria com Vander Lee em que brincam com palavras estrangeiras) e a faixa-bônus, gravada ao vivo em estúdio Mais um dia cinza em São Paulo.

As demais faixas são regravações, que bem traduzem suas influências e preferências: entre outras, Autonomia (Cartola), “a mais bela melodia dele”, Eu não matei Joana D’Arc (Marcelo Nova e Gustavo Mullem), “clássico do punk rock brasuca em versão medieval”, Respire fundo (Walter Franco), “escolhida entre tantas composições geniais de sua lavra”, Tem francesa no morro (Assis Valente), “com nuances de afrobeat e gospel”, e Best of you (Foo Fighters), “quando ouvi este rock melodioso e pesado logo imaginei uma versão mais acústica e suave”, entre aspas as opiniões e observações de Baleiro sobre suas escolhas.

Concerto foi gravado ao vivo no Teatro Fecap, em São Paulo, após test-drives em Belém/PA e Recife/PE. Na capital paulista o espetáculo permaneceu em cartaz por três semanas consecutivas. O show chega à São Luís no próximo dia 8 de outubro, com hora, local e valor dos ingressos a confirmar.


[Trilhas – Músicas para cinema e dança. Capa. Reprodução]

TrilhasTrilhas – Música para cinema e dança funciona (e assim deve ser) como uma coletânea de raridades. Parte do que se ouve no disco não tinha registro e outras o tinham em discos de tiragem limitada. Das 12 faixas, quatro são instrumentais. Apenas Cunhataiporã (Geraldo Espíndola) não leva a assinatura de Baleiro.

O público poderá ouvir trechos das trilhas de dois filmes e três espetáculos: Flores para os mortos (1999), dirigido por Joel Yamaji, Carmo (2008), dirigido por Murilo Pasta, Mãe gentil (2000), Cubo (2005), do grupo Lúdicadança, e Geraldas e avencas (2007), do Grupo 1º. Ato.

“Eu sempre tive um interesse muito grande por trilhas, tanto como ouvinte como fazedor. Eu comecei fazendo trilhas para espetáculos infantis, diversas montagens, ainda em São Luís do Maranhão”, lembra Zeca Baleiro. Tanto as faixas de Trilhas quanto as de Concerto mostram toda a versatilidade, seja enquanto compositor, intérprete ou arranjador.

Os livros de Zeca Baleiro devem ser lançados ainda este mês: o de canções sai pela Editora da Universidade Federal de Goiás, com ilustrações do artista Roger Mello, em tiragem limitada. A designer Andréa Pedro, há um bom tempo responsável pelo tratamento visual do trabalho do autor de À flor da pele, assina o projeto gráfico do pacote Vocês vão ter que me engolir.

[O Debate, ontem]

3 respostas para “2010: O ANO BALEIRO”

diga lá! não precisa concordar com o blogue. comentários grosseiros e/ou anônimos serão apagados