Wilson Marques autografa novo livro infantil hoje

Arte e manhas do jabuti. Capa. Reprodução

 

O novo livro de Wilson Marques já começa com um trocadilho: em Arte e manhas do jabuti [Autêntica, 2017, 47 p.] ele reescreve seis contos tendo o quelônio como protagonista, todos já recolhidos anteriormente pela tradição oral de diversas culturas.

O maranhense remonta ao trabalho de folcloristas importantes como Câmara Cascudo e Silvio Romero, centrando forças na cultura tenetehara, dos indígenas guajajara, habitantes da Amazônia maranhense.

Se antes de escrita a palavra (já) era dita, as “arte e manhas” do título podem ser lidas como “artimanhas”: o jabuti sempre vence, numa demonstração de que mais vale a paciência e a esperteza, que a força e a velocidade.

É um livro infantil, mas é impossível não pensarmos em metáforas políticas, no momento conturbado por que passa o Brasil. O jabuti é o povo, os governantes são seus adversários, raposas e tubarões cujo desejo é unicamente perpetuar-se no poder em busca da manutenção de privilégios (para si mesmos).

Não é um manual infantil da espécie “como se dar bem”, mas também leva a refletir que os mais fracos, os oprimidos (as minorias, para seguirmos na metáfora política) também merecem vez e voz.

“Jabuti trepado ou foi enchente ou foi mão de gente”, diz o dito popular, prisma por que também podemos observar o alçar de figuras nefastas a postos-chaves de nossa selva republicana.

Em seis contos, Wilson Marques passeia por histórias mais e menos conhecidas, como a festa no céu e a corrida do jabuti, aqui com um veado – na versão mais conhecida a aposta é com um coelho (ou lebre).

Este é um grande trunfo: com modificações aqui e acolá, o autor preserva a essência dos contos, acrescentando-lhes novos detalhes e personagens, isto é, dando seu toque pessoal a histórias seculares.

O livro é ilustrado por Taisa Borges e tem apresentação de Marco Haurélio, com quem Wilson Marques divide a autoria de Contos e lendas da terra do sol. Texto e imagem dialogam em mais um prazeroso exercício de atrair a gurizada para o hoje tão menosprezado prazer de ler, missão que o autor assumiu para si já há algum tempo, através de Touchê, seu personagem mais famoso, com que agora, tem percorrido municípios do interior, com uma caravana literária e teatral.

Arte e manhas do jabuti tem apoio cultural do Sesc e é publicado pela mineira Autêntica, dois selos de qualidade que atestam a da obra de Wilson Marques que ora temos em mãos. O primeiro, responsável pelo recente lançamento de João, o menino cantador, biografia-mirim de João do Vale (1934-1996) escrita pela jornalista Andréa Oliveira; a segunda, pela recolocação do monumental Campos de Carvalho (1916-1998) em circulação.

Em tempo, não esqueçamos que jabuti é o bicho que dá nome a um dos mais importantes prêmios literários do Brasil.

Serviço

Wilson Marques autografa Arte e manhas do jabuti hoje, a partir das 18h, na livraria Leitura (São Luís Shopping), com apresentação do grupo Xama Teatro.

2 respostas para “Wilson Marques autografa novo livro infantil hoje”

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