Olha a Pitomba! Leia a Pitomba!!!

Os bróders Bruno Azevêdo, Celso Borges e Reuben da Cunha Rocha editam a revista Pitomba, cujo segundo número será lançado hoje, às 19h, no Bar do Porto (Praia Grande), com entrada franca (a revista será vendida por R$ 5,00).

Aos editores (os dois primeiros estarão no lançamento, Reuben está em SP), que assinam quadrinhos, poemas, traduções e manifestos, juntam-se bons nomes como Marilia de la Roche (fotos), Rafael Rosa (quadrinhos), Flávio Reis (artigo), Luís Inácio, Micheliny Verunschk, Carlos Loria, Tazio Zambi e Dyl Pires (poemas), entre outros.

Este blogue fica bastante contente com a chegada do segundo número da Pitomba às paradas e lhe deseja vida longa!

Há tempos com a revista em mãos, eu já devia ter escrito algo sobre. Voltaremos a ela, que motivos não faltam. Por enquanto, deixo vocês com o material de divulgação que recebi por e-mail. Roam!:

Mais no Overmundo.

As letras voaram

Sobre A palavra voando, ontem (12), 21h, Cine Ímpar (sede do Jornal O Imparcial)

“Todo mundo que se veste com a roupa da utopia/ sofre tanto, sofre muito/ Eu estava nu e não sabia/ Eu e minha namorada/ eu nu e ela nua/ vestidos de utopia/ fomos passear na rua/ tropeço, tombo fatal/ meio fio, meia lua/ baque lindo”.

Os versos de Utopia (Chico César) são os únicos cantados por Celso Borges em A palavra voando, espetáculo poético-musical que apresenta ao lado de Beto Ehongue, vocalista/letrista das bandas Negoka’apor e Canelas Preta – com esta última o poeta se apresentará em agosto, detalhes acá em breve.

Celso Borges, vestido de utopia, desnudou letras de música de suas melodias, as letras, poesia, como a querer responder a um dos grandes dilemas da humanidade, pergunta que ecoa, sample bem humorado, na abertura e no encerramento do espetáculo de cerca de uma hora.

A palavra voa e ecoa por universos distintos, os de Caetano, Gil, Chicos Buarque, César e Maranhão, Torquato Neto, Paulinho da Viola, Vitor Ramil, Milton Nascimento, Zé Ramalho, Lula Cortes, Alceu Valença, Zeca Baleiro, Josias Sobrinho, Sérgio Natureza, Sérgio Sampaio, Raul Seixas – “sem Paulo Coelho”, frisa Celso Borges ao dizer Ouro de tolo em base de samba – entre outros, além de seu mundo próprio, por exemplo trechos do poema Matadouro: “quase nada do boi é do boi/ quase tudo do boi é do homem/ e o que é do homem o bicho não come”.

Beto Ehongue, sentado em frente a um(a) laptoparafernália eletrônica, usa um engraçado óculos escuro e balança as pernas ininterruptamente, como se marcasse os não poucos ritmos que tira de seus equipamentos. As trilhas inventadas por ele ruminam os poemas-ex-letras tornando-lhes outra coisa que ainda não sei o que é: música? Poesia? Outras músicas? Outros poemas? As (letras de) músicas transformando-se em poemas?

É um espetáculo performático em que as palavras voam, alcançando lugares inimaginados. Celso Borges e sua sombra deslocam-se pelo palco e telão. Ecos reverberam propositalmente. A palavra palavra, a sombra da palavra, a sombra do poeta, a asa da palavra, palavra não para fazer literatura, mas para um show de literatura, uma literatura particular. Um show de poesia. E uma poesia de show!

Ecoam em minha cabeça os versos lidos-ditos-cantados pelo poeta em A palavra voando. Letra de música é poesia? Para mim a resposta sempre foi/é/será “depende”. As letras de músicas e trechos usados por Celso Borges no espetáculo são letras e poemas ou ambos, “sim”, a depender da leituraudição que cada um faz delas/deles. Devemos nos fazer, pois, algumas perguntas: toda letra de música é poesia? Toda letra de música é letra de música? Todo poema é poema? Aí a resposta sempre será “não”.

Um ano de Biotônico, hoje

 

Os cérebros do Biotônico

O rádio vai à tv. Modo de dizer: tudo na internet. Hoje (5) os brothers Celso Borges, Otávio Rodrigues e Zeca Baleiro (em ordem alfabética e fotográfica) apresentarão ao vivo dos estúdios da TV Uol o Biotônico, “o seu programa de rádio na rede”, como apregoa um dos slogans/vinhetas do programa “de branco, de índio e de preto”.

A transmissão tem início às 17h. É o 32º. programa do trio webradialista. O Biotônico vai ao ar quinzenalmente e nesta edição serão apresentados duas listas pra lá de nickhornbianas: as 10 melhores cantoras de óculos de todos os tempos e as 10 letras mais bizarras. Mas só se vendouvindo pode crer: com certeza tem muita surpresa pra você!

Música, poesia, curiosidades, bate-papo, descontração e inteligência: é a fórmula do Biotônico. Ouça! E hoje, em especial, veja! A quem não puder assistir no horário da transmissão, a edição de aniversário será gravada e como todas as outras do programa ficará disponível para audições posteriores.

“Gerô e Nunes do Acordeom

tão lá em cima
tão com Deus fazendo um som”.

Gerô e Nunes do Acordeom ‘tão também na letra da música nova da Negoka’apor, cujo videoclipe você assiste abaixo.

Agendinha de Beto Ehongue, vocalista do grupo, em projetos paralelos: dia 12, às 20h, no Espaço Ímpar (Jornal O Imparcial, Rua Assis Chateaubriand, nº. 1, Renascença), com o poeta Celso Borges, no show A palavra voando, recentemente apresentado por eles nos três Centros Culturais Banco do Nordeste (mais detalhes por aqui em breve); e dia 14, com os Canelas Preta (sic, grupo do qual também é vocalista) às 22h no Odeon Sabor & Arte (Rua da Palma, Praia Grande).

Os ingressos custam R$ 20,00 para ambas as apresentações.

A palavra voando nos CCBNBs

“Leve um boi e um homem a um matadouro. Aquele que berrar mais é o homem, mesmo que seja o boi”.

O autor da frase acima, o piauiense Torquato Neto, é um dos letristas revisitados pelo poeta Celso Borges no espetáculo A palavra voando, em que divide o palco com o músico, compositor e DJ Beto Ehongue, vocalista e letrista das bandas Negoka’apor e Canelas Preta (sic).

Além do jornalista de Geleia Geral, Borges e Ehongue revisitam nomes como Caetano Veloso, Capinam, Chico Buarque, Alceu Valença, Raul Seixas, Ronaldo Bastos, Josias Sobrinho, Vitor Ramil e Gilberto Gil, entre outros. 20 letras de música compõem o show, onde as letras ficam entre o lido e o cantado por Borges, renovadas por loops criados por Ehongue, autor da trilha nervosa de Reverso, premiado curta de Francisco Colombo.

As releituras vão além da discussão “letra de música é poesia?”: Celso Borges privilegia o discurso poético, seja qual for o suporte, seus livros, livros-discos, shows, vídeos, rádio, internet etc.

A palavra voando terá três apresentações, uma em cada Centro Cultural Banco do Nordeste, conforme arte abaixo. De graça!

Esse cara é massa!

CELSO BORGES*
ESPECIAL PARA ESTE HUMILDE BLOGUE

Xico Sá (foto) tá em São Luís. E isso não é pouco. É difícil a gente encontrar um profissional do nível dele, que combina bom texto + humanismo + ironia + 1 dose de pinga + Waldick Soriano na vitrola + Dom Quixote no coração. Esse cabra do Crato (CE) é um craque da palavra. Desses raros que a gente anda atrás pra saber o que anda escrevendo. E não é pouco. Em 26 anos de jornalismo espalhou seu estilo muito pessoal prum mundaréu de jornais e revistas e ganhou os prêmios Esso e Abril. Na TV faz parte da equipe do programa Cartão Verde, da TV Cultura/SP, ao lado do ex-jogador Sócrates.

Além disso, tem parcerias musicais com o grupo Mundo Livre S/A, é coautor de roteiros de longa-metragem, fez pontas como ator em Crime delicado e O cheiro do ralo. Mas quem disse que é só isso? Xico é também um grande escritor. Nem vou citar todos os títulos. Eu já li dois e adorei: Chabadabadá e Caballeros Solitários Rumo ao Sol Poente. A mim resta incitá-los a procurar nas casas do ramo. É provável que não se ache aqui em São Luís. Grande novidade. Alô livreiros, pelo amor à literatura, peçam os títulos de Xico Sá!

Nunca é demais repetir: Xico é um craque da palavra. Só que ao invés de vesti-la com paletó e gravata, vai buscar excelência de linguagem na poeira das ruas. Em lugar de cátedras, mesas de bar. Cita do suicida da esquina que acabou de tomar formicida e se matou por amor ao valente e essencial Nietzsche. Sabe que no balde da vida a sabedoria tá num e noutro. Em lugar de Mahler, Magal, ou melhor, Mahler e Magal. É antológica sua apresentação ao lado de Sidney Magal.

Diferente de intelectuais e jornalistas formados (alguns deformados) dos anos 50 e 100 (sim, eles continuam vivos), Xico também bebe com prazer do lixo pop. No seu caldeirão de referências coloca o que seria incabível para os letrados de araque. Sou fã da coluna que ele escreve sobre futebol na Folha de S. Paulo. Depois de À sombra das chuteiras imortais, de Nelson Rodrigues, eu pensei que nada fosse me comover tanto.

Eu encontrei Xico umas três, quatro vezes, duas delas em lançamentos de livro, mas é como se fôssemos velhos conhecidos. Tasco-lhe sempre um abraço enorme, que é uma forma de expressar a alegria por tê-lo perto dividindo espantos. Dessa vez não será diferente. Pena que não vai dar tempo de levar esse cara pruma rodada dupla do campeonato maranhense no Nhozinho Santos. Logo ele torcedor do Ibis (PE) e do Santos (SP), amante e devoto de peladas homéricas. Salve, irmão! Seja bem-vindo!

*Celso Borges é jornalista e poeta. Seus títulos mais recentes são Belle epoque (2010), Música (2006) e XXI (2000).